As motos de água são “inoportunas e barulhentas”?

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Na sequência da notícia publicada no passado dia 29 de Setembro sobre o porquê de não se poder navegar nas praias da Foz do Arelho, gostaria de fazer uma observação à forma como são referidas as motas de água: “Inoportunas e barulhentas”.
Começando pelo facto de serem referidas como “barulhentas”, todos estes equipamentos náuticos são inspecionados regularmente pelas autoridades competentes que fazem cumprir a legislação em vigor dando especial atenção para a flutuabilidade ruído e poluição. Apesar de “barulhentas”, para serem autorizadas a navegar têm de estar dentro dos limites de ruído legalmente impostos.
Relativamente a serem “inoportunas” ainda mais injusto me parece. Como regular praticante da modalidade posso atestar que em diversas ocasiões estes equipamentos são tudo menos inoportunos. Vejamos alguns casos. No dia 24 de agosto uma família com duas crianças menores estava na ilha quando o barco insuflável em que se deslocavam foi levado pela maré a encher. Uma “inoportuna” mota de água resgatou a embarcação abandonada em frente à escola de vela e devolveu-a ao proprietário. “Inoportuno”? Para quem? Ainda no mesmo dia um rapaz nadou do Bom Sucesso para a Foz e pediu ajuda para que fossemos buscar o pai que ficou do outro lado com medo da corrente. Inoportuno?
Terei todo o gosto em continuar a relatar exemplos deste tipo em que as apelidadas por vos “inoportunas” motas de água foram úteis, mas penso não será necessário.
Relativamente ao incidente de dia 16 de agosto entre pescadores e utilizadores de motas de água, nada teve a ver, como refere a notícia, com a utilização de zonas interditas. O problema que se tinha vindo a arrastar há alguns anos tinha a ver com a utilização da zona do cais. Sendo este o único local para se colocar ou retirar embarcações, alguns pescadores insistiam em não retirar as linhas para permitir estas manobras.
Este problema ficou resolvido com o Edital nº 24/2014 de 19 de agosto que proíbe a pesca naquele local, complementada com a colocação de uma placa com a informação dessa proibição.
Percebo que fazer o jornalismo não sensacionalista e vender jornais é complicado e como leitor regular do vosso jornal, tenho a perceção que estou a ter uma análise cuidada e real do que por esta região se passa. Quero por isso congratular-vos por muitas e muitas páginas de informação que já tive oportunidade de ler. No entanto esta por estar próxima de mim e por não corresponder à realidade, não pude deixar passar sem comentar.

Fernando Manuel Duarte
Clube Náutico da Foz do Arelho

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