Li com apreensão e tristeza na Gazeta das Caldas a carta “Caldas da Rainha capital do graffiti em Portugal“ de um cidadão Inglês reformado, que escolheu as Caldas da Rainha para passar o resto dos seus anos.
Descreve e bem, a inacreditável imagem de vandalismo e destruição da propriedade pública e privada levada a cabo por marginais, que continuam impunes. Assaltam casas e destroem com riscos e palavras obscenas a que chamam graffitis, espalhando por toda a Cidade em particular no Centro Histórico, o medo e a insegurança .
Caldas foi uma cidade bela e acolhedora, agradável para os visitantes, com um parque cuidado, muito comércio, duas praças fartas, pequenas empresas de faianças e olaria, artesanato, doçaria e uma restauração e hotelaria de qualidade .
Hoje nada disto resta. O cartão de visita é um cenário de assalto à cidade por delinquentes que riscam com tintas edifícios públicos e privados e até andares em construção, vandalizados com obscenidades.
Os grafiteiros existem desde o Império Romano e manifestaram-se desde 1970 nos Estados Unidos e Brasil expandindo-se depois pela Europa .
São jovens que utilizam com domínio técnico de pintura, o desenho nas paredes em locais autorizados sem prejudicarem o urbanismo e tendo os conteúdos das imagens mensagens com sentido crítico político e social. Alguns são verdadeiras obras de arte. Nada tem a ver com o que se passa nas Caldas.
Os artistas grafiteiros trabalham à luz do dia e em locais licenciados.
Os marginais têm hábitos duvidosos, riscam e escrevem nas paredes e fogem.
A própria utilização do spray como instrumento de fácil utilização não é comprado certamente por jovens pobres , mas por outros que manifestam as suas frustrações e o seu carácter vandalizando com manifesta impunidade.
A imagem actual da zona antiga das Caldas com inúmeros estabelecimentos comerciais encerrados, degradados e desfigurados com riscos por tudo o que é parede neste tempo difícil de depressão social, económica e política, afasta as pessoas destes locais .
A morte lenta do Hospital Termal, a destruição do Parque e o abandono dos seus Pavilhões e a lenta agonia da Praça da fruta, merecem uma séria e urgente reflexão .
É certo que tem havido empenho na reabilitação de parte da cidade, mas não se entende como foi possível chegar ao triste estado de abandono, desertificação e insegurança da zona histórica que constitui a memória da Cidade.
O movimento de cidadania necessário para restituir às Caldas da Raínha a imagem que bem merece, está nas mãos de todos os Caldenses e em particular das gerações jovens responsáveis, porque num futuro breve e difícil serão eles que vão ter de recuperar a cidade das Termas e da arte de Bordallo e Malhôa.
É nesta altura de crise que é precisa a acção interventiva e firme da Autarquia e das Forças de Segurança, da Associação de Comerciantes, das Juntas de Freguesia e da união dos Caldenses.
Joaquim da Fonseca Esteves
































