José Luiz de Almeida Silva
Quando os problemas estão cada vez mais presentes e à nossa frente, confirmando em larga medidas cenários antecipados há algumas décadas, o mundo volta-se para soluções imediatas tomando decisões de curto prazo, esquecendo pensar o que vai chegar a médio prazo.
A questão é que isto não acontece apenas no nosso retângulo à beira mar plantado, mas é uma tendência que nos chega diariamente, pior, a todos os instantes através das redes sociais e dos media globais, como se não houvesse amanhã e tudo terá de ser decidido hoje, com soluções que agradem a todos, mesmo que sejam inviáveis em próximos tempos.
Vemos isso com toda a dramaticidade nas questões ambientais e das alterações climáticas, cujas consequências se medem no dia a dia, contabilizando milhares de vítimas em consequência direta dos “crimes” ecológicos que cometemos consciente ou mesmo inconscientemente, e que estão mais que identificados pelos cientistas.
Vivemos nestes dias a semana europeia da mobilidade, o dia da Amazónia, Dia Internacional para a Prevenção de Desastres Naturais, o dia de defesa da fauna, o dia sem carros, eu sei lá que mais, como ao longo do ano comemoramos outros dias significativos.
Mas perante tanta indiferença e irresponsabilidade não sei se tudo serve para a desculpabilização de todos nós, mais ou menos responsáveis.
Vivemos mesmo uma feira de propósitos ingénuos ou cínicos, em que a ação dos outros nos desculpam, num suicídio coletivo, em que as vítimas vão caindo, pelas doenças, catástrofes climatéricas, pelas guerras indesculpáveis e sem sentido, sem ninguém assumir a responsabilidade, como se fossem as próprias vítimas os autores e fautores do seu destino.
O debate global que assistimos na ONU é bem um sintoma disto tudo e que parece não ter qualquer sentido que resolva as questões mais urgentes quando não as mais profundas.

































