O Caldas Late Night é uma iniciativa, melhor, um evento cultural, artístico e recreativo, dos alunos da ESAD das Caldas da Rainha, que teve início em 1987, para exporem de forma autónoma e independente os seus trabalhos.
Inicialmente essa exibição era feita nas próprias residências dos estudantes na cidade, que eram abertas para mostrar a forma como viviam e os seus talentos. Esta iniciativa alargava-se à rua e a muitos dos locais que eram frequentados pelos estudantes ao longo do seu ano escolar, atraindo às Caldas alguns milhares de pessoas, entre antigos alunos da ESAD (que voltam ao sítio em que gostaram de viver), alunos de outras escolas de todo o país e muitos pais e outros interessados por esta manifestação artística.
Este ano na sua 19ª edição, e quando se temia que não se realizasse, mostraram uma vez mais a sua perseverança e de forma irónica e provocatória deram-lhe o mote num manifesto aos estudantes que “O Caldas está a morrer”, mas este ano quer morrer de forma digna e ter “uma homenagem merecida”.
E resultou. A cidade foi uma vez mais invadida por um conjunto vasto de actividades, exposições e intervenções artísticas, por vezes algo provocatórias, mas que demonstraram que a sua corrosibilidade é mais saudável do que as das praxes de má memoria (e que tem levado vidas) que se fazem noutros locais.
Zé Povinho identifica-se bastante com esta originalidade da escola de artes caldense e acha que, contra o silêncio dos media oficiais deste país, o passa palavra e as redes sociais fazem muito e trazem anualmente às Caldas da Rainha muita gente, que regressa satisfeita e agradada com o que viu, prometendo voltar no próximo ano.
Estão de parabéns os estudantes da ESAD, desde o seu núcleo dinamizador, bem como todos aqueles que aderiram realizando as suas performances, fossem alunos ou não da escola, pois trouxeram à cidade festa e boa disposição, enchendo as principais ruas durante dois dias.
Existe a ideia feita em Portugal de que todos os construtores conseguem sempre atingir os seus fins, movimentando forças e influências e que o país foi durante muitos anos seu feudo.
Zé Povinho conhece construtores e empreendedores imobiliários honestos e trabalhadores, que lutam diariamente pela sua actividade e fazem construção boa e que agrada ao público em geral e aos seus clientes em particular, não prejudicando o interesse da comunidade.
Mas também há construtores que não são tão proficientes e alguns – o que parece inacreditável! – depois de negociarem com as autarquias e com os outros poderes públicos, se vêem queixar que as condições que assinaram afinal não eram aquelas que tinham sido prometidas.
A polémica entre a autarquia e a empresa Erguigest mostram bem como alguns destes empresários não têm consciência dos negócios em que se comprometem e acabam por acreditar em promessas de esquina. Veja-se esta, que consta de um documento da Erguigest: “a Câmara propôs que se pagasse 10% desse valor, que seria restituído logo que se confirmasse, por deliberação camarária que não havia razão para imputar compensações à empresa”.
Não admira que a empresa venha agora queixar-se amargamente que “confiante nas promessas e certa de que a deliberação só poderia ser essa, a empresa pagou” e depois “não houve qualquer decisão e a Câmara não devolveu o dinheiro”.
Tem alguma razão a Erguigest em dizer que “a única verdade” é que foi ela que financiou a construção do CCC. Mas custa a crer que não tenha descoberto mais cedo, nem que no momento da praça pública não tenha igualmente visto alguns candidatos a picarem os preços para que ela fosse mais longe (na expectativa de novos negócios que estavam prometidos).
Zé Povinho não acredita em milagres e julga que a empresa teve dois azares: não viu as promessas que lhe foram mostradas confirmarem-se e enfrentou a crise económica mundial de 2008 que deitou por terra todas as expectativas.
Mas é esta a vida das empresas e a Erguigest só se pode queixar hoje de si e da sua ingenuidade.
































