O Orçamento e as Grandes Opções do Plano da Câmara Municipal de Caldas da Rainha para 2016 receberam o voto contrário dos Vereadores do PS e do CDS. Este facto merece reflexão, sobretudo num momento em que atingido o meio do mandato, já é possível estabelecer algum balanço daquilo que foi (ou não) realizado pelo executivo. O PSD levou uma vez mais por diante a sua vontade, mas fê-lo com base numa versão inacabada e, como tal, não definitiva, constituída por documentos preparatórios, incompletos, desarticulados, omissos, polvilhados de erros ou gralhas, e, como se não bastasse, entregues com pouca antecedência, o que, obviamente dificulta bastante uma análise prévia mais detalhada e uma posterior discussão profícua. Face a uma previsão orçamental contraída e com uma quebra de receitas estimada em menos 6%, a disponibilidade construtiva das forças políticas da Oposição representadas na Assembleia Municipal, poderia ter contribuído para superar as debilidades patentes e conferir uma maior consistência e eficácia a instrumentos de gestão tão decisivos para o bem comum como os que estavam em apreço. Assim não o entendeu a maioria PSD, cuja reserva menorizadora a levou a subestimar e rejeitar quase todas as propostas e contribuições que lhe foram apresentadas.
É conhecida a malfadada inaptidão, demonstrada ao longo de décadas, desta Autarquia exibir um nível aceitável de planeamento. Este surge transmutado em protelamento, enquanto se vai empurrando para a frente com a barriga, e as prioridades jazem ao som de maviosos assobios para o lado – Arrasta-se, sem fim à vista, a revisão do PDM, o Plano de Pormenor do Centro Histórico, o Plano de Mobilidade e o Plano Estratégico. Igual sina têm a conclusão da 1ª Circular, a ligação a Santa Catarina e a requalificação das entradas na cidade, a Norte e a Nascente, sem falar na degradação acentuada de muitos prédios na malha urbana. As obras, indispensáveis, de beneficiação do Centro de Saúde, são novamente adiadas, assim como diferida fica a perspectiva de construção do edifício teatral, com propósitos de formação e criação para o Teatro da Rainha, uma promessa que vem do anterior mandato, a qual tem transitado de ano para ano, com rúbrica aberta pelo menos desde 2011.
Sobre a Agricultura, nem uma palavra. A necessária reabilitação da Zona Industrial não é contemplada, pondo em causa a captação de investimento e a criação de emprego. O Hospital Termal, cuja reabertura a breve trecho foi bandeira eleitoral, permanecerá encerrado em 2016, sendo certo que ninguém pode garantir com segurança quando voltará a funcionar. Da poluição da Lagoa, em grande parte causada pela reduzida capacidade de tratamento da ETAR, não se cuida nem se quer saber. Enquanto se prepara o aumento da tarifa da água, um bem imprescindível, compraram-se acções da Resioeste com fundos ainda não repostos dos Serviços Municipalizados, debatendo-se os seus trabalhadores com uma situação precária em termos profissionais, sem condições de trabalho adequadas a uma resposta eficiente ao serviço dos munícipes.
Caldas da Rainha tombou, já há algum tempo, num ciclo (que não se quer inelutável) de decadência e declínio, visível naquilo que eram os seus sectores identitários fundamentais – Termalismo, Cerâmica, Comércio e Turismo. Mas não se preocupem, caríssimos leitores que porventura atentem nestas linhas, não há razão para cuidado: a julgar pela catalepsia camarária, é apenas a realidade, essa magana, que se engana!
José Carlos Faria
jcrffaria@gmail.com
































