Foi bonita a festa, pá! O Festival Literário Internacional de Óbidos, o Fólio 2025, terminou no domingo, 19 de outubro, com o dia dedicado à Palestina, como parte do Fólio Mais, conforme noticiado pela Gazeta das Caldas. Um dia que incluiu tanto atividades lúdicas – como a construção de papagaios – quanto momentos de intensa reflexão sobre um povo que há mais de 100 anos resiste ao apartheid e ao genocídio. Poderíamos dissertar longamente sobre “Amanhecer em Gaza”, escuta imersiva do podcast Fumaça que trouxe até Óbidos relatos do cotidiano de palestinianos. Poderíamos também falar da poesia de Shahd Wadi, emocionante. Mas vamos abrir espaço para o historiador britânico-israelita Avi Shlaim.
O acadêmico de 80 anos é uma das vozes com maior autoridade no cenário internacional quando o assunto é Israel-Palestina, e um crítico do sionismo. No dia 11 de outubro, Avi Shlaim foi a atração de uma das mesas mais concorridas do Fólio, sob o tema “O Outro”, com participação do autor britânico William Sieghart e moderação da jornalista Bárbara Reis. Reunimos aqui algumas declarações do professor em Óbidos:
– “Israel já atacou Gaza oito vezes desde 2005.”
– “Os Estados Unidos da América não são cúmplices, são participantes neste genocídio.”
– “Netanyahu é um criminoso de guerra, Trump tem condenação por crime – e o futuro do Médio Oriente está nas mãos destes homens.”
– “Como um estudante de História, não tenho motivos para pensar que desta vez (o cumprimento do cessar-fogo e do acordo de paz) será diferente.”
– “Isto não é um plano de paz. É um masterplan colonial.”
– “A solução dos dois estados não está morta porque nunca nasceu.”
– “Há uma desconexão entre os povos nos países ocidentais e seus governos.”
– “Israel acabará por trilhar o mesmo caminho da África do Sul. Mas ainda não chegou a hora.”
– “O que está faltando em tudo isso são as vozes palestinianas.”
– “Este conflito não começou no 7 de outubro de 2023.”
– “Israel usa apenas força bélica, e força bélica não funciona. A força é o instrumento errado para lidar com conflito político.”
– “A mudança não virá de dentro de Israel, mas, sim, de pressão externa.”
– “Há dois pecados originais em tudo isso:
1) A Declaração Balfour1 e,
2) 1948, a Nakba” (Catástrofe), “perpetrada por Israel, quando mais de 700 mil palestinianos tornaram-se refugiados (expulsos de suas terras) e a Palestina foi eliminada do mapa.”
– “Chegará o dia em que a justiça prevalecerá e os palestinianos terão a liberdade que eles merecem.”
São frases soltas porém facilmente compreensíveis no contexto do genocídio em Gaza, e na escalada da violência do governo israelita em parceria com os invasores de terras na Cisjordânia Ocupada ilegalmente. Muitas destas afirmações já lemos ou ouvimos antes, não são novidade. Mas é imperativo não esquecê-las. O que este professor diz, escreve-se.
Palestina Livre Caldas
* Uma carta de intenções, datada de 2 de novembro de 1917, escrita pelo então secretário do governo britânico para Assuntos Estrangeiros, Arthur James Balfour, e dirigida a Lionel Walter Rothschild, o Barão Rothschild, líder da comunidade judaica no Reino Unido, para ser transmitida à Federação Sionista da Grã-Bretanha. A carta documenta a intenção do governo britânico de facilitar a criação de um país para os judeus na Palestina, caso a Inglaterra conseguisse derrotar o Império Otomano, que, até então, dominava a região. (Fonte: Wikipedia)
































