A ineficaz política caldense

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Não sou caldense, porém, sou casado com uma caldense e, por este motivo, vivo intensamente tudo o que se passa nas Caldas da Rainha. Quando posso visito a cidade, faço compras nos lugares habituais e, como não podia deixar de ser, tomo o pulso das atividades políticas.
Sou um antigo admirador de Francisco Sá Carneiro, porém não consigo identificar-me com o PSD atual. Tanto que, nas eleições anteriores, pedi aos amigos das Caldas da Rainha para votarem no Bloco de Esquerda, pois sabia que o candidato à Câmara era um homem de fibra, honesto, sem vínculos com os podres poderes instituídos, além de possuir cultura e educação acima da média. Eu não voto na cidade, mas, assumi perante todos em quem votaria se pudesse, pelas razões atrás citadas.
Nas próximas eleições o cenário é diferente: pelo PSD não temos Fernando Costa, mas temos um afilhado, fraco, por sinal. Do PS surge um bom e inexperiente rapaz, que vai ser “engolido” pela bem oleada máquina laranja. Do CDS não se esperava outra coisa, mais do mesmo, e fraco. Dos partidos que sobram, creio, que o candidato da CDU pode representar bem a combalida Esquerda.

Como Independente deve apresentar-se Francisco Coutinho, que não conheço pessoalmente, e não sei se é bom candidato devido à sua aproximação ao PSD, por causa dos vícios políticos que possa ter, já que está agarrado a uma Direita francamente caduca. Parece que a professora Teresa Serrenho, que também não conheço, pode ser outra Independente, mas preocupa-me, também, a sua aproximação ao PSD, pois como se sabe, este partido pós – Sá Carneiro não possui nenhum discernimento político, não teve, após o grande líder, outro nome que mostrasse seriedade e amor por Portugal. Os laranjas só têm se preocupado com um “correr atrás de poder, dinheiro e bem-estar pessoal”, eleição após eleição. E o país vem pagando por isso.
Nas juntas de freguesia a pouca vergonha vai continuar. A de Santo Onofre é um covil de desocupados que estão ali apenas a pavonear-se, e nada fazem pela freguesia. A do Pópulo é também improdutiva. Sem motivos para existir. As outras são mais do mesmo, apenas “cabides” partidários e, também, nada representam.
A cidade das Caldas da Rainha está morta. Não existem investimentos substanciais no turismo, na cultura, na educação, na saúde, no ambiente, no desporto, no comércio e na indústria. Os candidatos que os partidos apresentam mostram-me que a única coisa que saberão fazer é depositar uma pá de cal sobre a cidade.
O único partido que não deve apresentar lista própria deve ser o Bloco de Esquerda, pelo simples facto de que não possui liderança. Em 2009, o candidato à Câmara conseguiu juntar a força de centenas de pessoas que fizeram o partido concorrer a todas as juntas de freguesia. Porém, esse candidato, Rui Calisto, vive e trabalha atualmente em Lisboa, não tendo tempo para política. Sem a sua presença o Bloco de Esquerda desmoronou, mas, temos que ser sinceros, Rui Calisto, que é convictamente de Esquerda, não é radical, não é talibã, jamais faria uma política como a que esse partido defende. Ele é um moderador e sabe perfeitamente bem que um país se constrói com ideias e ações, com respeito pelos direitos e também pelos deveres. Quando, recentemente, li um artigo dele, publicado nos jornais das Caldas da Rainha, que mostra claramente que está a desvincular-se da política caldense, confesso que fiquei aborrecido, pois acreditava na possibilidade de se construir um concelho forte, através de um candidato como ele nas próximas autárquicas.
A população das Caldas da Rainha vota por ignorância. Aproximam-se tempos muito difíceis.

António Branco Brandão Filho

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