A importância das termas e do turismo nas Caldas da Rainha

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Há cerca de 70 anos, não só com o auge do desenvolvimento das termas, como também pelo grande número de refugiados da II Grande Guerra que escolheram as Caldas para refúgio, a nossa cidade seria talvez, não só uma das mais cosmopolitas do país, como das mais atractivas e de mais vida.
A tranquilidade, o clima benigno, a mata, o parque e naturalmente as termas e a proximidade de Lisboa faziam dela um paraíso natural. Estávamos na época das termas e estávamos na época em que era bem passear-se alguns dias de repouso e de lazer nas Caldas da Rainha.
Famílias inteiras inclusivamente de regiões afastadas, traziam às Caldas durante o mês de Maio a Setembro, uma vida e uma alegria desusadas. Um bom número de hotéis e de pensões era o apoio valioso e a esse fluxo turístico… alguns ainda se lembrarão do Hotel Rosa, Hotel da Copa, Hotel Madrid e do Hotel Lisbonense (hoje recuperado)… Muitos se lembrarão das belíssimas festas do Casino das Caldas, dos extraordinários concursos hípicos… dos campeonatos de ténis de grande nível…das tardes de cultura no Museu Malhoa e no próprio casino.
Hoje a tranquilidade da cidade já não existe, a mata já ninguém a utiliza, o parque já é pouco utilizado… as belíssimas festas já nem belíssimas nem festas… tudo mudou.
Temos a grande riqueza de estarmos bem perto de praias numa época em que as praias substituíram as termas.
A que assistimos nós nas Caldas?
Tristemente que o parque que foi construído para apoio das termas e apoio importante. Faltando esse apoio, estamos também a matar as termas, o que me parece ser preocupante. Numa época em que a procura turística está mudando as suas motivações e hábitos de férias, o que significa um enriquecimento no nível do conhecimento de desfruto estético, cultural, paisagístico, histórico, etc.. Em que cada vez mais se desperta a consciência ecológica e os desejos de intimidade dos turistas, salve-se o que as Caldas tem de bom, salve-se o parque e a mata. Salve-se a Foz do Arelho, salve-se Salir do Porto, salve-se o espírito de hospitalidade caldense. Tudo isto porque considero a actividade turística de importância fundamental para uma região que vive essencialmente do comércio, cujas indústrias tradicionais não são de molde a satisfazer as necessidades imperiosas de uma cidade e de uma região com um acentuado nível de crescimento. Tudo isto porque penso no possível papel do turismo como indústria motora do desenvolvimento se, inclusivamente se utilizar o prestígio adquirido como instrumento para fomento das exportações. A sociedade caldense tome consciência da importância económica, social, politica, cultural e desportiva do turismo, actividade que pode facilmente ser de importância vital para o bem estar na cidade e na região.

Herculano Elias

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