A economia da partilha sempre existiu na sociedade. A venda, o aluguer, ou arrendamento de equipamentos com pouco uso é comum. Quando passamos pela Nazaré e vemos as pessoas com cartazes a anunciar rooms/chambres/zimmer estamos a olhar para a forma pioneira da economia de partilha.
Contudo, as novas tecnologias permitiram aumentar a escala e o valor económico desta atividade.
As primeiras grandes empresas ligadas à economia da partilha surgiram entre 2008 e 2010 e terá sido uma provável reação à crise económica de 2008 quer na rejeição de uma sociedade ultra consumista quer para responder às dificuldades económicas que se seguiram.
No fundo é possível obter, através da partilha, um maior valor económico ou social de um bem, um espaço ou uma destreza pessoal, que não estão a ser utilizados em pleno. Existem, por todo o mundo, empresas de partilha de casas, carros, bicicletas, barcos, equipamentos diversos, roupa, disponibilidade de tempo ou destreza para prestar determinados serviços (vg passear cães, montar mobílias). Estas empresas geram inúmeros postos de trabalho e valor económico.
Empresas como a UBER ou a Airbnb viram o seu valor de mercado crescer de uma forma avassaladora. A UBER vale mais que qualquer companhia de aluguer de automóveis e a Airbnb vale mais que a maior parte das cadeias de hotéis.
Estas empresas não possuem viaturas nem hotéis nem apartamentos. A Airbnb limita-se a disponibilizar alojamentos de particulares e depois cobra uma taxa ao proprietário e uma taxa a quem utiliza o alojamento. Esta empresa conseguiu disponibilizar no seu site, de 2008 a 2014, o mesmo número de quartos que a cadeia hoteleira Hilton conseguiu atingir em 95 anos de existência.
Muito do emprego ou rendimento económico gerado por este modelo de negócio beneficia indivíduos em situação de desemprego ou subemprego o que traz vantagens óbvias do ponto de vista social e económico.
Neste conceito também se incluem as empresas, organizações ou indivíduos que, sem qualquer remuneração, prestam serviços sociais como distribuir alimentação não utilizada por restaurantes ou roupas usadas a pessoas com dificuldades económicas, ou que disponibilizam o seu tempo para dar apoio a idosos ou pessoas carenciadas. Portugal tem uma longa tradição nesta área, destacando-se as Misericórdias e as IPSS.
No campo do desperdício alimentar existem várias organizações como a Re-Food e o movimento Zero Desperdício, que recolhem refeições ou alimentos (que de outra forma se tornariam resíduos) de restaurantes, supermercados, padarias e pastelarias ou a Fruta Feita, que recolhe a fruta com qualidade, mas sem a aparência necessária para ser comercializada. Estes alimentos são distribuídos a famílias carenciadas.
Ao construir confiança entre indivíduos que, geralmente, não se conhecem, a economia da partilha contribui também para uma sociedade mais aberta e solidária.
A PWC calcula que, em 2013, a economia da partilha valia cerca de 15 biliões de dólares com o potencial para crescer, em 2025, para 335 biliões de dólares tendo em conta a quantidade de bens que são subutilizados e a crescente adesão a este novo modelo de negócio.
No próximo artigo irei dar exemplos de como os municípios poderão promover a sociedade da partilha.
Paulo Lemos
pagulit@gmail.com
































