A banalidade do feio (Parte 2)

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Gazeta das Caldas
Paulo Lemos

Há muitos anos quando discutia o que prever, no PDM das Caldas, relativamente ao triangulo antigo parque de campismo, rotunda da Foz do Arelho e Gronho um vereador local, exasperado com a minha oposição a qualquer forma de construção nesta zona, exclamou que o mal da Lagoa era “canas a mais e betão a menos“. O objetivo era que o PDM contemplasse a possibilidade de construção de moradias do lado da Lagoa ao longo da estrada da Foz.
A vontade de betão na altura era muita. Inclusive chegou a estar previsto um prédio de vários andares no lado oposto ao presente edifício da Junta de Freguesia que não foi autorizado pelo Ministério do Ambiente.
Felizmente esta proposta não passou mas, passados tantos anos, começo a concordar com a parte das canas a mais.
De facto a ideia que eu defendia, e que ficou no PDM, era de que esta zona deveria ser requalificada mediante um planos especifico.
Entretanto algumas ideias foram apresentadas (inclusive por mim) mas, até agora, pouco foi feito para valorizar esta zona ( antes pelo contrário como se pode ler no meu artigo anterior).
Um projeto de requalificação deverá prever vários tipos de utilização como estacionamento, bares e restaurantes apoio a atividades náuticas.
Um centro de interpretação deveria ser previsto como um local destinado a acolher os visitantes e a dar informação sobre as diferentes actividades disponíveis na Lagoa, história, fauna e flora, percursos. Poderia servir igualmente para vender produtos e artesanato local substituindo o actual centro que funciona em precárias condições na entrada do antigo parque de campismo.
Para bares e restaurantes deveria ser recuperada a antiga zona das “docas” mas possibilitando também a existência de vários restaurantes que funcionassem como factor de atração.
No Verão o caos vigora no estacionamento na Lagoa/Foz, especialmente aos fins de semana.
Criar um espaço alternativo para estacionar é uma forma de diminuir esse caos e de tornar mais atrativa uma deslocação å praia sem que seja necessário estar a correr para chegar antes das 10 da manhã se se quiser encontrar um espaço decente e dentro da lei para estacionar.
A criação deste espaço alternativo implica o reforço das ligações gratuitas para a praia. Esta ligação não seria necessariamente disponibilizada através de mais autocarros mas podia ser feita por meios menos poluentes como pequenos comboio elétricos.
O funcionamento do parque e das respectivas ligações poderiam ser custeados pela cobrança de estacionamento nas zonas mais próximas da praia. Um tempo gratuito deveria ser previsto para possibilitar aos utentes deixarem idosos, crianças e o material de praia.
Esta área deveria ser ordenada, com espaços verdes zonas pedonais e apoios a actividades náuticas.
Esta requalificação criaria uma nova centralidade na região capaz de atrair mais visitantes em todas as estações do ano e, no Verão, funcionar igualmente como alternativa quando o habitual nevoeiro ou vento tornam pouco atrativa a estadia na praia.

Paulo Lemos
pagulit@gmail.com

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