Na ESAD das Caldas da Rainha o ano letivo terminou para alguns estudantes e para outros ainda está a terminar – por ainda haver avaliações ou por ser difícil dividir a vida que se iniciou na Escola com a vida anterior a essa iniciação. Os professores que acompanham estes jovens no processo de aprendizagem estão familiarizados com o momento em que se percebe a transformação, ou passagem, para a idade adulta. Os estudantes das licenciaturas que concluem agora o seu percurso merecem uma atenção nova a esse tempo de passagem: ninguém se lembra de sentir o tempo a escorregar como agora, nem de sentir as suas alegrias e dores tão intensamente como agora. O tempo fora do(s) seu(s) lugar(es) transformou a Escola.
Em março do ano passado, inesperadamente e sem treino, o ensino e a aprendizagem mudaram de lugar até ao fim do semestre. No regresso ao espaço da Escola, em setembro, o primeiro semestre do terceiro ano construiu-se sobre as experiências anteriores, e com a energia e vontade de refazer o lugar de cada um, no mundo e com o mundo. Em dezembro, os projetos mudaram novamente de lugar, até abril deste ano. Regressando ao lugar por que ansiaram e queriam que fosse o seu, os estudantes que agora terminam o curso sentiram o tempo como um tornado arbitrário: se para um corpo em movimento o tempo passa mais lentamente do que para um corpo em repouso, como passará o tempo para um corpo que se sente suspenso?
O último ano foi muito duro com os jovens que precisam de explorar o mundo e ter tempo para escolher como – a Escola é um lugar privilegiado para esta descoberta e teve de adaptar-se, mantendo-se esse lugar.
Neste tempo, de que ainda não temos a medida emocional, mas que se conta como seis semestres letivos, os estudantes da ESAD das Caldas da Rainha mantiveram firme a vontade de reclamar o lugar que lhes pertence no espaço físico da Escola e do mundo. Até hoje, pudemos acompanhar os modos de sentir e de lidar com as transformações abruptas nas condições da realidade, na forma de filmes, performances, objetos, histórias, ou outras, em que nos falam de viagens interiores e para o exterior, da podridão da situação e da sua graça, de desistir e recomeçar e da vontade de sentir o ar, das suas emoções e desejos, pensamentos e crenças. Nestes tempos de tantos lugares, os estudantes do terceiro ano das licenciaturas metamorfosearam-se em adultos.
Entre maio e junho, estudantes e professores juntaram-se para mostrar o que a Escola pode, e quem a habita sentiu uma renovação da sua vitalidade e alegria. No passado sábado inaugurou uma exposição fora da Escola, no Centro de Artes das Caldas da Rainha e na galeria NovaOgiva, em Óbidos: Dancer – Danger, sobre Movimento, Emoção e Imaginação, dos finalistas de Artes Plásticas, com curadoria e mediação dos seus colegas do 2º e 1º anos do curso de Produção e Programação Cultural. É uma exposição em 4 salas, que devemos visitar até 26 de setembro, pela sua qualidade e por encontrarmos pelo menos 46 formas para a questão de quanto tempo duram seis semestres?
5. Seis semestres
- publicidade -
































