José Luiz de Almeida Silva
Visitei há dias o Centro Interpretativo “Os Murais de Almada nas Gares Marítimas”, na gare de Alcântara, num percurso muito interessante englobando a vida criativa de Almada Negreiros como a narrativa do papel desempenhado no século XX pelas gares de Lisboa, juntando aquela à da Rocha Conde de Óbidos.
Percorrer a vida e obra do pintor num contexto do século passado, juntando a sua criatividade e sede de liberdade, conjugada com um pacto difícil com os ditames do regime de Salazar, é uma experiência rica. Mas aquele centro permite perceber o papel das gares na II Grande Guerra como entreposto de gente que fugia e chegava do nazismo, como na década de 60 nas ligações das tropas portuguesas que iam e vinham da Guerra Colonial. Para além do conteúdo do Centro Interpretativo, a visita aos painéis em ambas as Gares, constitui o acompanhamento crítico da trajetória dos portugueses no século XX em que, como se afirma no roteiro, “Almada escolhera pintar não os supostos heróis celebrados pela ditadura do Estado Novo, mas as figuras mais pobres dos marinheiros, a população comum e o quotidiano da vida ribeirinha de Lisboa”.
Mas a visita a esta exposição que ficou permanente em Lisboa, fez-nos recordar o que poderia ser um desafio inteligente e criativo, da criação nas Caldas de um prometido Centro Interpretativo da Revolta do 16 de Março do RI5, a que se juntaria com bastante vantagem e oportunidade, como se percebe neste Centro em Lisboa, a história das Caldas da Rainha como centro recetor de refugiados em várias épocas no século XX, desde os Bohers, passando pelos espanhóis que fugiam à Guerra Civil de Espanha ou os da I e II Grande Guerra. Em tempo de guerras próximas e de muitos refugiados é um tema que serviria para todos meditarmos e mostrar a generosidade dos caldenses para com os perseguidos.

































