A partir de textos da RTP (Telejornal) e de recortes de imprensa (Diário Popular, Avante!, Flama e Século Ilustrado), António Luís Marinho organiza, de Janeiro a Dezembro, a memória do ano de 1961 em Portugal.
Neste ano aconteceu de tudo um pouco: guerra em Angola, invasão de Goa, Damão e Diu, golpe de Botelho Moniz, assalto ao navio Santa Maria, desvio de um avião da TAP por Palma Inácio e golpe militar em Beja com morte de Filipe da Fonseca, subsecretário de Estado do Exército.
O Mundo mudava mas Salazar em Portugal tudo fazia para que a Sociedade ficasse na mesma. Em África tornaram-se independentes entre 1960 e 1961 muitos países, entre eles: Camarões, Togo, Senegal, Madagáscar, Somália, Congo (belga), Benim, Níger, Burkina Faso, Costa do Marfim, Chade, Congo (francês), Gabão, Mali, Nigéria, Mauritânia e Serra Leoa.
O Benfica venceu em 1961 a Taça dos Campeões Europeus (3-2 ao Barcelona) com esta equipa: Costa Pereira. Mário João, Neto, Germano, Ângelo, Cruz, José Augusto, Águas, Santana, Coluna e Cavém. Os jornais de época não puderam dar a notícia de José
Dias Coelho, o escultor assassinado pela PIDE em 1961 numa rua de Alcântara mas José Afonso viria a lembrar mais tarde em «A morte saiu à rua num dia assim».
O autor do livro não se limita a percorrer textos da TV e dos jornais no ano de 1961. Cita Miguel Torga mas de modo insólito, absurdo e inesperado os seus textos aparecem alterados pelo chamado acordo ortográfico: «atua» e «tática» são duas pérolas. Por fim uma citação de Ruy Belo que dá o toque do tempo e do lugar: «É triste ir pela vida como quem / regressa e entrar humildemente por engano / pela morte dentro.»
(Editora: Temas e Debates / Círculo de Leitores, Foto: Martim Dornelas)
































