«O Varandim seguido de Ocaso em Carvangel» de Mário de Carvalho

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Este é o 24º título de Mário de Carvalho (n. 1944) que se estreou em 1981 com «Contos da Sétima Esfera» e tem publicado em diversas áreas: romance, conto, novela, teatro e infanto-juvenil. O volume integra duas novelas de diferente respiração: «O Varandim» tem 72 páginas e «Ocaso em Carvangel» ocupa 136. Trata-se do seu primeiro título nesta Editora.
Em «O Varandim» há uma cidade bela e acidentada, Svidânia, onde a moeda corrente se chama tálere e o grupo de anarquistas («são homens como os outros») é condenado à forca ficando a cidade cheia de «tropa, jornalistas, vivandeiras e outros forasteiros». A geografia do grão-ducado refere o Lago de Läusig mas, se o cenário é inventado, os conflitos são verdadeiros e «acontecimentos raros e extraordinários são propícios à reflexão». Zoltan aluga o varandim para ganhar dinheiro com a morte dos anarquistas mas o seu prémio vai ser a destruição da casa e a morte dos filhos pois os barris de cimento eram, afinal, de pólvora.
Em «Ocaso em Carvangel» temos de novo uma metáfora dos tempos actuais embora as personagens vivem um tempo antigo: «O porto era ruim, a cidade periférica, o comprimento do istmo desanimador, a maçada das viagens devastadora». Há uma cidade na qual os habitantes esperam a chegada de um navio com o nome de «Maria Speranza» e mesmo sem perceber se existe um grão-ducado ou um reino, todos os dias se enfrentam a vida e a morte, o amor e o ódio, o poder e a solidão, o bem e o mal. Nas duas histórias bem urdidas e com muita moral dentro não falta o humor de Mário de Carvalho – aqui Merkel é nome de um sargento.
(Editora: Porto Editora, Capa: Elisabete Gomes)

José do Carmo Francisco

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