
A Fundação começa a ser pensada a partir da ideia de defender a língua Portuguesa e os escritores cujos livros não estão disponíveis porque ninguém os publica: «Gaspar Simões, Casais Monteiro, Branquinho da Fonseca, Marmelo e Silva, Alberto Serpa, Saul Dias, Carlos Malheiro Dias, Miguéis, Irene Lisboa, Maria Judite de Carvalho, Namora, Redol». Mais tarde se percebe que a Fundação não é possível: «a língua hoje está na televisão, nos SMS, no Twitter. Sound bites. Os livros são irrelevantes, são para a elite e a elite é irrelevante». O escritor Falcão escreve no seu Blog: «No tempo do Salazar eram os areópagos internacionais, nestes tempos de calote fixamo-nos nas agências de rating. Reina a falta de rigor, o mais ou menos, o aproximadamente, o tanto faz». E conclui: «As pessoas queixam-se do IVA e do IRS mas há em Portugal um imposto bem mais sinistro, o imposto da espera».
Esta é também uma história de palavras. Seja o neopalavreado («positivo, proactivo, transparente, aprofundado, empenhado e sustentável») seja o jantar onde um ministro distribui palavras e expressões como «alavancar, arregaçar as mangas, determinação e sucesso». Sem esquecer uma homenagem a Eça de Queirós com os protagonistas a passearem pelo Largo Camões, Rua da Misericórdia, São Pedro de Alcântara, D. Pedro V, Príncipe Real, Rua da Escola Politécnica. Tudo porque um encontro privado no Connecticut pode passar ao domínio público em Lisboa.
(Editora: Dom Quixote, Capa: Rui Garrido sobre imagem de Julião Sarmento)
José do Carmo
Francisco
































