
Pintor e crítico de arte, eclético e sonhador, este autor foi também jornalista: «alcancei por mero acaso a área do poder transitando do Jornal do Fundão para um jornal da tarde, o Diário de Lisboa. Foi um bom tempo de aprendizagem, sob a vista afiada do Vítor Silva Tavares e do escritor José Cardos Pires». As mudanças no mundo da Arte do século XX dão origem a um comentário: «Nunca a arte sofreu tão profundas e consequentes mudanças. Claro que não é difícil apontar causas de ordem tecnológica e técnica, o advento da fotografia, o cinema, imperativos sociológicos e culturais». A memória da guerra está também presente: «estivera nessa guerras sem nome e sem préstimo, pelas picadas de Angola, logo no início do pesadelo em 61, ouvindo os estalos das balas cortando o ar por cima das cabeças e vendo no pó, na orla dos ataques, o medo dos meus colegas traduzido pela linguagem das rajadas de disparos em resposta, cada pontaria ao caso para dentro da floresta, cabrões a romper as gargantas, insultos inúteis de quem nos mobilizava durante vinte minutos contra a margem terrosa do capim». Voltando ao princípio, um desafio: «A obra de arte é um espaço do desejo, da comunicação e da revolta» – disse o autor num papel para os alunos nas Belas Artes.
(Editora: Edita-me, Capa: Miguel Ministro, Revisão: Patrícia Figueiredo)
José do Carmo Francisco
«Coincidências Voluntárias» de Rocha de Sousa
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