CONSELHO DA CIDADE

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Por uma utilização racional do Parque D. Carlos I
Para quem nos últimos dias tem passeado pelo parque D. Carlos I e sobretudo na zona do parque de merendas, junto à entrada do lado da Quinta da Boneca, tem notado que andam a decorrer ali trabalhos de instalação de barreiras de madeira. Esses trabalhos estão integrados nos festejos da Feira do Cavalo a decorrer de 16 a 18 de maio.
O Conselho da Cidade não pretende entrar aqui na polémica sobre ser a favor ou contra os espetáculos tauromáquicos. O que pretende é apenas debruçar-se sobre o que se segue.
As obras consistem na abertura de buracos com alguma profundidade, junto de troncos de árvores com mais de 100 anos, sendo nalguns casos abertos, fechados e reabertos em vários sítios em volta da mesma árvore.
Muitos desses buracos também estão a ser abertos nas valetas calcetadas que fazem a drenagem das águas superficiais.
Outros ainda estão a ser abertos em taludes onde estão plantadas palmeiras, taludes revestidos com musgos, fetos e fungos de alguma longevidade.
Proceder-se-á ainda à instalação de bancadas para cerca de 1000 espectadores e durante os vários dias decorrerão sempre largadas de toiros, fora as restantes atividades relacionadas com a ‘festa’.
É evidente o prejuízo que os buracos estão a fazer ao ferir as raízes das árvores centenárias. Prejuízos que não são recuperáveis. E os ramos que se quebram? E a calçada virá a ser reposta corretamente?
Toda esta atividade e animação do Parque, assim como uma forte carga populacional a frequentar o espaço, causará danos físicos num espaço sensível como o é qualquer espaço natural.
Se não existem verbas para proceder às operações de manutenção normais, em dias de uso normal, de onde virão as verbas extraordinárias para recuperar as centenas de buracos, já feitos, as raízes quebradas e as calçadas desfeitas?
Como recuperar toda aquela área que virá a ser fortemente pisoteada por milhares de pessoas?
Esta é uma atividade lúdica de forte impacto perfeitamente incompatível com a sensibilidade da natureza e idade deste lugar e ainda mais com a incapacidade económica e de mão-de-obra de que a instituição Hospital Termal padece.
Se queremos preservar este espaço, há que evitar toda a utilização para fins contrários à sua natureza. Demos-lhe um uso de valorização, de cuidado, de amor e bom trato apelando assim às pessoas que apreciem o seu valor intrínseco tão grande e grandioso.
Atividades de maior desgaste e agressividade deverão ser reservados para outros locais neutros.

A Presidente da CE do Conselho da Cidade
Maria Júlia de Carvalho

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