Quando se pensa num restaurante ou num espaço que serve comidas e bebidas, devemos pensar num espaço de sensações, de experiências sensoriais e até mesmo pensar que estamos a transmitir conhecimentos e novas tendências aos clientes. Como tal é importante a existência de bons profissionais qualificados na área do serviço de sala e mesas.
Nos últimos tempos, felizmente, temos vindo a assistir a um interesse de alguns profissionais especializarem-se em algumas áreas de enorme valor sensorial e riqueza cultural, como por exemplo, na área de serviço de vinhos (Escanção).
A importância de ter um profissional a desempenhar as funções de Escanção num restaurante assume tamanha relevância como ter um chefe de cozinha, passando a adicionar assim uma riqueza maior no serviço de vinhos e outras bebidas, proporcionando espaço para que outros colegas da equipa possam também executar um melhor serviço.
O trabalho deste profissional passa por toda uma organização e escolha criteriosa de produtos vínicos, pela elaboração de cartas de vinhos, formação aos seus colegas de serviço e ainda por aconselhar e servir os clientes. A sua ligação ao cliente passa por ser mais do que alguém que serve uma bebida para alguém que pode ajudar o cliente a viajar até à vinha. O poder de contar uma história, uma lenda, ou até mesmo um episódio romântico, promovendo a autenticidade, a personalidade e identidade de um produto, de uma família e de uma região, é de facto bastante enriquecedor e motivador para o cliente final! Comer e beber assume desta forma a dimensão de um ato cultural, tornando-se, assim, um bem maior tanto para o serviço do restaurante/hotel, como para a valorização e manutenção da salvaguarda do património e tradições do nosso país.
No meu caso concreto, o que me motivou escolher uma Escola do Turismo de Portugal (EHT Coimbra) para estudar, foi o facto de eu achar que precisava de saber mais sobre vinhos e não só. Esta minha lacuna aliada à minha vocação e ao interesse pela cultura da vinha e do vinho foram o meu motor de entrada no Curso de Restaurante/Bar. Tive a sorte de me especializar no Serviço de Vinhos. Sempre tive o interesse e cuidado de frequentar provas de vinhos e respetivas feiras do setor. A minha vontade de querer conhecer a origem dos vinhos, de visitar as quintas e os produtores, desde cedo passou a marcar a diferença no trato que passaria a dar ao produto. Como sempre defendi que nos devemos destacar dos outros pela nossa dedicação e formação, assim que concluí o curso na Escola tomei a decisão de me dedicar à área dos vinhos. Dediquei-me e esforcei-me para conseguir um lugar na equipa de trabalho do Hotel Vintage House, que está situado no coração da região demarcada do Douro; quando digo esforcei-me, refiro-me simplesmente ao facto de estar longe de casa, porque sem dúvida este foi o passo mais importante que fiz na minha carreira profissional. Automaticamente passei a respirar vinho, compreender a complexidade do Douro fez-me crescer e querer saber mais e melhor, sempre sem deixar de respeitar o criador de cada projeto. Pouco a pouco, prova a prova, de formação em formação, fui-me integrando e entrando neste mundo fantástico e mágico dos preciosos néctares. Quando me foi confiada a responsabilidade de ser a primeira Escanção do Hotel Sheraton do Porto, senti que realmente todo o meu trabalho, dedicação e empenho estavam a ser valorizados. Que realmente valia a pena apostar na concretização dos nossos sonhos, e que a aposta e escolha por este caminho, com todo o investimento associado, tinha valido bem a pena! Hoje ainda me surpreendo pelo fato de poder proporcionar momentos de fruição e felicidade com a sugestão de um vinho a um cliente, através da explicação técnica, orientação organolética, informação histórica e sugestão de sensações que um bom e complexo vinho pode transmitir. Algumas pessoas podem pensar que tudo isto é “treta”, que o vinho é todo igual, que tanto faz ser servido num copo grande como num pequeno, a uma qualquer temperatura…mas não é bem assim… é aqui que entra o nosso trabalho enquanto profissionais da área, uma vez que nos compete demonstrar que existem técnicas, princípios orientadores, métodos de trabalho e serviço e, fundamentalmente, sensibilidade e bom gosto, tendo presente a necessária mudança de mentalidade, atitudes e comportamentos face ao respeito e valorização de uma cultura enogastronómica!
A todos os que me rodeiam tenho sempre o cuidado de lançar o desafio de conhecerem novos vinhos e novos projetos. Para quem pretender ser melhor profissional e sinta a necessidade de aprender mais sobre Enologia e Serviço de Vinhos, fique atento que muito em breve a Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste-Turismo de Portugal, em Caldas da Rainha, apresentará a novidade da abertura do Curso de Escanção, já no próximo mês de Outubro. Trata-se de um curso muito rico e completo, com uma estrutura modular em diversas áreas, nomeadamente: “Viticultura e Enologia”; “Provas Organoléticas-Princípios e Prática”; “Regiões Vitivinícolas de Portugal”; “Serviço de Vinhos”; “Atlas e Vinhos do Mundo”; “Serviço de Bar”; “Enogastronomia”; “Beverage Cost”. Eu, na qualidade de formadora do curso de Técnico de Restaurante e Bar na Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, tento sensibilizar e conquistar os meus alunos, incutindo-lhes o máximo sobre este tema, transmitindo-lhes a minha paixão, sabendo porém, que são muito novos e que ainda têm um longo percurso para concretizar. Considero, no entanto, o tema do Serviço de Vinhos de extrema importância para a garantia da qualidade e excelência no setor do turismo, por isso tenho esperança que os alunos percebam o valor do que está em causa e sejam, no futuro, verdadeiros embaixadores da cultura vitivinícola de Portugal. Muito mais haveria para partilhar, como diria o poeta Fernando Pessoa: “Boa é a vida, mas melhor é o vinho. O amor é bom, mas é melhor o sono.”
Marisa Rosa Escanção
Formadora do Curso de Técnico de Restaurante/Bar
Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste

































