Várzea da Rainha Impressores com instalações definitivas na Zona Industrial da Ponte Seca

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O secretário de Estado, Carlos Moedas, ladeado por Pedro Quintela, director da Xerox Portugal, e por Zita Seabra, da Várzea da Rainha

A empresa Várzea da Rainha Impressores mudou-se para a Zona Industrial da Ponte Seca (Óbidos), dando assim continuidade à expansão de um projecto de impressão de livros à medida numa parceria com a Xerox Portugal. A inauguração das novas instalações teve lugar no passado dia 26 de Julho, e contou com a presença do secretário de Estado Adjunto do Primeiro Ministro, Carlos Moedas.
Desde que se instalou em Óbidos numa antigo armazém de frutas até esta mudança para um novo edifício que custou 150 mil euros, esta empresa já investiu neste projecto 1,2 milhões de euros. Dá agora emprego 11 pessoas que antes eram desempregados de longa duração.
A percepção, numa feira do livro, de que estava a trabalhar numa profissão em extinção levou a livreira Zita Seabra a pensar em novos caminhos para a edição. Tomou contacto com a tecnologia digital da Xerox e percebeu que era preciso fazer o salto na produção, deixando de fazer grandes tiragens em papel, que muitas vezes se acumulam nos armazéns.
Estavam assim lançadas as bases para o nascimento da VRI – Várzea da Rainha Impressores, em 2009, uma empresa que começou a apostar numa solução de impressão de livros a pedido,  permitindo tornar a sua publicação mais eficiente e abrangente através da optimização da utilização de matéria-prima e energia, uma vez que a impressão passa a ser feita por encomenda.
Zita Seabra contou que pensou inicialmente em instalar-se no Parque Tecnológico de Óbidos, mas entretanto a direcção da empresa entendeu que era mais importante investir em novas máquinas e não tanto nas instalações. “Investimos o mínimo possível em instalações e o máximo nas máquinas e vamos ter a primeira máquina de cozer digital, da última tecnologia da Xerox”, explicou a presidente do Conselho de Administração da empresa.
Especializada na impressão digital e pequenas tiragens, a VRI conta já com uma carteira de clientes diversificada, entre particulares, empresas e instituições públicas. Nas suas instalações podem ser feitos, desde cartões de visita a telas, passando por panfletos, cartazes e livros, muitos deles de autor. Possuem, por exemplo, acordos com universidades para imprimir as teses de doutoramento ou de licenciatura.
“Somos contra o desperdício, se a pessoa precisa de fazer 200 cartões de visita não se vão imprimir 2000”, exemplificou Zita Seabra.
Na empresa são também feitos livros de cozinha, de poemas e até álbuns de fotografias, muitas aproveitados para presentes de Natal personalizados, assim como e-books. A colaborar com a VRI estão também muitos trabalhadores em outsourcing, como tradutores ou revisores.

Menos burocracia na administração pública

A inauguração das novas instalações contou com a presença do secretário de Estado adjunto do primeiro ministro, Carlos Moedas, um admirador confesso de Zita Seabra. ““Foi assim” [da autoria de Zita Seabra] foi um dos livros que mais admirei, por razões familiares e históricas, já que sou do Alentejo”, disse o governante.
Carlos Moedas enalteceu a aposta na inovação para o futuro da Europa e disse que a diferenciação relativamente ao resto do mundo terá que ser feita pela qualidade. O governante acatou as queixas empresária sobre a burocracia da administração pública e garantiu que estão a trabalhar para “baixar as barreiras para os empresários”.
Zita Seabra referiu o trabalho das empresas, lideradas maioritariamente por jovens, que colaboram com a VRI, destacando que, “do ponto de visto tecnológico, são do melhor que há, mas precisam de apoio para singrar”. A empresária considera que, por vezes a melhor maneira de os apoiar nem são subsídios, mas divulgando o trabalho que fazem.
Também presente na cerimónia, Pedro Quintela, director da Xerox Portugal, considera que são projectos como este, “com capacidade de empreendedorismo e de inovação, que mostram que há possibilidade de ter sucesso”.
Para Telmo Faria, presidente da Câmara de Óbidos, Zita Seabra é um “exemplo num país onde ainda não há muito empreendedorismo no feminino”. O autarca lembrou que há muito tempo que fizeram uma aposta na atracção da classe criativa e que a crise vem ajudar a que as pessoas tenham que pensar em novas abordagens para os negócios.
“Estamos a atrair cada vez mais empresários, mas a fazerem-se menos edifícios”, disse o autarca, explicando que são cada vez mais os espaços partilhados por profissionais.
A Várzea da Rainha Impressores fica localizada na Rua Empresarial, n.º19, na Zona Industrial da Ponte Seca, nas Gaeiras, Óbidos.

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Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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2 COMENTÁRIOS

  1. O mediatismo, pompa e circunstância são na maioria dos casos indicadores de jogos de interesses que visam a promoção pessoal e ou corporativa. Práticas, acerrimamente, cultivadas pelas elites na constante busca de notariedade que é, por outras palavras, o combustivel que alimenta a manutenção do status.
    Não me acho no direito de promover qualquer tipo de juízo de valores por profundo respeito às liberdades intelectuais, quer pessoais quer coletivas, por nunca esquecer que “a minha liberdade acaba onde começa a de outrem”.
    O que me leva a comentar esta notícia são as circunstâncias dramáticas e injustificadas, com contornos que ultrapassam em muito os limites da legalidade, de como foram espoliados os anteriores proprietários do edifício em causa, num claro sentido de favorecimento e subservicionismo ao poder duma figura pública.
    Aplaudo, obviamente, a iniciativa da VRI e Zita Seabra, mas não posso deixar de viemente condenar esta teia preneciosa de favorecimento elitista, praticada por gente menor que, de tão ávidos de reconhecimento até beliscam os interesses dos que servem.
    Precisamos urgentemente de gente superior, com valores, com ética, com noção de cidadania, com objetivos que visem a equidade e justiça social caso contrário, não evitaremos o acelarado descalabro civilizacional tal como o conhecemos.

    Rogério Puga