Valis é especialista em produtos aeroportuários

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Empresa das Caldas, que foi criada a partir da massa insolvente da IRMAL em 2007, é uma das duas únicas no mundo a desenvolver barreiras contra
o “jet blast” dos motores dos aviões a jato

Quem passa pelo número 7 da Rua Inácio Perdigão, na Zona Industrial das Caldas da Rainha, não imagina que, das instalações da Valis, saem algumas das mais exclusivas peças aeroportuárias do mundo. Mas saem.
A Valis – Engenharia e Inovação SA, é um bom exemplo de como se pode construir um projeto sustentado a partir da recuperação de uma empresa insolvente. Em abril de 2007, os atuais acionistas adquiriram a massa insolvente da Irmal-Indústrias Reunidas de Mobiliário de Aço Lda.
“Mantivemos o pessoal, modernizámos o processo de fabrico, apostámos em produtos de qualidade reconhecida internacionalmente e criámos uma empresa que é praticamente 100% exportadora”, conta Vasco Velez Grilo, administrador da empresa.
Em 2012, a Valis deu um passo muito importante no crescimento. “Surgiu-nos um grande desafio, uma obra muito grande em França que permitiu revolucionar a empresa e dar um salto qualitativo muito grande”, afirma. O passo seguinte foi adicionar ao portefólio um tipo de produtos, direcionado para os aeroportos, que em todo o mundo só é feito por mais uma empresa, originária dos Estados Unidos da América. “São produtos e uma tecnologia própria, desenvolvida e fabricada aqui nas Caldas da Rainha, sobre os quais temos diversas patentes registadas”, realça Vasco Velez Grilo.
Esses produtos são barreiras de proteção contra os ventos e ruído provocados pelos motores dos jatos comerciais, e que constituem um problema para os aeroportos.
A empresa desenvolve e produz, especificamente, defletores de sopro, que são proteções contra o vento dos jatos dos aviões comerciais. “Mesmo quando estão a funcionar ao ralenti ou a circular nas táxi ways, têm força para virar um autocarro”, refere Vasco Velez Grilo. Estas estruturas permitem reduzir a distância entre os aviões e as áreas operacionais, otimizando a gestão do espaço, o que é fundamental para os aeroportos.
A Valis produz, ainda, plataformas de teste de motores de aviões. Quando estes testes são realizados, é preciso conter os ventos, que podem atingir 400 km/h e produzem muito calor, assim como o ruído. “Em Helsínquia, a estrutura que fizemos permitiu que se construísse um hotel a 500 metros da plataforma de testes e, no Brasil, em Guarulhos, também obtivemos resultados acima do que projetámos”, refere Vasco Velez Grilo.
O desenvolvimento destes produtos é muito específico, envolve muito trabalho de pesquisa e desenvolvimento. “Há muitos detalhes a ter em conta, inclusivamente legislação específica de cada país, o que é também um desafio”, acrescenta.
Além daqueles dois aeroportos, a empresa caldense já produziu estas estruturas para aeroportos em Singapura, República Checa e na Arábia Saudita.
A Valis também é especialista no desenvolvimento e produção de moldes de cofragem para construções especiais, como é o caso das estruturas dos reatores da nova central nuclear Hinkey Point 2, em Inglaterra, ou da expansão do metro de Paris. E também faz outras peças diferenciadas para a construção, como é o caso das proteções de fachada para arranha-céus, onde a empresa tem forte presença no mercado francês.
“Fazemos um esforço grande do ponto de vista da qualidade para marcarmos a diferença no estrangeiro e, neste momento, trabalhamos com muitos clientes fidelizados, com parcerias de longo prazo, o que é um reconhecimento desse nosso esforço”, aponta Vasco Velez Grilo.

Foco na sustentabilidade
Atualmente, a Valis dá emprego a cerca de 40 pessoas e Vasco Velez Grilo diz que o foco dos accionistas está em ter uma empresa cada vez mais sustentada. “A nossa filosofia é reinvestir o que a empresa gera para melhorar a sua capacidade. Investimos em investigação e desenvolvimento, nos equipamentos e nos nossos colaboradores”, afirma.
De resto, a empresa está, atualmente, a realizar uma importante obra de remodelação de um espaço que estava praticamente inalterado desde a década de 1970. Num investimento de cerca de 250 mil euros, estão a ser modernizados os escritórios, os balneários e o espaço de refeitório, para melhorar as condições para os colaboradores.
Além disso, a empresa tem feito um investimento constante na modernização das linhas de produção. “Nos últimos seis anos renovámos toda a maquinaria e adotámos soluções de deslocamento com pontes rolantes, que substituem a utilização dos empilhadores, para reduzir ao mínimo os riscos de acidentes”, diz o administrador da empresa.
A Valis procura, ainda, integrar-se com instituições formadoras da região, nomeadamente o Cenfim e o CEERDL, numa área muito técnica como é a da transformação de metais. “Quem vem aprende uma profissão, que pode aproveitar quando sair daqui”, conclui. ■

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