“ú das Caldas” prova que o Falo pode inspirar produtos comercializáveis

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Alguns dos produtos da marca. Alguns já se encontram à venda em vários locais do comércio tradicional caldense

 

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Afinal é possível. “ú das Caldas” pode ser apresentado de forma padronizada, divertida, em alternância, e até constituir-se como uma bela prenda, sem envergonhar nem fazer ruborizar quem se encontra numa sala. Quem o diz, e disso apresenta provas, é Maria José Rocha, professora de Artes Visuais na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, que há muito tinha a ideia de criar algo com o “ú das Caldas” “que fosse mais agradável ao olhar”, explicou a mentora desta marca registada, que será apresentada no próximo dia 12 de Julho, no jantar-convivio organizado pela Confraria do Príapo, no CCC.

“Há muito tempo que olhava para as malandrices das Caldas e tinha vontade de as trabalhar de forma que dignificasse o conceito”. É o que conta Maria José Rocha que no ano passado participou no concurso para a criação do logótipo da Confraria do Príapo.
O seu pai tinha uma loja de louça tradicionais nas Caldas, onde se vendia este tipo de artigos. “Toda a vida vi gente a rir por causa do falo das Caldas e por isso nunca achei graça nenhuma”, disse a docente de Artes Visuais, referindo-se à forma rude com que são retratados os tradicionais falos locais.
Quando começou a trabalhar o logótipo percebeu que o falo poderia aparecer em todo o lado, “usando apenas a silhueta ou fazendo a forma em padrão”, disse a autora. Por isso, não parou de elaborar desenhos e começaram-lhe a surgir padrões. Passou a multiplicar os falos e a arrumá-los de acordo com as leis da composição: a simetria, assimetria, alternância. E foi assim, meio a brincar, que lhe surgiram novos padrões e que a imagem do falo deixou de ser tão óbvia.
Ao criar novos padrões apercebeu-se que estes poderiam ser comercializáveis. “Às tanta pensei: Alto! Isto pode transformar-se num negócio!”, disse.

“O falo das Caldas é algo que identifica a cidade”

Maria José Rocha é a autora do “ú das Caldas”

O falo das Caldas é um elemento identificativo da cidade. Todos os caldenses o sabem quando viajam no país e ouvem referencias jocosas à cerâmica tradicional. “Por isso, designei a marca por “ú das Caldas”, disse Maria José Rocha, 49 anos, que acha que esta ideia pode ser um ovo de Colombo. Como tal, arregaçou as mangas, registou a marca e não tem parado de criar novos produtos – chávenas, t-shirts e aplicações para azulejo.
A docente, que antes da sua marca também se dedicava a alguns trabalhos de design, chegou a ser a responsável pela Serigrafia no Cencal “onde conheci o mestre Herculano Elias e de onde trago uma escola de vida”, disse a mentora do “ú das Caldas”. O projecto foi apresentado no contexto do Oeste Activo, um projecto AIRO em parceira com actividades locais e que apoiam a divulgação deste projecto “que pode ser um elemento de identificação contemporâneo da nossa cidade pois este lado da brincadeira e da malandrice do falo é algo que faz parte das Caldas”.
Maria José Rocha quer ir mais longe e criar uma Rota do Falo, para a qual já contactou algumas lojas especificas do comércio tradicional caldense a fim de arranjar parcerias estratégicas. “A adesão superou as expectativas”, disse a responsável, que com esta ideia também consegue ver o seu trabalho divulgado. No fundo “partilhamos todos desta rota, divulgando os produtos e os parceiros”, disse.
O “ú das Caldas” em chávena encontra-se à venda no Pachá e a t-shirt na Surf Foz. Em breve haverá uma caneca que será vendida com o Café da Avó na Mercearia Pena. “Vai ser criado um mapa da cidade com os pontos de venda assinalados de modo a criar um circuito e alguma curiosidade em conhecer os produtos que têm como decoração os falos das Caldas”, disse a autora.
Na Bica do Brito em breve haverá relógios com estes padrões, onde “o falo surgirá muito discreto, mas não deixa de ser um produto regional”, disse Maria José Rocha.
A marca tem sub-designações referentes às diferentes parcerias.
“Falo na Hora” refere-se aos relógios na Ourivesaria Bica do Brito, “Falo na Agulha” aos bordados da Casa Felizardo, “Falo na Onda” às t-shirts da Surfoz, “Falo no Olho” à edição de telas da Foto Franco, “Falo no Padeiro” aos produtos do Pão Nosso de Todos os Dias, “Falo no Pacote” na Mercearia Pena, “Falo Sentado” nos estofos dos Móveis Ferreira, “Falo no Trapo” na Loja do Jacinto e “Falo nas Vistas” às caixas para óculos que serão vendidas na Novóptica.
Uma das t-shirts do “ú das Caldas” marcou presença recentemente nas “24 horas de Les Mans” enquanto que outras já viajaram até Inglaterra, Canadá e EUA, divulgando a marca caldense. “O mercado da saudade é também óptimo para trabalhar estes produto”, disse a autora, que conta com a ajuda de familiares nesta aventura que tem como tema o falo das  Caldas.
As t-shirts custam 19,90 euros, as canecas entre os 6,50 ou 9,50 euros, ao passo que as chávenas custam 7,50 euros.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt

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