Turismo rural pode ser melhor “vendido” através da Internet

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Num ambiente descontraído as pessoas puderam apreciar as peças de cerâmica exposta no exterior

As unidades de turismo rural devem apostar numa boa divulgação pela Internet para conseguir atrair clientes de todo o mundo, possibilitando a reserva directa através do próprio site. “A estratégia de marketing deve ser assente sobretudo no online”, defendeu Tomás Vasques, ex-vereador na Câmara de Lisboa, durante uma sessão sobre agro-turismo, que teve lugar no Casal da Eira Branca, nos Infantes (Salir de Matos).
Esta foi uma das primeiras acções das comemorações do centenário da criação do Conselho de Turismo em Portugal, cujo presidente da comissão organizadora é o caldense Jorge Mangorrinha.

A aposta na Internet faz sentido porque actualmente a grande maioria dos turistas deixou de comprar pacotes através das agências de turismo, como era habitual. “Hoje 68% da procura europeia é feita sem pacote”, adiantou Tomás Vasques, que deu o exemplo da Bookings.com (sítio na Internet para reservas em hotéis) que em 2008 teve 12 milhões de visitas na Europa.
O mercado externo é importante “porque é mais susceptível de ocupar a semana”, enquanto que os portugueses tendencionalmente fazem turismo rural ao fim-de-semana.
“As pessoas começaram a procurar uma diversidade de experiências. Querem levar mais do que fotografias para casa. Querem levar sensações, emoções e coisas que viveram”, explicou.
Tomás Vasques recordou que o turismo rural é uma tendência recente, que remonta aos anos 90, depois dos portugueses se terem afastado do campo durante o século XX.
No entanto, acha que o turismo rural é o parente pobre deste sector, em relação ao produto “sol e mar”. Isto porque normalmente depende de uma actividade familiar e não costuma estar ligado a uma empresa. A rentabilidade também costuma ser diminuta, até porque “há um crescimento na oferta e uma diminuição na procura”. Segundo Tomás Vasques, a taxa de ocupação média é de 14,8% por cama.
O Casal da Eira Branca, inaugurado há um ano e meio, tem combatido essa tendência de diminuição da procura deste tipo de espaços com uma forte aposta na comunicação e na Internet.  “Para marcar um fim-de-semana aqui é preciso fazê-lo com um mês de antecedência e em Julho e Agosto estamos praticamente esgotados”, informou Jacinto Gameiro, proprietário deste empreendimento, que enfatiza a aposta na Internet.
“A partir do momento que aderimos ao booking.com abrimo-nos ao mundo e começámos a receber franceses, espanhóis, argentinos, polacos, russos, gente de todo o mundo”, disse.
De tal forma têm tido sucesso, que avançaram para um projecto similiar em Óbidos – a Casa do Pombal – perto da rua Direita. O investimento foi de cerca de 50 mil euros e as obras estão praticamente concluídas. Com este projecto, que tem seis quartos, vão duplicar a oferta disponível no Casal da Eira Branca (cinco quartos).
O objectivo será ter um serviço complementar entre os dois espaços, mantendo o interesse em realizar parcerias que valorizam a estadia nas Caldas e em Óbidos.
“Temos tentado fazer uma ligação entre a arte, a cultura e o turismo, criando uma dinâmica de actividades, desde workshops às exposições”, explicou Jacinto Gameiro.
No dia 19 foi inagurada no espaço exterior do empreendimento uma exposição de cerâmica contemporânea de autor, com peças de Carlos Enxuto, Carmina Anastácio, Mário Reis e de Martim Santa Rita.
No mesmo dia foram ainda lançadas várias peças de cerâmica, da autoria de Carlos Enxuto e de Mário Reis, que passaram a ser entregues aos clientes do Casal da Eira Branca, como recordação da passagem por aquele local.
Foi ainda projectado um filme sobre a cerâmica das Caldas da Rainha e o mestre Herculano Elias fez uma palestra sobre “A Cerâmica de Outrora”.
Ao final da tarde foi servido pelos alunos do curso de Turismo da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, um buffet preparado pelo restaurante Pachá.

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Comemorar os 100 anos do turismo em Portugal

Jorge Mangorrinha fez uma apresentação do programa das comemorações dos 100 anos de turismo em Portugal previsto para este ano, salientando a forma como tentaram envolver o mais possível os parceiros locais.
Sublinhou que esta actividade envolveu vários estabelecimentos (os ceramistas, o Casal da Eira Branca, o restaurante Pachá e a mercearia Pena) que “têm pugnado pela preservação das suas histórias”. São casos como estes que demonstram a importância em existir um valor acrescentado num produto turístico, nomeadamente “valorizando aquilo que é nosso”.
Para Jorge Mangorrinha é essencial que exista uma colaboração entre concelhos e uma articulação regional, de modo a potenciar ainda mais o que já existe.
Caldas da Rainha só teria a ganhar, tendo em conta que tem perdido para Óbidos um papel mais prepoderante no número de visitas de turistas. Nos guias turísticos o nome das Caldas praticamente desapareceu e o trajecto faz-se de Óbidos para Fátima, sem passagem pela cidade termal como acontecia há anos atrás.
Para Jorge Mangorrinha uma das componentes a apostar seria na divulgação deste destino, ao mesmo tempo que se reforçam as suas identidades. “Requalificar a Praça da Fruta, criando uma boa relação com a temática do agro-turismo, e relançar o termalismo”, são algumas das sugestões.
O presidente da comissão deixou o desejo que o Turismo do Oeste e as câmaras municipais da região respondam ao seu repto e organizem também actividades no âmbito das comemorações do centenário.
Na sua intervenção, Tomás Vasques também tinha criticado o facto de muitas entidades locais e regionais não saberem divulgar da melhor forma os seus motivos de interesse turísticos.

 

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