Há no concelho das Caldas várias unidades de turismo rural que têm obtido boas classificações no Booking e TripAdvisor. Estas conseguem-se através das boas avaliações feitas pelos seus clientes. São os casos da unidade Casa dos Infantes (Salir de Matos) e Azenha Guest House (Foz do Arelho). Ambas têm projectos de expansão e a sua actividade tem tido um impacto não negligenciável na economia local. Ao todo são mais de 15 unidades de turismo rural nesta região que oferecem cerca de 100 quartos a quem prefere este turismo mais tranquilo e mais próximo da vida no campo.
Há mais de 15 unidades de turismo rural nas áreas das Caldas, Óbidos e Alcobaça. É o que diz um dos dos dirigentes da Associação Bed and Breakfast Silver Coast, Jacinto Gameiro, à Gazeta das Caldas. Apesar de não possuírem o registo total de todas as casas rurais da região, assegura que serão ao todo neste sector mais de cem quartos de oferta aos turistas que preferem ficar mais tranquilos, mais próximos da natureza e da vida no campo.
Relativamente à ocupação, Gameiro explica que esta tem um pico entre Maio a Outubro, se bem que a proximidade de Lisboa “faz com que no resto do ano vamos sempre tendo hóspedes”. Por outro lado, regista-se também uma procura por parte de clientes estrangeiros, fora das épocas altas, que “vêm à procura de terrenos e de casas para comprar”, disse o dirigente, que é também o proprietário do Casal da Eira Branca que possui unidades nos Infantes (Salir de Matos) e em Óbidos.
Este responsável diz que não conhece o aumento de postos de trabalho que se regista no Verão nestas unidades, mas tem a percepção de que o número de funcionários duplica.
“É significativo o impacto na economia”
O impacto na economia “é significativo”, disse Jacinto Gameiro, pois além da compra dos produtos locais – como fruta, pão e bolos – também os restaurantes “têm necessariamente um aumento de clientes”. A título exemplificativo pode-se dizer que “ontem, 11 de Julho, num restaurante da região, estavam pelo menos, quatro mesas ocupadas com clientes vindos de turismos rurais”, acrescentou.
Esta associação, além de participação em feiras como a BTL, Feira Ibérica de Turismo da Guarda, Feira de Saúde e Bem Estar do Porto, já trouxe à região jornalistas estrangeiros. “Ainda recentemente dois jornalistas de Barcelona de uma revista de turismo visitaram-nos a convite da associação”, contou, recordando que também concorreram ao Orçamento Participativo com um projecto de elaboração de Guias de Percursos pelo jornalista Luís Mayo, o designer Miguel Macedo e com edição de Abysmo de João Paulo Cotrim.
Jacinto Gameiro considera que o turismo rural “está em fase de crescimento, como todo o turismo”. Actualmente, contou, “já é normal ter clientes brasileiros e israelitas a dormir nas nossas unidades”, além dos clientes tradicionais alemães, franceses , espanhóis, belgas e holandeses. Por outro lado, o número de dias de dormida tem vindo a crescer. “Já é normal os clientes ficarem 15 dias e mais na mesma unidade”, disse.
As “Casas dos Infantes” em Salir de Matos

As Casas dos Infantes, unidade de turismo rural situada na freguesia de Salir de Matos, pertencem à família Carmo. A gerente desta unidade é Cecília Carmo que após a reforma decidiu rentabilizar a casa da família, processo cuja recuperação tinha sido iniciada nos anos 70. Aos poucos foram reconstruindo o Celeiro, a Casa da Eira, e após se ter reformado, a actual gerente decidiu receber hóspedes, tendo transformado aquelas áreas em pequenas casas que vão desde o estúdio até um T2. Abriu em 2010 com duas casas: a da Eira e a do Celeiro. “Começamos a ter muita procura e, aos poucos, surgiram a Casa do Telheiro e a das Hortênsias”. São agora quatro as casas com kitchenette ou cozinha, todas equipadas, que oferecem aos seus clientes.
Logo no primeiro ano de funcionamento sentiu-se falta de uma piscina pois os turistas gostam de ir um pouco à praia, mas quando está nevoeiro ou vento, regressam a casa. Em 2012 construíram uma piscina, inovadora, que “não tem fim” (termina numa queda de água), dando a sensação que se vai mergulhar no vale.
As Casas dos Infantes querem crescer e até já têm um projecto para mais quatro casas em madeira, pedra, vidro e cortiça. Mas apesar das excelentes classificações e distinções da Booking e do TripAdvisor – obtidas com as avaliações dos seus clientes – não conseguiram obter o financiamento necessário para avançar com esta fase. “Lamentamos não ter obtido a aprovação necessária através da LeaderOeste”, comentou Cecília Carmo, que considera que o crescimento para este projecto é essencial.
Uma das quatro casas era adaptada a pessoas com mobilidade reduzida, num investimento total que ronda os 200 mil euros.
Quando avançar a segunda fase, prevê-se que possa abrir mais um posto de trabalho. Essencial é garantir a qualidade no atendimento. E quando há crianças entre os clientes é uma alegria pois a unidade possui ovelhas, galinhas, patos e perus e os hóspedes ainda podem apanhar fruta para lhes dar.
“Encaminhamos para restaurantes da zona”
As Casas dos Infantes fecham uma semana no Natal, duas semanas em Maio e outras duas em Outubro.
Asseguram um posto de trabalho a tempo inteiro, outro em part-time (nos jardins) e agora durante o Verão há mais uma colaboradora.
Cecília Carmo explicou também que os pequenos-almoços são deixados nas casas dos clientes na cozinha ou na mesa do jardim à porta em casa em caixa fechada e incluem mimos, por norma bolo da manhã, fruta fresca e sumo de laranja.
“Tenho clientes que vêm há quatro anos, desde o início do projecto e já nos mandam os seus amigos”, disse Cecília Carmo.
Metade dos clientes são portugueses. Depois há muitos franceses, holandeses e belgas. Em menor número, também recebe espanhóis, ingleses e brasileiros.
Em média ficam ao longo do ano (época baixa) dois dias enquanto que em Julho e Agosto a média é uma semana. Os preços variam consoante a época do ano e vão dos 60 aos 150 euros por noite.
“Costumamos encaminhar os clientes para os restaurantes das zonas pois somos nós que lhes fazemos as reservas”, explicou a gerente.
Quanto ao abastecimento, diz que traz quase tudo dos mercados locais e que não compra nada estrangeiro. Por exemplo, “os Beijinhos são aqui de uma fábrica próxima e os vinhos da casa Santos Lima de Alenquer”. Estes produtos constam dos cestos de boas-vindas. A própria responsável faz ginja, licor de morango, compotas de figo e “ofereço sempre aos clientes”.
A roupa das casas é tratada na lavandaria do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor pois considera que é uma forma de contribuir para o emprego. Além do mais, nas casas há cerâmica de autor de Bolota ou Mário Reis. Também há peças da Bordallo Pinheiro e da Molde e já foram vários os clientes que foram àquelas unidades comprar mais peças.
“Uma visita como se fosse à casa de familiares”
A ultima distinção atribuída pela TripAdvisor dá-lhes 9,5, mais um ponto que em 2014, algo que a enche de orgulho pois quem por ali passa reconhece o trabalho feito nesta unidade. Um dos seus hóspedes escreveu que quando chegou era cliente e saiu como amigo. “Estas avaliações dão-nos ânimo para continuar… é muito bom”, disse.
E o que distingue a Casa dos Infantes? “Creio que é a nossa disponibilidade, o cuidado de mimar as pessoas com coisas que lhes lembra o tempo dos avós”, disse a gerente que faz os pastéis de nata e as compotas que serve aos hóspedes.
Ao todo, neste seu projecto, a família já investiu 250 mil euros. Trata-se de uma sociedade por quotas que envolve Cecília, o marido, António Carmo e o filho João Ricardo Carmo.
Uma Casa da Azenha na Foz do Arelho

Azenha Guest House. Assim se chama a unidade de turismo rural que fica na Foz do Arelho e que possui quatro quartos. É gerida por Isabel Rosendo e recentemente obteve uma distinção da Booking de 9,2 mais um ponto do que em 2014, ano em que abriu. Em Julho e Agosto tem ocupações de 100% e, no Inverno, conta que também acolhe muitos turistas que escolhem a região para passar o fim de semana. Conta que recebe portugueses (metade dos hóspedes), alemães, belgas, franceses, ingleses alguns austríacos, finlandeses e suíços.
Isabel Rosendo gostaria de aumentar o número de quartos – que explica que são grandes e acolhem famílias (dois adultos e duas crianças até 12 anos) – e cujos preços variam entre os 50 (época baixa) e os 75 euros (época alta) por noite.
“Se crescer, terei que contratar mais gente”, disse a gerente. Para os pequenos-almoços costuma comprar os produtos na Foz e nas Caldas.
A Azenha Guest House fica perto da rotunda da Junta de Freguesia da Foz.































