No espaço de uma semana vão realizar-se as Assembleias Gerais de Credores das empresas caldenses José Coutinho SA (5 de Abril), Horta & Reis (10 de Abril) e J. L. Barros (12 de Abril). As três já foram declaradas insolventes.
A construtora José Coutinho tinha iniciado no Verão passado um Processo Especial de Revitalização destinado a chegar a acordo com os credores para poder salvar a empresa, mas as negociações não chegaram a bom termo e está hoje insolvente.
Gazeta das Caldas tentou falar com o empresário José Coutinho e com o administrador de insolvência Arnaldo Pereira, mas nenhum esteve disponível.
Esta empresa era em 2011 a segunda maior do concelho das Caldas da Rainha, contava com 157 empregados e facturava 46 milhões de euros, tendo obras adjudicadas em praticamente todo o país. Actualmente, na sua sede apenas trabalha um grupo muito restrito de pessoas, encontrando-se os trabalhadores no desemprego.
Outra empresa que não resistiu ao verdadeiro tsunami que tem arrasado as empresas ligadas à construção e obras públicas é a J. L. Barros. Em Setembro passado o seu proprietário, Luís Saraiva e a sua esposa, compraram as acções da Cunha Gomes, SA, uma empresa do Porto à qual esta sociedade caldense estava associada.
Nessa altura o empresário disse que “a J. L. Barros voltou às Caldas da Rainha”, considerando que esta ruptura o deixava com as mãos livres para diversificar a actividade da empresa.
O valor da acção de insolvência desta sociedade caldense é de 2,3 milhões de euros os maiores credores são o BCP e o Banco Popular. Em 2011 os seus prejuízos foram de 33.710 euros.
De Setembro para hoje a empresa reduziu o número de trabalhadores de 27 para 20, mas Luís Saraiva diz que não há salários em atraso e que a J. L. Barros não tem dívidas ao Estado nem à Segurança Social.
Também a Horta & Reis, Lda. já teve sentença de declaração de insolvência, que foi proferida a 28 de Fevereiro. Esta empresa dedicava-se tal como a J. L. Barros à venda de materiais de construção.
José Coutinho: “Erros? É fácil falar à posteriori”
O empresário José Coutinho disse à Gazeta das Caldas que conta com a lealdade dos dois bancos com quem sempre trabalhou nos 28 anos que dura a sua empresa para evitar o pior na Assembleia de Credores marcada para hoje. Estes bancos representam 60 a 70% do total das dívidas das empresa.
“A viabilização de um plano de recuperação não depende mais ninguém a não ser dos bancos e eu confio neles com a mesma lealdade recíproca que temos tido desde que em 1985 fundei a minha empresa”, afirmou.
Nessa altura, contou, a José Coutinho começou por se dedicar ao imobiliário, mas dois anos depois enveredou pelas obras públicas, que acabou por ser o grosso da sua actividade.
Em 2007 e 2008, pouco antes da crise do subprime, “fizemos investimentos brutais de dezenas de milhões de euros na aquisição de terrenos e na produção de imobiliário em Rio Maior, Algarve, Foz do Arelho, S. Martinho do Porto e Caldas que se traduziram em várias centenas de fracções”, contou o empresário.
A crise atingiu-o precisamente nessa altura, mas José Coutinho decidiu prosseguir com as construções em curso, recorrendo ao auto-financiamento.
Não foi um erro?
“Erros? É fácil falar à posteriori. Ter-me-ia sido fácil dizer aos bancos que queria mais dinheiro ou então não acabar as obras. Mas até 2012, em cinco anos, não só acabamos tudo com capitais próprios, como não pedimos um cêntimo de acréscimo de financiamento para acabar essas obras”.
A piorar a situação juntou-se as dificuldades em receber dos clientes públicos. Autarquias, institutos públicos, ministérios, Parque Escolar, deixaram de pagar. Numa altura em que estes milhões de euros faziam falta para fazer face aos investimentos no imobiliário.
Em Julho de 2012 a empresa inicia o Processo Especial de Revitalização, mas este falha e em Janeiro deste ano o processo avança para a insolvência.
Se pudesse voltar atrás o que teria feito?
“Algumas coisas teria feito de maneira diferente. Mas em consciência fi-las com a maior e melhor ponderação”.
O empresário diz que não vai deixar de trabalhar. “Acho que ainda posso dar emprego a muitos dos meus antigos trabalhadores”, afirma. Isto, claro, se eles quiserem ir para o estrangeiro. José Coutinho garante que “estamos a apostar em várias latitudes e tenho coisas palpáveis” em vários países, sem contudo, precisar quais.































A JLB já encerrou!