
A maioria dos trabalhadores da José Coutinho SA têm salários em atraso e queixa-se que a administração nada lhes diz sobre quando poderão receber o que lhes é devido. O nosso jornal foi contactado por um grupo de oito funcionários daquela empresa – que incluía encarregados, manobradores de máquinas, engenheiros e motoristas – que dizem que não recebem salário desde Maio, estando também em dívida do subsídio de férias e uma parte do subsídio de Natal do ano passado.
Todos eles estão momentaneamente sem trabalho, tendo-lhes sido dito que aguardassem em casa pois seriam contactados mais tarde pela empresa.
No dia 28 de Setembro, numa reunião entre os trabalhadores e a administração, José Coutinho terá dito que todos os funcionários tinham os seus direitos assegurados na globalidade e que poderiam sair da empresa quando quisessem porque teriam a indemnização prevista na lei.Segundo estes oito trabalhadores, o empresário disse que quem estava mal no meio deste processo era ele próprio e a sua família, que há 20 anos tinham investido 82.500 contos (412 mil euros) e estavam agora em risco de ficar sem nada.
No entanto, procurou tranquilizar o seu pessoal dizendo que estava na expectativa de ter duas obras no estrangeiro.
Gazeta das Caldas contactou a empresa – cuja sede continua de portas abertas e, aparentemente, a funcionar com alguma normalidade – para poder confirmar estas informações, mas José Coutinho não se mostrou disponível.
Os mesmos trabalhadores, que pediram o anonimato, denunciaram ainda que houve colegas que rescindiram, por mútuo acordo, o contrato de trabalho, tendo a empresa ficado de pagar a indemnização de forma faseada, mas que esta acabou por falhar logo na primeira prestação.
A grande maioria das obras desta construtora estão paradas e os trabalhadores questionam-se porque não são terminadas a fim de a empresa poder realizar algum dinheiro com a sua facturação. Em vez disso, contam que nos estaleiros foram mudados os cadeados e que os trabalhadores não podem lá entrar.
A Construções José Coutinho SA não está, contudo, num processo de insolvência, mas sim num processo de revitalização, o que significa que a sua administração pode convencer os seus credores de que é viável.
O processo, que decorre no tribunal das Caldas da Rainha, tem sido engrossado nos últimos tempos com pedidos de impugnação de dívidas por parte de José Coutinho, sobretudo a fornecedores e à banca. Entre esta última a empresa caldense procurou impugnar créditos reclamados pelo BCP (220 mil euros), Santander (59 mil euros), Banif (88 mil euros), BES (520 mil euros), CGD (326 mil euros), entre outros.
Estes valores são, no entanto, apenas uma parte da dívida total da empresa aos bancos, que ascende a vários milhões.
Gazeta das Caldas contactou o administrador judicial, Arnaldo Pereira, responsável pela condução do processo de revitalização, para saber quais os próximos passos e datas previstas deste decurso, mas este também não respondeu.
Carlos Cipriano
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