Tecnologia para rastrear produtos agrícolas criada nas Caldas

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Projeto é liderado pela Bitcliq e está a ser testado pela Frutas Classe, duas empresas caldenses

Está a ser desenvolvida, no Oeste, tecnologia que vai permitir a total rastreabilidade de produtos alimentares através da leitura de um código nas embalagens. O projeto está a ser liderado pela tecnológica caldense Bitcliq no âmbito da agenda mobilizadora Embalagem do Futuro e foi apresentada na passada terça-feira, no CCC.
Rastreabilidade Farm2Fork (do campo ao garfo em tradução livre) é o nome do PPS (produtos, processos ou serviços que a agenda mobilizadora se propõe lançar no mercado) número 14 da agenda mobilizadora Embalagem do Futuro e que tem como líder a Bitcliq.
O objeto deste projeto é criar um sistema para rastrear todo o processo desde a produção até chegar ao consumidor final através de etiquetagem e um conjunto de tecnologias que ligam toda a informação.
Além da Bitcliq, que desenvolve a tecnologia, este processo envolve mais seus parceiros, nomeadamente o Mare – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, do Politécnico de Leiria, que se localiza em Peniche, a Oonify, agência de comunicação da Nazaré, o Instituto Egas Moniz, e ainda as empresas de produção agrícola Frutas Classe, das Caldas da Rainha, a The Cricket e a Thunder Foods, ambas de Santarém e que desenvolvem produtos alimentares a partir de insetos.
Nesta sessão, serviu de exemplo a empresa caldense Frutas Classe, que vai utilizar esta tecnologia para os seus morangos e batata doce.
Pedro Manuel, CEO da Bitcliq, sublinhou que, com este projeto está a trazer-se a agricultura do futuro para o presente e que “tem como grande missão o impacto no consumidor, a transparência dos processos e da forma como a informação chega ao consumidor”.
O processo inicia-se no dia a dia das empresas com a recolha dos dados à medida que as tarefas produtivas vão sendo desempenhadas, desde o lançamento da semente à aplicação de fertilizantes e produtos químicos, à colheita, embalamento e expedição. Tudo isto “de uma forma simples, de modo a não dar mais trabalho a quem já tem tarefas difíceis”, explicou Pedro Manuel. Nestes processos dentro da empresa de produção, os dados são recolhidos através do software de gestão Smartfarm, que no caso da Frutas Classe já era utilizado anteriormente.
O sistema tem alguns níveis de automação através de Inteligência Artificial, para já para entrada de documentação, como faturas e guias de transporte, automaticamente, e o objetivo é que também seja aplica IA generativa numa fase mais adiantada para comunicar na interface de comunicação com o consumidor final.
O projeto utiliza a rede de blockchain da Bitcliq, empresa que já é referência mundial na aplicação de tecnologias de rastreabilidade no campo do pescado. A tecnologia garante igualdade de tratamento a produtores e retalhistas, garante que os parâmetros dos contratos são respeitados e que a informação inserida é imutável.
Além de proporcionar informação ao consumidor, o sistema tem também como missão facilitar processos de auditoria.
Sérgio Constantino, administrador executivo da Frutas Classe, realça que este projeto vem colmatar uma “grande dificuldade” que o setor agrícola tem, que é comunicar com o consumidor final. “A rastreabilidade é algo que vai de encontro aos novos consumidores, que nasceram e vivem no digital”, afirmou. Esta informação que as empresas vão passar a transmitir ao consumidor confiança, numa altura em que “se desconfia de tudo”, acrescentou.
A agenda mobilizadora Embalagem do futuro foi criada para desenvolver embalagens reutilizáveis, inclusivas, rastreáveis, interativas, que incorporam sensores, materiais reciclados e biomateriais. Prevê 105 milhões de euros em investimento. No Oeste envolve 10 entidades e investimentos de 10,2 milhões de euros. Esta PPS14 tem um impacto de 5,3 milhões de euros, dos quais 4,2 milhões no Oeste e 3,1 milhões nas Caldas.
Jorge Barosa, presidente da AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste, disse que a associação trabalhou na viabilidade de candidaturas e mobilizou contactos com empresas e apelou a que outras acompanhem o projeto para avaliarem a possibilidade de se tornarem parceiras. ■

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