Empresa do concelho da Nazaré está em lay-off e apresentou proposta a dezenas de funcionários para negociar a saída. Estratégia da administração visa reduzir custos operacionais e, desse modo, manter 260 postos de trabalho. PCP acredita que estas medidas visam lançar no desemprego dezenas de pessoas

A Spal (Sociedade de Porcelanas de Alcobaça), empresa que se encontra em lay-off há vários meses, está a negociar a rescisão de contrato com trabalhadores, mas garante que esta medida se destina a “conseguir preservar os cerca de 260 trabalhadores que continuarão na empresa”.
A administração da empresa assegura que estas medidas têm como objectivo manter a viabilidade de uma das mais emblemáticas cerâmicas da região.
A Spal considera que, não existindo “perspectivas sérias e reais de retoma de encomendas no curto e médio prazo para os níveis anteriores à pandemia”, esta é uma das soluções para ultrapassar o momento adverso. Nesse sentido, a empresa encetou negociações com funcionários “com vista a negociar a sua saída”, mas nega que o processo esteja a suscitar celeuma entre os trabalhadores.
Na semana passada, o PCP revelara que a empresa se preparava para uma “grande transformação” e acusava a administração da empresa do concelho da Nazaré de fazer “tábua rasa dos direitos conquistados pelos trabalhadores”.
“Nos últimos dias mais de 180 trabalhadores (num universo de 300) têm recebido a informação de que a suspensão do seu contrato de trabalho se prolongará até final de Agosto, podendo esta suspensão ser prorrogada”, alertava a direcção da Organização Regional de Leiria do PCP (Dorlei), para quem “esta suspensão em massa de contratos de trabalho é apenas o início de uma caminhada que tentará colocar muitas dezenas de trabalhadores no desemprego livrando-se a empresa de cumprir escrupulosamente com os direitos consagrados dos trabalhadores”.

EMPRESA TENTA RECUPERAR RESULTADOS

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A Spal é uma renomada empresa ligada à porcelana, tendo sido fundada em 1965. Em 2010, deixou de pertencer às famílias fundadores e foi adquirida em 2010 pelo grupo Cup & Saucer (Famalicão). Na última década, a empresa “vem lutando para melhorar os seus resultados”, mas os problemas financeiros “arrastam-se há mais de 20 anos”, assume a administração.
A covid-19 obrigou a Spal “a fazer face a uma queda abrupta de actividade”, tendo o recurso ao lay-off “o único apoio de que a empresa beneficiou neste momento adverso”, pese embora a empresa seja detida em 35% pelo Estado, sob gestão da PME Investimentos.
No entanto, o PCP contesta a posição da administração de diminuir a força de trabalho. “Num quadro em que o que é necessário é apostar na reindustrialização do país e no fortalecimento da produção nacional, não se percebe como tudo isso se fará reduzindo o número de trabalhadores”, sustenta a Dorlei.
Em 2019, a Spal apresentou resultados negativos superiores a 2 milhões de euros e está a contas com uma dívida à Segurança Social e a urgência de renegociação da dívida junto da banca. Em 2018, a empresa era a maior empregadora do concelho da Nazaré (413 trabalhadores), com volume de negócios de 13,1 milhões de euros.

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