Selo de garantia de qualidade da cerâmica portuguesa lançado nas Caldas

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Notícias das CaldasNo passado dia 24 de Maio, foram atribuídos, no Museu da Cerâmica, os primeiros 14 selos  “Ceramics – Portugal Does It Better”, às empresas do sector da cerâmica nacional. Esta distinção, criada pela Associação Portuguesa da Indústria da Cerâmica (APICER) pretende prestigiar e valorizar a produção de cerâmica, reconhecer excelência às empresas e reforçar a notoriedade da cerâmica portuguesa a nível internacional.

As empresas Cobert (Bombarral), Coelho da Silva e São Bernardo (ambas de Alcobaça) estão entre as 14 primeiras empresas a quem foi atribuído o selo “Ceramics – Portugal Does It Better”, juntamente com a Vista Alegre, Recer, Roca e Revigrés. Esta distinção resultou da avaliação de um comité composto por cinco instituições (CTCV, Universidade de Aveiro, ESAD.CR, CENCAL e APICER) que tomou a sua posição tendo por base 10 critérios, que vão desde a qualidade à certificação do produto, passando pela energia, inovação, design, responsabilidade social, património vivo e exportações.
Augusto Vaz Serra, presidente do Comité de Avaliação das candidaturas destacou a “feliz” designação da marca, que transmite uma mensagem que “redime algum desconforto que tem sido transmitido por anos de instabilidade política e económica e ausência clara de política industrial com consequências na marca Portugal”.
Na sua opinião, este Portugal does it better transmite uma mensagem de confiança e responsabilidade para clientes e consumidores, tanto mais que tem subjacente um conjunto de “exigências de grande responsabilidade industrial e actividade empresarial, inseridas num contexto social”.
Augusto Vaz Serra destacou ainda que agora é preciso empenho na divulgação em mercados internacionais de uma imagem de marca responsável, acompanhado da explicação do seu significado. “A divulgação desta mensagem, que é muito forte, é essencial e pode ser entendida como um reforço não só da indústria cerâmica, mas como do próprio país dada a forma como a marca está desenhada”, defendeu.
O facto da cerimónia decorrer no Museu da Cerâmica também foi muito visto com muito bons olhos por Augusto Vaz Serra, que destacou a tradição e cultura que o país tem ligada à cerâmica, não só ao nível da azulejaria como da cerâmica decorativa e utilitária.
O presidente da APICER, Duarte Garcia, explicou que o selo da cerâmica, desenvolvido no âmbito do QREN, fez o seu percurso para crescer e justificar a adesão das empresas, como “instrumento privilegiado de comunicação do sector  com o mercado, nomeadamente o internacional”, acrescentando que no próximos meses de Junho e Setembro será apresentado na Suécia e Marrocos.
Actualmente esta indústria representa um volume de negócios de 972 milhões de euros e emprega 17.305 trabalhadores. “É um sector tradicionalmente exportador”, explicou o responsável, acrescentando que em 2012 exportou 600 milhões de euros para 151 mercados e contribuiu positivamente para a balança comercial portuguesa com mais de 470 milhões de euros.
De acordo com os dados da APICER, Portugal é o segundo exportador mundial de loiça de uso doméstico em faiança, grés e barro comum, e o quinto exportador mundial de pavimentos e revestimentos não vidrados ou esmaltados.
Presente no evento, o secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, Franquelim Alves, realçou que a cerâmica é um sector em que, “cada vez mais a componente intangível do produto é relevante, ao nível do design, inovação e criatividade, assim como na própria imagem que vende”. Também ele considerou “particularmente feliz” a mensagem porque este é um sector em que Portugal “faz coisas melhores e tem provas dadas no exterior”.
O governante destacou ainda que esta é uma área onde as associações empresariais, nomeadamente as sectoriais, têm sido bastante dinâmicas, na utilização dos fundos comunitários para a sua promoção e divulgação.
“Apoiar esta iniciativa é uma afirmação de áreas em que temos valor acrescentado”, disse, defendendo que a internacionalização é determinante para este sector. Franquelim Alves considera que a abertura dos mercados é benéfica, nomeadamente para economias pequenas como a portuguesa, que “tem muito a ganhar com a possibilidade de estarmos presentes em qualquer mercado”.
O governante recordou as recentes medidas europeias de combate à concorrência desleal, especialmente oriunda de países asiáticos, e considera que esta é uma “oportunidade acrescida de nos posicionarmos com força reforçada”.
Também o governo tem vindo a desenvolver iniciativas de apoio à indústria e economia, desenvolvendo mecanismos mais simplificados de licenciamento, o lançamento de linhas de apoio às PME, ou a continuação da utilização dos fundos comunitários a áreas de reforço de capitais das empresas.
Também presente no evento, a directora do Museu da Cerâmica, Matilde Couto, falou do acervo e das acções que desenvolvem e congratulou-se por ficarem associados a esta nova marca “Ceramics – Portugal does it better”.

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Aplicação de taxas à cerâmica chinesa “só peca por tardia”
Para Miguel Bouça, administrador da Porcel, a decisão da União Europeia (UE) conhecida esta semana de aplicar taxas aduaneiras aos produtos cerâmicos provenientes da China por “dumping” social “só peca por tardia”. O empresário realça que a UE os obriga a diversas medidas legislativas e que, por outro lado, “entram cerâmicas vindas de outros lados, nomeadamente da China, onde não se cumprem essas regulamentações. É uma competitividade selvática”.
Miguel Bouça acrescenta ainda que, por vezes, são apresentados preços que praticamente só cobrem o custo da matéria prima, o que o leva a interrogar-se o que estará por detrás desses negócios. Estas medidas vêm, assim, “colmatar uma injustiça e  colocar verdade na competitividade que tem que haver nas empresas”.
No que respeita ao selo “Ceramics – Portugal Does It Better”, considera que é importante se os empresários souberem tirar o devido proveito dele, com acções de marketing. “Podemos ter coisas excelentes mas se não for divulgada ninguém sabe”, afirma.
Miguel Bouça disse ainda à Gazeta das Caldas que estas medidas vêm criar “alguma frescura” num momento em que as pessoas andam deprimidas e que queremos que potencie a economia e o negócio.
O engenheiro cerâmico conhece as Caldas da Rainha há cerca de 30 anos e lembra-se de existirem várias empresas de cerâmica na estrada entre as Caldas e a Foz do Arelho, e agora conhece apenas duas, a Molde e a Bordalo Pinheiro.
“Havia três grandes pólos de cerâmica no país: Caldas da Rainha e Alcobaça, a região de Aveiro e a de Barcelos. Agora o maior pólo de cerâmica em Portugal é Aveiro”, remata. F.F.

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