
“Internacionalizar e aumentar as exportações, revitalizar o tecido empresarial e cobrir lacunas de financiamento da economia, lançar novas dinâmicas de emprego, reindustrialização e valorização territorial e regional”. São estas as prioridades definidas pelo governo para valorizar a produção nacional. Quem o diz é o secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional, António Almeida Henriques, que no passado dia 25 de Setembro abriu a conferência dedicada à Produção Nacional realizada no Your Hotel & Spa, em Alcobaça.
Almeida Henriques falava perante uma plateia de mais de 150 empresários da região e defendeu que “é no sistema produtivo nacional que radica a chave para o crescimento sustentável e o emprego” e que a resposta para a crise passa precisamente pela expansão e internacionalização das empresas portuguesas.
Salientando que a economia nacional está muito perto de atingir o equilíbrio, o governante acredita que se estão a dar importantes passos rumo à sustentabilidade, nomeadamente com “o muito bom desempenho das exportações, num contexto de forte contenção económica no espaço europeu”, que aumentaram 6,5% nos primeiros meses do ano, e com “a atenuação dos factores estruturais do endividamento externo, por via do ajustamento do lado das importações”.
Na que diz ser uma “reorientação geoestratégica muito inteligente e sensível das exportações nacionais”, a tónica é posta nos novos mercados que as empresas portuguesas têm conseguido conquistar, sobretudo fora do espaço comunitário. “Os números relevam que estamos a afirmar a produção nacional e as nossas empresas na nossa grande fachada atlântica e que estamos a saber tirar partido do imenso potencial de mercado e de negócio dos países de língua oficial portuguesa e do Mercosul”, congratulou-se o secretário de Estado.
Num debate inserido no ciclo Conferências do Oeste, no qual se abordaram ainda as dificuldades no acesso ao crédito por parte das empresas, a necessidade de monitorizar apoios e estimular a economia nacional, Almeida Henriques garantiu que “o Governo não vira a cara às dificuldades nem deixou as empresas entregues a um destino de ameaças”.
A reforma da lei laboral, o programa Revitalizar, a reforma da Justiça, a lei da Concorrência, a reestruturação e relançamento de instrumentos de financiamento, como a linha PME Crescimento e os fundos de capital de risco público, foram alguns dos exemplos apontados.
Não menos importante, “a reprogramação estratégica do QREN, na qual se destaca a reorientação de mais de 2200 milhões de Euros do QREN para a Economia e o Emprego”. Nesta proposta, que deverá ser aprovada dentro de semanas pela Comissão Europeia, “o orçamento dos incentivos directos às empresas será reforçado em mais 705 milhões de euros”, com prioridade para as empresas exportadoras de bens e serviços e para as iniciativas empresariais de estratégias colectivas.
Relativamente ao QREN, Almeida Henriques anunciou em Alcobaça que a taxa de execução do quadro de apoios comunitários atingiu em Setembro os 50%, o que se traduz em 10,7 mil milhões de euros, “desmentindo receios sobre a capacidade de aproveitarmos estes importantes recursos de investimento para as regiões e a economia. Mas desmentindo também, na prática, os rumores de um bloqueio e de uma paragem do QREN”. Até ao final de 2012, o governo quer chegar aos 60% de execução.
Ao reforço anunciado para o QREN, juntam-se ainda os Fundos Regionais de Revitalização e Expansão Empresarial e os estímulos às PME do Plano Estratégico “Impulso Jovem”, o que faz ascender o aumento de recursos para as empresas ao montante de 1.100 milhões de euros. O governante destacou ainda o Programa Revitalizar, que pretende criar “condições para colocar uma marca na recuperação das empresas viáveis em Portugal”. Actualmente decorrem já 158 Processos Especiais de Revitalização, que representam “668 milhões de euros de volume de negócios e 6000 postos de trabalho, que podem ser salvaguardados através deste mecanismo”.
“Portugal tem que mostrar que existe”
Exportar mais foi também o conselho deixado aos presentes por Henrique Neto. O empresário e antigo deputado à Assembleia da República defendeu a necessidade das exportações de Portugal ascenderem aos 60%, aproximando-se dos números de outros países com dimensões semelhantes. “Portugal é o único país pequeno da União Europeia que tem um modelo económico próprio dos grandes países, que têm um grande mercado interno. Mas Portugal não tem um grande mercado interno”, ressalvou.
No entanto, alertou que é preciso olhar as exportações de forma diferente. “Exportamos muito em subcontrato e não a clientes finais. Necessitamos, como pão para a boca, de empresas integradoras, que adquiram moldes, artigos de cerâmica, etc. e os incorporem num produto final que depois seja exportado”, disse.
O que também é preciso é saber o que se procura lá fora. “Não vale a pena produzirmos algo que nos é muito querido se ninguém o quiser lá fora”, afirmou Amândio Santos, presidente da Portugal Foods, garantindo que há um mundo de potencialidades para explorar. “Em termos de mercado, Portugal não é sexy, não tem marca, mas tem um fascínio enorme pelas suas condições endógenas, pelo seu clima, que deve ser explorado”.
O que é preciso então? “Portugal tem que criar valor e para isso tem que criar marca, mostrar que existe”. E isso passa não só por dar a conhecer lá fora o que de melhor se faz por cá, mas também apostar em missões inversas, que tragam ao país os compradores.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt






























