O secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, destacou a importância que as CIM podem ter na desburocratização do investimento e no desenvolvimento empresarial, durante uma visita ao Oeste no passado dia 13 de Dezembro. O membro do governo elogiou os bons exemplos que encontrou nas empresas que conheceu.
A visita de João Correia Neves ao Oeste iniciou-se nas Caldas da Rainha, na sede da OesteCIM. Aproveitando a reunião do Conselho Intermunicipal, o secretário de Estado da Economia (integrado há cerca de dois meses na última renovação do governo) reuniu, à porta fechada, com os autarcas da região. No final da visita disse aos jornalistas que vê nestas estruturas de poder local uma “perspectiva de desburocratização de serviços” e que a acção das Comunidades Intermunicipais (CIM) “pode ser decisiva para a criação de um ambiente económico favorável ao bom investimento”.
O destino que se seguiu foi as novas instalações da Tekever, na Zona Industrial das Caldas da Rainha. A empresa vai migrar a actividade que tem actualmente em Óbidos, onde atingiu o limite da capacidade, numa altura em que se prespectiva um crescimento acentuado.
Ricardo Mendes, administrador e um dos fundadores da empresa, explicou numa curta apresentação que a Tekever opera em três ramos distintos. Tem uma base tecnológica, com a qual desenvolve sistemas informáticos de interacção entre empresas e os seus clientes, dando como exemplo os interfaces das clínicas CUF e do banco Santander Totta.
O desenvolvimento de sistemas informáticos está também interligado ao segundo sector da empresa, mas talvez o mais conhecido: o fabrico de drones.
Ricardo Mendes explicou que a empresa se posicionou num mercado dos drones de média dimensão, direccionados para os sistemas de segurança militar. Por esta ser uma gama na qual há pouca concorrência internacional, a empresa tem ganho muitos contratos e tem crescido de forma constante.
Os drones são fabricados numa unidade que a empresa tem em Ponte de Sor. As instalações das Caldas servirão para manutenção das aeronaves, desenvolvimento e produção de componentes de electrónica para estas. Ali funcionarão também escritórios.
Ricardo Mendes realça que as novas instalações, para onde a operação da empresa se deverá mudar em pleno até final do próximo mês de Janeiro, já vão estar a 80% da capacidade e que rapidamente as necessidades da Tekever estarão nos 120%. A empresa emprega perto de 80 pessoas só nas instalações do Oeste. Além destas e das de Ponte de Sor, tem escritórios em Lisboa e um departamento de engenharia e centro de operações em Southampton (Inglaterra).
APOSTA NA EXPLORAÇÃO ESPACIAL
Há ainda um terceiro sector de actividade na Tekever, que é a produção de satélites espaciais. Ricardo Mendes adiantou na sua apresentação – que foi seguida, entre outros, pelo secretário de Estado e pelo presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira –, que a empresa estima lançar o seu primeiro satélite em 2020, com um modelo de negócio que irá assentar na venda de serviços, mantendo a Tekever a propriedade dos aparelhos. O mercado preferencial nesta área de negócio será o do Sudeste Asiático, onde existe um maior distanciamento com os Estados Unidos da América, país líder na exploração espacial.
Além da apresentação, o secretário de Estado pôde conhecer os drones produzidos pela Tekever e perceber o seu funcionamento. João Correia Neves achou “extraordinário” o que viu nesta empresa e destacou a visão empresarial que levou à aposta em sectores tão pouco prováveis em Portugal como o aeroespacial.
CONHECIMENTO AO SERVIÇO DA REGIÃO
Da parte da tarde, depois de ter visitado o Centro de Investigação e Desenvolvimento, Formação e Divulgação do Conhecimento Marítimo (CETEMARES), em Peniche, e a empresa Nigel, o secretário de Estado esteve no Parque Tecnológico de Óbidos, onde conheceu a actividade de várias empresas que ali se encontram alojadas.
João Correia Neves mostrou-se entusiasmado com as soluções tecnológicas que lhe foram apresentadas e salientou a importância de se construírem estes ecossistemas que proporcionam cooperação entre empresas até com competências diferentes. O governante disse aos jornalistas que é importante colocar estes centros ao serviço dos produtos da região, de modo a acrescentar-lhes valor e também para atrair novo investimento que possa ser de referência.
De tudo o que viu durante a visita, o secretário de Estado da Economia disse levar “impressões muito positivas” do Oeste. Após um período de crise que fez decrescer o investimento “para níveis quase inimagináveis”, esse período permitiu às empresas perceber que os modelos de negócio tinham que ser adaptados e a saída foi a internacionalização. João Correia Neves diz que, hoje, as empresas têm que ter capacidade competitiva, bons recursos humanos e pagar salários adequados.
Durante a visita a Óbidos, o presidente da Câmara, Humberto Marques, aproveitou para fazer alguns pedidos ao secretário de Estado, de modo a favorecer também a actividade empresarial no concelho. Entre esses pedidos estiveram a necessidade de avançar rapidamente com a modernização da Linha do Oeste, de um novo hospital para a região e políticas de requalificação de recursos humanos e de migração, que resolvam as dificuldades de mão-de-obra das empresas. “A resposta foi que se está a trabalhar nesses dossiers, por isso aguardo”, disse o autarca no final do encontro.






























