
O Porco Saloio iniciou, em Janeiro, o processo de comercialização. Ainda em fase piloto, o projecto pretende dinamizar o Malhado de Alcobaça, que se caracteriza por ter textura e sabor diferenciados. O método de produção assenta na qualidade do produto
É numa propriedade na Azambujeira (Benedita), não muito longe do Mercado de Santana, que João José desenvolve o Porco Saloio, com a r aça Malhado de Alcobaça.
O projecto tem 9 meses no terreno, mas começou a ser criado há cerca de 10 anos na cabeça de João José, o promotor.
Engenheiro zootécnico de formação, trabalhou no ramo da suinicultura industrial, mas sempre considerou que faltava uma alternativa na região Oeste.
“Começou a falar-se no Mal hado de Alcobaça, uma raça praticamente extinta. Como o que havia era produção intensiva, tentou-se explorar desse modo, mas a minha percepção era de que só fazia sentido um modo de produção adaptado às características da raça”, conta.
E foi o que fez. O modo de produção é o mais natural possível. Os animais têm ciclos de vida mais longos, de 8 meses, e são criados em liberdade. Na alimentação utiliza apenas 30% de ração, sendo o restante composto por frutas e hortícolas da região, adquiridos a armazenistas e industriais e que antes iam para aterro. Não são administrados antibióticos aos animais.
Este método de produção resulta numa maior infiltração de gordura na carne, o que a torna mais saborosa, mais suculenta e saudável.
Nesta fase inicial do projecto, a comercialização está a ser feita 100% online, através da página do Porco Saloio no Facebook (facebook.com/porcosaloio). , realça João José.
A empresa é responsável pelo processo de produção e de comercialização. Os animais são depois encaminhados para matadouro e desmanche, serviços que são contratados a prestadores de serviços.
Os clientes optam. E podem até adquirir um quarto do animal (cerca de 12 quilos de carne), com a respectiva proporção de peças nobres (fatiadas ou não).
A carne é, depois, recolhida na Loja da Carne, na Benedita, de modo a não haver quebras na cadeia de frio. A carne é embalada a vácuo e pode ser consumida no imediato ou, então, congelada.
Além do cliente final, João José está a trabalhar com um restaurante beneditense, o Costa Brava (situado junto ao IC2). “O feed–back está a ser muito bom, tanto do restaurante, como dos clientes”, refere João José.
O produtor está também a trabalhar com outras empresas para fazer o aproveitamento das partes menos nobres do porco, para que não haja desperdício. Uma das parcerias é com a Taverna do Baleia, também da Benedita, onde se serve um menu com enchidos e uma feijoada de Malhado de Alcobaça.
“São testes que estamos a fazer. Temos uma empresa a fazer enchidos, como chouriços e paiolas, com a nossa carne e as nossas receitas, para valorizar estas partes menos nobres”, refere João José.
INDUSTRIALIZAÇÃO DESVALORIZA O MALHADO
O Porco Saloio é um projecto ainda numa fase muito embrionária. João José diz que só depois de finalizada a comercialização do primeiro lote de 14 animais poderá fazer um balanço e avaliar a viabilidade comercial.
No entanto, o produtor acredita que há potencial para continuar. “Já temos leitões para entrar”, acrescenta.
O empreendedor acredita que esta forma de produzir é a mais correcta para valorizar o Malhado de Alcobaça, uma raça cujas características saem prejudicadas com os processos de produção industrializados. A dinamização da raça poderá ser conseguida com a criação de pequenos núcleos de produção e pequenos lotes, de modo a tirar partido da qualidade e características do produto final. “Não podemos competir com raças industriais em termos de crescimento, aproveitamento de ração, temos que ir pelo outro lado”, sustenta.
João José acredita ainda que haverá vantagens em afirmar o Malhado de Alcobaça localmente através dos restaurantes locais, como já outras empresas fazem, como a Sabores do Malhado, criando dessa forma mais um atractivo para quem visita o Oeste.






























