Parque Tecnológico de Óbidos quer ajudar a tornar o sector agrícola mais eficiente

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Produtos de agricultura biológica e comida saudável estiveram em destaque no primeiro dia aberto do Parque Tecnológico | Fátima Ferreira

O Parque Tecnológico de Óbidos (PTO) promoveu no passado dia 13 de Junho um dia aberto com a realização de um mercado biológico e de street food saudável.

O objectivo desta iniciativa foi a promoção do convívio entre as empresas e a comunidade, mas também dar ênfase à aposta que está a ser feita de ligação entre as novas tecnologias e a agricultura, com empresas ali sediadas a criar ferramentas para o sector.

Uma dezena de bancas de produtores biológicos dispunha-se pelo espaço exterior dos edifícios centrais. Entre legumes, fruta, vinhos ou azeite, era possível encontrar uma variedade de produtos criados sem recurso ao uso de pesticidas ou através de práticas sustentáveis.
Entre os vendedores, o presidente do distrito da Ordem dos Médicos, Pedro Coito, apresentava o seu azeite biológico “Casa dos Poços”. A família, da Beira Alta, há gerações que tinha olivais e produzia azeite, mas desde há seis anos que o médico e as irmãs, decidiram apostar no modo biológico, tendo já certificados o olival, a azeitona e o lagar. O resultado é um azeite de óptima qualidade e difícil de encontrar devido à sua acidez de apenas 0,1%. “Somos pequenos produtores, mas o que fazemos é com gosto e tem qualidade”, disse, acrescentando que comercializam o produto para lojas de venda de produtos biológicos, sobretudo em Lisboa e no Norte, mas também na Mercearia Pena, nas Caldas da Rainha.
Comercializado em garrafa e lata, com a marca “Casa dos Poços” só é vendido azeite produzido na propriedade, de cerca de 13 hectares de olival. De acordo com Pedro Coito, a produção pode variar entre as 13 e as 20 toneladas, dependendo do clima e da limpeza feita às árvores.
O produtor diz que “há cada vez mais pessoas a querer consumir produtos biológicos, mas é um caminho que ainda se tem que fazer”.
A par dos produtos biológicos, várias carrinhas de street food saudável apresentavam as propostas aos clientes, que durante toda a tarde foram passando pelo parque tecnológico.
Esta foi a primeira iniciativa do género realizada pela Obitec (entidade que gere o PTO) e segundo o seu presidente, Humberto Marques, pretendem promover uma maior abertura do parque à comunidade. Por outro lado, querem chamar a atenção para a agro-tecnologia. “É importante que as pessoas compreendam que o parque de ciência e tecnologia existe também para resolver muitos dos problemas e desafios que se colocam a áreas como a agricultura e turismo”, defendeu.
O também presidente da Câmara referiu ainda que as linhas orientadoras da PAC (Política Agrícola Comum) têm evoluído para a agricultura verde e defende que o futuro passa por uma maior sustentabilidade deste sector.

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Aplicações para smartphones

O PTO encetou recentemente contactos com o Instituto Superior de Agronomia (Lisboa) e a Universidade de Coimbra, para desenvolver projectos de investigação na área da agricultura, nomeadamente com a criação de aplicações que possam ter uma utilização prática a partir de smartphones.
“Os produtores precisam de ter um controlo tecnológico que lhes permita receber informação do que a sua cultura está a precisar, para que possa tirar o máximo de rendimento”, disse Humberto Marques, destacando a importância da monitorização da cultura 24 horas por dia a partir de um smartphone.
Pretendem começar pela fruticultura, que é o sector com mais desenvolvimento ao nível da investigação, e o objectivo é que a aplicação criada possa depois ser internacionalizada. “Neste momento existem muitos estudos feitos, mas na prática ainda não se consegue tirar esse potencial da produção”, disse, adiantando que o trabalho será feito com os produtores da região.
Esta ligação das novas tecnologias com a agricultura já conta com alguns resultados, por parte de empresas do PTO. A Impactwave tem trabalhado na área e criou uma aplicação que permite ao agricultor perceber qual é o produto mais indicado para tratar de uma doença ou praga na sua cultura. Também foram desenvolvidos outros projectos como o premiado Ultracarpo, uma aplicação para smartphone, com um dispositivo de ultra sons que permite ao produtor fazer o diagnóstico do estado de maturação de um fruto e calcular automaticamente o seu calibre.

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