Parque Tecnológico de Óbidos e NERLEI querem cooperação entre empresas tecnológicas do distrito

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Gazeta das Caldas
A realização de encontros e tertúlias entre agentes da economia digital e tradicional é vista como fundamental para o desenvolvimento de ambas |Joel Ribeiro

A realização de encontros e tertúlias entre agentes da economia digital e tradicional é vista como fundamental para o desenvolvimento de ambas
Foi desta premissa que se partiu para um encontro que sentou à volta de uma mesa redonda agentes da economia digital e da economia tradicional, numa iniciativa do Parque Tecnológico de Óbidos (PTO) e da NERLEI que teve lugar no passado dia 13 de Outubro. O objectivo do encontro foi dar um primeiro passo de aproximação entre empresas para uma partilha de conhecimentos que poderá, no futuro, ajudar a valorizar o território do distrito.

Muitas empresas tecnológicas têm desenvolvido ferramentas informáticas que visam rentabilizar negócios vistos como tradicionais, como são os casos da agricultura e da indústria.
Óbidos e Leiria querem afirmar-se como territórios por excelência para a fixação destas empresas tecnológicas e a união e a partilha de conhecimento são vistas pelo PTO e pela Associação Empresarial da Região de Leiria – NERLEI, como mais-valias que podem ajudar a dinamizar o território de um distrito que ainda está desvalorizado.
O encontro promovido em Óbidos foi apenas um primeiro passo dado nesse sentido. À mesma mesa estiveram vários representantes de empresas digitais da região de Leiria e do Oeste, juntamente com representantes do sector agrícola e da indústria cerâmica.
“Não faz sentido que um património administrativo como o distrito de Leiria tenha apenas no Instituto Politécnico de Leiria o único polo aglutinador e de transferência de conhecimento”, explicou Miguel Silvestre, diretor-executivo do PTO.
O responsável sublinhou que é preciso fazer com que as empresas da economia digital não se afastem muito das da economia tradicional, de modo a que percebam como podem auxiliar-se mutuamente. E também que as tecnológicas que possam trabalhar áreas idênticas caminhem juntas para progredirem e ganharem escala.
Neusa Magalhães, presidente da NERLEI, apresentou o grupo de trabalho TICE.Leiria, que envolve e mobiliza toda a cadeia de valor na área das Tecnologias da Informação, Comunicação e Eletrónica com o intuito de desenvolver um ecossistema favorável ao crescimento das empresas.
“Hoje os desafios nesta área são mais que muitos e este casamento entre a área digital e a área mais tradicional é essencial”, afirmou.
Actualmente está a ser realizado no distrito um estudo sobre a Indústria 4.0 (indústria com uma forte componente de tecnologia), pela consultora PWC, e Neuza Magalhães lançou o desafio de tornar o distrito num laboratório tecnológico, o que depende de encontros como este e de debates de ideias entre os diversos agentes.

AGRICULTURA NA LINHA DA FRENTE

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A agricultura é um dos principais sectores da região e Miguel Leão, representante do sector neste encontro, falou da importância que as tecnologias já têm na rentabilidade das culturas.
Com margens cada vez mais reduzidas na venda dos produtos, “só os produtores mais eficazes conseguem obter rendimento”, referiu, apontando a resistência à modernização das culturas como um erro.
Hoje em dia já existe muito trabalho realizado no setor, sobretudo ao nível da rega. No entanto, há ainda muito a fazer, acredita Miguel Leão, investigador do Instituto Superior de Agronomia. A agricultura precisa de fazer uma monitorização em tempo real da produção e que sejam criadas ferramentas para perceber como os produtos se estão a desenvolver e avaliar de forma precoce doenças e pragas para agir em prevenção. É que o atraso no diagnóstico significa perder valor no produto final.
Miguel Leão deu como exemplo a vizinha Espanha, onde se investiram milhões de euros em centros de desenvolvimento regional, defendendo que essa estratégia deve ser seguida em Portugal para potenciar o que pode ser melhor trabalhado em cada região. O especialista deu mesmo como exemplo a área do desenvolvimento de plantas, que em Portugal não existe, apesar de no país existirem as condições naturais ideais, que no estrangeiro têm que ser recriadas artificialmente.
O investigador e empresário agrícola lançou ainda o desafio de tornar os pomares da região os mais tecnológicos do mundo. “Temos o know-how agrícola, precisamos do tecnológico e pelos vistos ele existe”, completou.

INVESTIR NA FORMAÇÃO

Uma das questões debatidas pelos empresários foi a problemática da formação de profissionais de engenharia informática, que se mantém apesar do IPL ter aumentado nos últimos anos as vagas neste curso.
No entanto, os empresários apontam que o problema não é apenas a falta de profissionais, é também o nível de aprendizagem com que saem dos cursos, que na maioria dos casos não corresponde às expectativas. Neste sentido, nesta reunião ficou registada a necessidade de criar mecanismos de passagem de informação entre as empresas e as escolas.

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