
A Câmara e o Centro de Gestão da Empresa Agrícola de Óbidos estão a desenvolver um “Plano de Desenvolvimento Agrícola Sustentável para o concelho de Óbidos”, assente na aplicação de boas práticas agrícolas, modernização, desenvolvimento e sustentabilidade do meio rural neste concelho.
Através do protocolo estabelecido no passado dia 20 de Janeiro, o Centro de Gestão compromete-se a promover junto dos agricultores o uso de boas práticas agrícolas e reduzir o uso de fitofármacos em 30%. Deverá também, entre outros objectivos, fomentar parcerias e participar na construção de uma marca de âmbito local – a marca Óbidos – que certifique a proveniência geográfica do produto e a adopção de boas práticas agrícolas por parte dos agricultores aderentes.
De acordo com Sabino Félix, presidente do Centro de Gestão de Óbidos, esta certificação obriga a que os agricultores criem zonas, protegidas por bandas, onde colocam plantas para que possam “acomodar” os auxiliares, que são pequenos insectos que reequilibram a natureza. Trata-se de um “meio termo entre a agricultura biológica e a tradicional”, que leva a que os agricultores só tenham que intervir com produtos químicos quando não houver outra alternativa.

O projecto será implementado nos próximos três anos e, de acordo com o responsável, os agricultores têm mostrado vontade em participar.
Sabino Félix realça ainda que 90% dos agricultores já utilizam técnicas ambientais bastante boas na produção e que o maior problema que enfrentam está na distribuição. “Quase 100% dos produtores da região entregam os produtos à consignação”, afirma, acrescentando que depois de todo o processo de comercialização, que passa por centrais fruteiras e grandes superfícies comerciais, “só se sobrar alguma coisa é que vai para o agricultor”.
A marca Óbidos pretende colmatar essa situação, com a necessária justiça social. “Tem que haver a repartição dos lucros por todas as partes”, defendeu Sabino Félix, justificando que a união entre os produtores e as parcerias com as centrais e cooperativas serão um elemento forte nesse sentido.
O centro de gestão de Óbidos, que actualmente conta com cerca de 300 associados, está também a criar uma central de aprovisionamento que visa a aquisição de combustível, produtos químicos usados na agricultura, ou mesmo seguros. “Estamos a negociar as coisas em conjunto, de modo a ter escala que nos permita reduzir os custos de aquisição”, explicou o responsável, que também é agricultor no concelho.
Em projecto está ainda a reactivação da rede de estações meteorológicas de Óbidos e a implementação de modelos de previsão de pragas, doenças e necessidade de rega. Através de uma simples mensagem por telemóvel será possível aos agricultores saberem o risco de ocorrência de doenças ou pragas nas suas plantações e quais os melhores produtos para as tratarem.
O protocolo agora estabelecido prevê ainda uma redução em 50% das quotas anuais aos sócios com domicilio fiscal neste concelho, bem como a promoção de acções de formação.
A autarquia compromete-se a apoiar o centro de gestão com um montante máximo de 24 mil euros anuais nos próximos três anos. O valor a atribuir será definido no início de cada ano em função do plano de actividades e orçamento apresentado pelo Centro de Gestão.
O presidente da Câmara de Óbidos, Telmo Faria, destacou que uma agricultura feita de forma mais sustentável permitirá um maior retorno económico para os agricultores, que “terão um produto que tem que ser valorizado”. O autarca referiu ainda que se trata de um “caminho ambicioso”, e que para se obterem resultados a médio e longo prazo, os agricultores terão que começar a trabalhar “já amanhã”.
Telmo Faria lembrou ainda que os centros de gestão, cuja actividade tem decaído nos últimos anos, “têm que ser reaproveitados e potenciados”.






























