A ACCCRO – Associação Empresarial das Caldas da Rainha e do Oeste está a viver uma crise na sucessão.
A actual direcção, liderada por Paulo Agostinho, cumpriu dois mandatos (seis anos), mas não se recandidatou e por isso mantém-se à frente da associação apenas em gestão corrente, dando continuidade ao orçamento que foi aprovado.
O ainda presidente disse à Gazeta das Caldas que espera ter esta questão resolvida em menos de três meses. Na sua opinião, o dirigismo associativo voluntário “tem os dias contados” e gostaria que, no futuro, a ACCCRO pudesse contar com uma direcção executiva (que é remunerada), tal como acontece noutras entidades como a ETEO ou o Montepio.
A ACCCRO está a viver uma crise na sucessão da sua direcção. Paulo Agostinho lidera a actual direcção e cumpriu dois mandatos, mas não está disponível para continuar a liderar a associação. Como tal, foram convocadas eleições para 24 de Maio e, posteriormente, para a 17 de Junho (na passada segunda-feira), mas em nenhuma delas surgiram listas, pelo que estas foram canceladas, tal como está previsto nos estatutos da associação.
A ausência de candidaturas faz com que a actual direcção se mantenha em funções até ao final do mês, altura em que termina o mandato. Após essa data, os órgãos sociais vão manter-se em funções, mas a direcção vai ficar em gestão corrente, ou seja, em mero cumprimento do orçamento que foi aprovado.
A partir de Julho não será possível à associação celebrar novos contratos, podendo a actual direcção apenas cumprir meras funções administrativas. “Temos que encontrar uma solução e ela tem que surgir entre os sócios da ACCCRO”, diz o ainda presidente Paulo Agostinho.
O dirigente acha que seis anos é o tempo ideal para gerir uma entidade deste tipo. “Fi-lo por missão e com o único objectivo de desenvolver a associação”, disse o presidente. A decisão de não continuar “é irreversível” até porque a sua dedicação teve custos para a sua vida profissional e pessoal. “Durante os dois primeiros anos do primeiro mandato trabalhei praticamente todos os dias na ACCCRO”, disse.
Dirigismo voluntário tem os dias contados
Na sua opinião, o dirigismo associativo voluntário “tem os dias contados” dado que as pessoas não estão disponíveis e não querem assumir as responsabilidades que estes cargos envolvem e que exigem que se vista a camisola.
Ainda por cima a actual direcção deixou “a fasquia elevada”, prossegue Paulo Agostinho. “Mas creio que isso até deveria ser um bom desafio para qualquer empresário”.
A ACCCRO tem 116 anos de vida e o seu responsável garante que esta não vai parar pois “vamos cumprir o orçamento que estava previsto e vamos continuar em funções”. Mas adverte que a solução tem que surgir, dos próprios associados, e até finais de Setembro.
“Noventa dias parece-me um prazo razoável para encontrarmos uma solução”, referiu. Mas alerta que é preciso alguma cautela pois as candidaturas em situações de urgência podem surgir “enviesadas e podem ter outros objectivos”. Uma candidatura que seja forçada pode ser de índole política “algo ao qual eu sempre me opus e vou continuar a opor”, concretiza.
Neste momento, a associação possui 600 sócios com as quotas em dia e que, por isso, podem eleger a próxima direcção. Paulo Agostinho afirmou que nos últimos meses fez uma série de contactos entre os associados da ACCCRO para procurar possíveis interessados em assumir os destinos da associação, mas todos responderam que estavam muito empenhados na sua vida empresarial e, como tal, sem tempo para cargos dirigentes.
Para se candidatar a presidente da associação é necessário ser-se sócio há pelo menos três anos e ter as quotas em dia. A sua lista tem que reunir 15 elementos que se distribuem pelos vários órgãos sociais (Direcção, Assembleia Geral e Conselho Fiscal).
Para Paulo Agostinho, a solução ideal para ultrapassar este impasse passaria por remodelar a ACCCRO “permitindo-lhe criar uma direcção executiva, como têm outras entidades como ETEO e o Montepio”. O problema é que, neste momento, isto não é possível de aplicar pois a associação “não dispõe de capacidade financeira para remunerar os seus membros directivos”.
Demissão ao fim do primeiro mês
Paulo Agostinho tomou posse a 11 de Setembro de 2013 e o que encontrou fê-lo pedir a sua demissão um mês depois, o que não aconteceu porque os associados insistiram para que continuasse. “O que encontrei foi uma associação caótica. Tinha um passivo a rondar os 120 mil euros, não existiam métodos de trabalho, objectivos ou estratégias”, afirmou o ainda presidente. Era pois uma instituição “completamente à deriva e em autogestão”. O trabalho desenvolvido “foi árduo” e seis anos depois a associação apresenta a melhor situação financeira de sempre. Nos últimos 30 anos havia um passivo permanente e nos último três anos “conseguimos que este fosse zero, atingindo o equilíbrio financeiro”.
Em jeito de balanço, Paulo Agostinho citou os grandes projectos relacionados com a animação de Natal (feitos em parcerias com a Câmara) e vários outros na área da restauração (como a Tronchuda) e da doçaria, de que é exemplo o lançamento do Pastel Bordalo.
“Há outros projectos menos visíveis e direccionados às empresas como a formação ou a implementação do Comércio Investe, que permite a vários empresários remodelar os seus estabelecimentos”, disse.
Paulo Agostinho explicou que o seu primeiro mandato se destinou “a arrumar a casa” e restaram apenas três anos para realizar projectos. Por fazer, diz, ficou uma revista digital e em suporte físico sobre a actividade da ACCCRO e o anunciado Museu do Comércio. “Acho que este faz falta pois temos uma grande história ligada às empresas, algumas estão a encerrar e há imenso espólio que poderia ser aproveitado e exposto ao público”, rematou Paulo Agostinho.
Direcção da AIRO vai a votos em 2021
A presidência da Associação Empresarial da Região Oeste (AIRO), que tem a sua sede na Expoeste, é liderada por Ana Maria Pacheco e possui cerca de 350 associados. Fazem parte desta entidade empresas de toda a região Oeste.
A actual presidente lidera a AIRO em nome da empresa Fábrica Molde, neste que é o seu terceiro mandato, iniciado em Março de 2018 e que terminará em 2021.
Da actual direcção fazem também parte António Frade, Cristina Cavalheiro, Jorge Barosa, Maria José Ramalho, Miguel Alves e Nuno Santos. Na Assembleia Geral estão Luís Cunha, Eurico Barreto e Alberto Franca. O Conselho Fiscal é composto por Luís Serralheiro, Paula Ferreira e José Santo.
Contas com lucro de 5 000 euros em 2018
A ACCCRO teve em 2018 uma execução orçamental positiva, apresentando um resultado líquido de 5.208 euros.
A associação empresarial apresenta 256.667 euros de receita, cuja principal fatia (59,8%) diz respeito a subsídios à exploração, num total de 153 mil euros destinados quase na totalidade ao evento do Natal, que é co-financiado pela Câmara das Caldas. A segunda verba mais significativa é a prestação de serviços (70.757 mil euros), que teve um ligeiro decréscimo em relação ao ano anterior. Também as vendas diminuíram, cerca de 1.600 euros, para um total de 9.503 euros.
Outra receita importante da associação está relacionada com o projecto Comércio Investe – programa de apoio à renovação de espaços comerciais – e à exploração dos mupis, que renderam 22.979 euros, mais do dobro do que no ano anterior.
Em relação à despesa, totalizou 251.350 euros. A principal fatia dos gastos foi consumida pela organização de eventos. Foram 121.919 euros (mais 32 mil euros que em 2017), de um total de 168,174 euros relativos a fornecimentos e serviços externos. Esta rubrica representa dois terços da despesa da associação.
Ainda dentro dos fornecimentos e serviços externos, a segunda maior despesa são os trabalhos especializados (32.516 euros), que teve um aumento substancial em relação ao ano anterior devido aos projectos de formação e Comércio Investe.
A segunda maior despesa da ACCCRO são os gastos com pessoal, no valor de 54.269 euros.































