Nova administração vai investir 1 milhão de euros na Sagilda

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A Sagilda foi fundada em 1955 e mantém a sua localização nas Águas Santas | Joel Ribeiro

A Sagilda – Sabões Garantia Industrial, Lda., sedeada nas Caldas da Rainha, tem uma nova administração que pretende investir quase 1 milhão de euros, a realizar em dois anos, para aumentar a produção, modernizar a imagem dos produtos, aumentar os postos de trabalho e dinamizar as vendas. A marca Foz Cosméticos será redirecionada para o mercado premium.

 

Sagilda
Ao centro dois dos novos accionistas da Sagilda, Mário Fontemanha e António Lopes Pereira, ladeados por Sara Felizardo, do departamento técnico, e Jorge Leitão, director da fábrica | Joel Ribeiro

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A nova administração tomou conta da Sagilda há cerca de quatro meses e é liderada pelo empresário António Lopes Pereira, de Pombal mas actua no ramo imobiliário na zona de Lisboa. O empresário detém a maioria do capital e tem como sócios Mário Fontemanha e Miguel Aguiar.
À Gazeta das Caldas, o empresário explicou que investir na Sagilda foi uma proposta de negócio que lhe foi apresentada e que levou algum tempo a maturar. Curiosamente, António Lopes Pereira adianta que um dos factores que o levou a avançar foi o contacto com os produtos. Adquiriu várias referências, como os champôs, sabonetes, cremes hidratantes, “e empiricamente percebi que marcam a diferença para outros produtos presentes no mercado, por serem à base de produtos naturais”, disse.
Já à frente dos destinos da empresa, a nova administração substituiu o sebo – que era o tipo de gordura utilizado na composição dos sabonetes – por óleo de palma, o que constituiu mais um passo para reforçar a qualidade do produto final. Em curso está um processo de certificação que comprova que os ingredientes utilizados são de produção sustentável. Além do óleo de palma, a empresa utiliza outros produtos que a posicionam no segmento premium, como o azeite e a cera de abelha.
Outra vantagem comercial dos cosméticos da Sagilda, que são comercializados com a marca Foz Cosméticos (como é o caso dos conhecidos sticks desodorizantes), é que estão imunes ao problema da utilização de produtos cancerígenos (como o alumínio) na indústria cosmética. “Há empresas que estão agora a desenvolver produtos sem esses componentes, mas a Sagilda nunca os utilizou”, realça o empresário.
De resto, está também em curso outro processo de certificação que comprova que os produtos utilizados são de origem natural.
Potenciar o produto e a sua qualidade é apenas uma parte do plano que a nova administração está a implementar para revitalizar a empresa. Esse trabalho passa também por modernizar a imagem e reposicionar a marca Foz Cosméticos como premium label, ou seja, uma marca de topo.
António Lopes Pereira realça que a empresa tem produtos muito apetecíveis, “mas perdeu-se um bocado a noção do valor e estavam a ser praticados preços muito baixos e isso cria dúvidas em quem compra”.
A estratégia passará, por isso, por manter a produção de linhas brancas para os seus clientes empresariais e promover o valor e a diferença da sua própria marca, com presença em lojas de referência neste segmento, mas também em hotéis e em cruzeiros, existindo já contactos nesse sentido.

INVESTIR NA FÁBRICA

Outra vertente da estratégia de revitalização da empresa passa por investir na produção e, para isso, a empresa vai injectar cerca de 1 milhão de euros nos próximos dois anos.
Será adquirido novo equipamento que aumentará a competitividade produtiva da empresa na produção das marcas brancas. No mesmo prazo, os postos de trabalho deverão aumentar dos actuais 22 (16 na Sagilda mais seis na Foz Cosméticos), para cerca de 50. O maior incremento será nas linhas de produção, uma vez que se prevê que a unidade passe a operar em turnos.
Dinamizada será também a área comercial, que esteve durante anos praticamente ao abandono. “A empresa só sobreviveu até agora devido à qualidade do produto e porque tem muitos clientes fiéis”, observa António Lopes Pereira. A dinamização desta área poderá ser feita através de parcerias estratégicas nas áreas comercial e de distribuição.
A estratégia comercial passa por aumentar as vendas nacionais no imediato e, a partir do próximo ano, conquistar quota de mercado externo. As vendas online também estão na mira da empresa.
O empresário realça que aumentar a produção não obrigará a acrescentar capacidade de produção à fábrica, uma vez que esta tem estado a trabalhar apenas a cerca de 20%.
Com o investimento que está a ser realizado, a empresa ficará saudável em termos financeiros e concorrenciais tanto no mercado nacional, como internacional, acreditam os empresários. Estes sublinham ainda que não vão retirar qualquer proveito da empresa enquanto esta não tiver capacidade para tal.
A nova administração adianta que encontrou a empresa com debilidades financeiras, sobretudo devido a erros cometidos na política de preços, que se mantinham desde 2013, ao passo que os descontos para os grossistas aumentavam. “Há trabalho a ser feito nessa área, mas acreditamos na capacidade de resiliência da empresa pelo que passou até agora sem fechar”, observa António Lopes Pereira.
As instalações da Sagilda, nas Águas Santas, sofreram também uma intervenção. O exterior foi pintado e no interior foi retirado material obsoleto. Uma das máquinas que se encontrava inactiva será reabilitada. Era utilizada para produzir massas para sabonetes hidratantes, mas avariou-se e essas massas passaram a ser importadas da Alemanha. “Já cá veio o fabricante, que disse que temos aqui uma relíquia e até se ofereceu para a adquirir para o seu museu, mas queremos pô-la a funcionar porque já deu muito dinheiro à Sagilda”, disse António Lopes Pereira.

 

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