Luís Rodrigues
Gerente no balcão das Caldas da Rainha da CGD
Há quantos anos trabalha neste banco?
Iniciei a atividade bancária em março de 1991, portanto há 28 anos.
Do que mais gosta na sua atividade profissional?
Fazer diferença na vida concreta das pessoas. Não há nada mais gratificante do que ter a consideração dos clientes pela diferença que podemos fazer nas suas vidas, não só pelos conselhos que lhes damos, mas pelas relações humanas que construímos. São relações que duram no tempo.
O Banco de Portugal já recomendou maior prudência na concessão de crédito. Como é que essa recomendação tem sido veiculada nos balcões, junto dos clientes, em especial às pequenas empresas locais?
As recomendações do Banco de Portugal, estão incorporadas pela CGD nas diversas direções de risco.
A CGD tem bem definido os riscos que pretende assumir junto dos seus clientes empresas e particulares. Este modelo além de ter associado determinados parâmetros para a decisão, incorpora num todo, todas as recomendações do Banco de Portugal, umas mais relevantes que outras.
Não existe junto dos clientes, uma comunicação objetiva das recomendações do Banco de Portugal. Nas decisões comunicadas aos nossos atuais e potenciais clientes, é realizada uma avaliação quantitativa e qualitativa do negócio/atividade, por forma a aferir o risco associado, a cada situação. Esta abordagem tem também logo incorporada, a prudência e análise dos riscos associados e recomendados pelo Banco de Portugal.
Com juros muito baixos nos depósitos, que produtos de poupança são sugeridos aos clientes?
Existem as aplicações tradicionais, depósitos a prazo com uma remuneração reduzida.
Existem igualmente outro tipo de produtos financeiros, com níveis de risco e remuneração do capital diferenciados, a opção passará pelo perfil financeiro de cada cliente.
O tecido empresarial das Caldas da Rainha é estimulante para a banca?
Sim, o tecido da região é variado e estimulante. É uma atividade que vai desde as peças de artesanato e loiça, até ao agronegócio. As Caldas da Rainha está servida de uma infra-estrututa rodoviária muito boa e está bem localizada. Está perto de Lisboa, mas perto de Leiria, que como sabemos, é um pólo de desenvolvimento empresarial importante. Tem praia e a indústria do surf também a pouca distância. Para a CGD é uma região importante e muito competitiva.
“A Caixa concede isenções bancárias a 1,2 milhões de portugueses”
As comissões estão a aumentar. É esta a nova forma de obter receitas dos bancos? Não teme uma perda de clientes, especialmente mais novos, para a nova concorrência digital?
No caso da Caixa, as comissões têm subido 2% nos últimos anos, mas os clientes quase não sentem. Muitos até pagam menos porque aderiram às contas pacote e deixaram de pagar os produtos bancários, como o cartão de débito ou as transferências de forma avulsa, pagando apenas uma pequena mensalidade. Os jovens até aos 26 também estão isentos de comissão de conta, o mesmo acontecendo com as pessoas com 65 anos ou mais que ganham até ao salário mínimo. A Caixa concede isenções bancárias a 1,2 milhões de portugueses. Mesmo os Serviços Mínimos Bancários são gratuitos na Caixa para quem tem baixos rendimentos.
Não tememos perda de clientes, e como o único banco português, lutamos por ter aqui os depósitos dos portugueses. No digital não estamos preocupados. Temos a melhor aplicação digital da banca, a Caixadirecta, onde os clientes podem levantar dinheiro no multibanco de forma gratuita e fazer as transferências sem pagar. Num só dia, a Caixa tem 500 mil clientes a aceder a esta plataforma. Temos também uma aplicação de open banking, a DABOX, que não só agrega as contas de todos os bancos que operam no mercado nacional, mas também a plataforma digital, Revolut. Mas sobretudo a DABOX é hoje a melhor plataforma digital em Portugal que faz de consultoria financeira para os clientes da Caixa e, em Novembro, para todos os clientes bancários em Portugal. As melhores fintechs são hoje parceiras da Caixa. Trabalhamos, por exemplo, com empresas de tecnologia de ponta, como a sueca Tink na produção de inovação.
Como imagina um balcão de um banco dentro de 10 anos?
Como uma nave espacial. Isto é, continuará a haver atendimento personalizado, com a relação olhos nos olhos a ser importante nos contratos mais importantes, mas será muito mais digital, pois a maioria das operações bancárias serão realizadas digitalmente. Ainda existirá a Caderneta, mas essa será a Caderneta Digital, uma aplicação para smartphones da Caixa que permite fazer tudo o que fazia a velha caderneta de papel, levantamentos e transferências. Não tem é que esperar 10 anos, é só ir já à Google Play ou à Apple Store. O futuro não é daqui a 10 anos, é hoje. Mas ainda existiam muitos clientes que estavam numa zona de conforto com os meios tradicionais. Esse tempo acabou na banca.































