No dia em que cumpriu um ano de governo (26 de Novembro), o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, esteve em Óbidos para formalizar contratos relativos à rede de rega da barragem.
O governante disse que poderia ter despachado os documentos no seu gabinete, mas decidiu fazê-lo numa tenda instalada na albufeira da barragem para estar junto dos agricultores e autarcas locais, dando assim mostra da importância deste projecto, reivindicado há mais de três décadas.
Com o financiamento de toda a obra garantido (27 milhões de euros), esta deverá estar a funcionar em 2019.
Em 2001, durante o governo de António Guterres, o então ministro da Agricultura, Capoulas Santos, autorizou a construção da barragem de Óbidos. Quinze anos mais tarde, e de novo ministro da Agricultura, assinou a concretização das obras que permitem concluir a rede de rega e dar, finalmente, uso àquela infra-estrutura.
Mesmo correndo o risco de se verificar mau tempo, o governante quis que a iniciativa decorresse junto à barragem e não no “Portugal sentado”, como se referiu aos auditórios que são iguais por todo o país. Quis estar junto dos agricultores e autarcas locais, dando assim mostra da importância deste projeto, que escolheu como exemplo no dia em que assinalou um ano de governação.
Trata-se de um investimento de 27 milhões de euros (a que acrescem 6,5 milhões da construção da barragem, já realizada), que irá beneficiar uma área de quase 1300 hectares utilizados em horticultura e, sobretudo, fruticultura. Capoulas Santos realçou que a pêra Rocha é uma das jóias da coroa da agricultura portuguesa e referiu que a produção frutícola aumentou, na última década, 60%. Dados relativos a Agosto revelam que as exportações dos frutícolas andam na ordem dos 6%, o que é um “desempenho notável”, considerou.
O governante, que tem pela água e pelo regadio um carinho muito especial, lembrou o projecto do Alqueva (quando foi ministro no governo de António Guterres – 1999/2002), que na altura era considerado um “sorvedouro de investimentos públicos” e que hoje em dia “toda a gente reconhece como o grande projecto publico mais bem sucedido”.
“Hoje a agricultura cresce ao dobro do ritmo da restante economia”, disse, defendendo que a água é uma das condições para a competitividade do sector. Tendo em conta que o próximo quadro comunitário já não apoiará o regadio, o governo está apostado em conseguir investir o máximo possível até 2020, tendo em preparação um programa nacional, que deverá abranger 90 mil hectares de terrenos agrícolas. Trata-se de um investimento na ordem dos 500 milhões de euros, estando já garantido o financiamento de metade pelo PDR 2020. O restante montante está a ser negociado com o Banco Europeu de Investimento.
EMPARCELAMENTO É DISPENDIOSO
Mas, se o aproveitamento hidroagrícola da barragem será igual ao de tantas outras, já a sua construção é uma excepção. António Campeã da Mota, técnico do Ministério da Agricultura, apenas conhece mais um caso no mundo, de uma barragem assente em estacas de brita. Foram precisas 4000 estacas (que juntas alcançavam 50 quilómetros), colocadas a 13 metros de profundidade, para dar a estabilidade necessária àquele equipamento.
O presidente da Câmara, Humberto Marques, disse que este é o maior investimento alguma vez feito no concelho, mas também o que tem maior reprodução desse dinheiro, pois permite aos produtores triplicarem a sua produção.
o autarca pediu ao governante para retomar o emparcelamento e Capoulas Santos mostrou-se disponível para o fazer, ainda que os recursos sejam escassos. “Essa [o emparcelamento] é uma questão fundamental, mas é muito dispendiosa”, disse, acrescentando que está a dar prioridade aos investimentos hidroagrícolas
Também presente na cerimónia, Luís Honorato, vice-presidente da associação de regantes, destacou que a barragem é um bem agrícola, mas também ecológico, turístico e ambiental. “A Lagoa de Óbidos deixou de receber tantos detritos e cheias provenientes do rio Arnóia desde que a barragem foi feita”, exemplificou.
Questionado pela Gazeta das Caldas sobre a barragem de Alvorninha, o ministro da Agricultura disse que está a ser feita uma listagem dos projectos de regadio que serão apoiados, mas desconhece se esta barragem está incluída. Gazeta das Caldas remeteu a questão para o seu gabinete de imprensa mas não teve resposta até ao fecho da edição.
Campanha de 2019 será regada com água da barragem

O governo autorizou a adjudicação, por mais de 11 milhões de euros, da rede de rega da barragem de Óbidos, um projeto que deverá estar a funcionar na campanha de 2019. A obra está dividida em dois blocos: o de Óbidos, que compreende 747 hectares, e o da Amoreira, com 438 hectares.
No primeiro caso, o troço vai ser adjudicado à empresa Construções Pragosa por 7 milhões de euros (acrescidos de IVA), devendo ser executados ainda este ano investimentos de 100 mil euros. A restante verba será repartida pelos próximos dois anos.
Para o bloco da Amoreira foi lançado o concurso e a obra, no valor de 4,2 milhões de euros (acrescido de IVA), deverá arrancar em finais do próximo ano. A água da barragem deverá começar a ser usada na campanha de 2019.
Em construção está já a estação elevatória, junto à albufeira da barragem. Trata-se se uma obra orçada em 4,6 milhões de euros e possibilitará levar água com pressão aos terrenos das baixas de Óbidos e Amoreira.
Será ainda feita uma rede de drenagem e serão construídos e melhorados cerca de 40 quilómetros de caminhos agrícolas.
A rede de regadio das baixas de Óbidos representa um investimento de 27 milhões de euros, dos quais 22,2 milhões comparticipados por fundos comunitários.
À rede de rega junta-se a construção da barragem do Arnóia, uma obra de 6,5 milhões de euros, concluída desde 2005.































