A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, visitou no passado dia 10 de Dezembro a empresa Frutóbidos, na Amoreira (Óbidos) e comprovou in loco o trabalho “de excelência” ali desenvolvido na produção do licor de ginja.
Confrontada com as dificuldades ao nível da produção do fruto, a governante encorajou os produtores de ginja a candidatarem-se a financiamentos para projectos de investigação sobre aquele fruto, garantindo-lhes que há apoios comunitários para estudos que permitam depois o aumento da produção e da produtividade.
Um casal americano costuma vir a Portugal em Agosto e na sua passagem por Óbidos leva sempre ginja. No entanto, este ano em Outubro voltou, de propósito a Óbidos, para comprar mais, pois era impensável passarem o Natal sem ginja para oferecer aos amigos. Esta história, contada pela empresária Marina Brás à ministra Assunção Cristas é exemplificativa da procura crescente que este licor tem, tanto no país, onde a Frutóbidos comercializa 90% da sua produção, como no estrangeiro, estando já a ser vendida em 14 países.
Só em 2013 esta empresa produziu 110 mil litros de licor tendo capacidade para produzir o dobro. No entanto, a dificuldade em conseguir garantir uma boa produção do fruto dificulta a existência da matéria prima suficiente para esse objectivo.
Depois de ouvir as preocupações de alguns agricultores, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, incentivou-os a candidatarem-se a financiamentos para investigação científica, assegurando que há apoios comunitários para os estudos que permitam aumentar a produção nacional daquele fruto.
“Há um trabalho que é importante fazer em conjunto com as universidades e há fundos comunitários para financiar esses projectos, de maneira a que possa haver melhores produtividades, com selecção das melhores plantas”, disse a governante, incentivando os produtores a apostar neste fruto. De acordo com Assunção Cristas a aposta na investigação é essencial para que possam aumentar a sua produção e, consequentemente “produzir mais e internacionalizar cada vez mais um produto de excelência que tem tanto a ver com as nossas raízes e que nos diz tanto”.
A governante garantiu que haverá linhas de apoio para promover a investigação e que esta deve ser feita tendo por base uma “aliança muito forte” entre a produção e as próprias universidades. Deixou, por isso, o desafio aos produtores para que se juntem, façam um caderno de encargos e vão ter com uma universidade ou com o instituto de investigação do Ministério.
Assunção Cristas incentivou-os ainda a arranjar um professor especialista na área, que seja o pivot desses projectos e que sejam elaborados trabalhos de mestrado ou doutoramento. “É, talvez, a maneira mais eficaz de termos uma investigação verdadeiramente aplicada, com resultados práticos e muito útil para toda a área económica”, disse a responsável, que quer ver o bom exemplo da transformação replicado na parte da produção.
A ministra da Agricultura explicou ainda que foi criada, a nível nacional, uma identificação geográfica para a “ginja de Óbidos e Alcobaça” e que o processo está agora em Bruxelas, para que possa também ser reconhecida a nível europeu.
Doces e cosméticos à base de ginja
Pioneira na produção de licor de ginja no concelho, a Frutóbidos foi adquirida por Marina Brás em 2001, altura em que as vendas se resumiam aos estabelecimentos de Óbidos e região. A empresária começou a incentivar a produção do fruto, com o aumento do preço pago aos fruticultores. Em 2004 também exportou pela primeira vez para o Brasil.
A partir daí o crescimento tem sido gradual e actualmente a empresa, que dá trabalho a sete pessoas, já comercializa para 14 países dos cinco continentes.
Desde há três anos que a Frutóbidos funciona em novas instalações, à saída da Amoreira, com maior capacidade para armazenamento e desenvolvimento da produção do licor. Em 2013 produziram 110 mil litros de licor, o que se traduziu num volume de facturação na ordem de um milhão de euros. Actualmente, e ainda sem fechar o ano, a empresa já apresenta um aumento de 10% na sua facturação.
A aposta feita na investigação permitiu também alargar o leque de produtos feitos à base da ginja, estendendo-os agora à área alimentar e da cosmética.
Prontos a comercializar estão também alguns doces como pastéis de ginja e de licor de ginja, compotas, rebuçados e chás. “Vamos aproveitar a nossa fábrica antiga e começar a produzir os produtos que serão lançados durante o ano de 2015”, explicou Marina Brás.
Já os produtos de cosmética deverão ser lançados no segundo semestre do próximo ano, mas a sua comercialização depende de uma reclassificação dos resíduos em subprodutos, por parte do Ministério do Ambiente.
Existe um esfoliante facial de ginja feito com pedaços de pedúnculos, um soro facial, um creme corporal e almofadas para dores musculares. Estas aplicações permitem o aproveitamento de todos os subprodutos desde os caroços, pedúnculos, folhas e do próprio fruto.
Os cosméticos foram desenvolvidos no âmbito do doutoramento de Elisabete Maurício, em Bio-medicina, em colaboração com uma universidade espanhola e outra portuguesa, num grupo de investigação ligado à universidade Lusófona.
Estas aplicações permitem completar um ciclo, deixando de haver resíduos para passar a existir um aproveitamento total da ginja.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt
Lançamento da empreitada da rede de rega estará “muito próximo”
“Estávamos a ver se hoje podíamos assinar o contrato, mas ainda estão a ser afinados detalhes”, disse a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, garantindo que está “muito próximo” o lançamento da empreitada do projecto de regadio das Baixas de Óbidos.
Trata-se de um investimento de 27 milhões de euros, dos quais 22,2 milhões comparticipados pelo Programa de Desenvolvimento Regional (Proder), e que responde a um anseio de várias décadas dos agricultores.
A obra deverá estar pronta dentro de três anos, permitindo a mais de um milhar de agricultores das freguesias da Amoreira e do Olho Marinho, em Óbidos, e do Pó e da Roliça, no Bombarral, aumentar a sua produção e a qualidade dos produtos.
Desenvolvido em duas fases, na primeira será construída uma estação elevatória que filtrará a água para a rega. Posteriormente serão construídos 50 quilómetros de tubagem por onde passarão 5,5 milhões de metros cúbicos de água, que permitem irrigar 750 hectares de terras do bloco de Óbidos e 440 hectares do bloco da Amoreira, compreendendo parcelas agrícolas dos concelhos de Óbidos e Bombarral. Desta fase fará ainda parte a rede de drenagem e 50 quilómetros de rede viária, que permitirá o acesso às explorações.
F.F.






























