Mil milhões de euros para regar o Oeste com águas do Tejo

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Isaque Vicente

Há uma sociedade agrícola de Alpiarça que quer criar um novo Alqueva no rio Tejo. A ideia é aproveitar a água para fins múltiplos. Para tal terão que ser construídos cinco diques para tornar aquele rio navegável entre Lisboa e Abrantes, para controlar o caudal e aumentar a área de regadio. E é precisamente nesta última vertente que o projecto se liga ao Oeste porque pretende criar 40 mil hectares de regadio nesta região, a juntar aos 260 mil que se prevê gerar no Ribatejo.
O objectivo é trazer a água excedente do Tejo por uma conduta que passaria pela cumeada de Rio Maior e que aproveitaria a nascente do rio homónimo. Desta forma não seria necessário elevar a água a mais de 130 metros de altura (a quota máxima da cumeada), ao contrário do que aconteceria se esta fosse trazida pela Serra dos Candeeiros ou pela de Montejunto. A partir de Rio Maior a água seria distribuída por pressão natural.

A Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça comunicou publicamente que está a favor deste projecto da Sociedade Agrícola Quinta da Lagoalva de Cima, em Alpiarça, e já o apresentou à Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM).
Jorge Soares, presidente da APMA, estimou à Gazeta das Caldas que o investimento para regar o Oeste com águas do Tejo se cifre nos mil milhões de euros. Realça, porém, que embora pareça um valor muito alto, não o é caso sejam tidos em conta os gastos actuais de todos os produtores da região para terem água nas suas propriedades. Por um lado, desta forma não seria preciso comprar equipamento para bombar a água dos poços, por outro, a factura energética a pagar seria muito mais reduzida.
Acresce que se se dividir o custo pela área de regadio, o projecto ganha novo atractivo: são 25 mil euros por hectare, que é “a diferença de preços entre uma terra de sequeiro e uma de regadio. Com este projecto é possível transformar os terrenos de sequeiro do Oeste em regadio e valorizar as terras”, disse Jorge Soares.
O projecto, que pretende reabilitar o rio Tejo, custa no total 4,5 mil milhões de euros, dos quais 1,9 mil milhões são para barragens, açudes e estações adutoras, 2,1 mil milhões para estações elevatórias e redes de rega e 420 milhões para os sistemas de drenagem, viação, eléctrico e outros.
Na apresentação desta ideia, a 20 de Fevereiro, em Alpiarça, falou-se na possibilidade de os regadios existentes, como Alvorninha, Sobrena e Óbidos, serem integrados no projecto.
A Barragem do Alqueva, que foi construída em 2002, custou 2,8 mil milhões de euros e permitiu criar 150 mil hectares de regadio.

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