A Staro – Serviços de Tratamento de Roupas é uma empresa situada na Zona Industrial que foi criada em Março de 2015. Trata a roupa de hotéis de cinco estrelas na região e em Lisboa. No último ano, em dez meses facturou 210 mil euros, mas neste momento, e segundo os trabalhadores, há salários em atraso.
Carla Alfar é o rosto do desespero quando fala com a Gazeta das Caldas. Com a renda por pagar, sem dinheiro para combustível ou para o telefone, queixa-se de salários em atraso e de não ter condições financeiras para sequer poder deslocar-se para o trabalho. Em meados de Julho ainda lhe falta receber o ordenado de Junho, sendo que o de Maio foi-lhe pago com atraso.
Trabalha há dois anos na Staro, uma empresa instalada na Zona Industrial das Caldas que trata a roupa de hotéis de luxo e diz que “já mais que uma vez houve atrasos nos pagamentos”.
O que é mais estranho é que, nas palavras de Carla Alfar, “ali não falta trabalho pois há montes e montes de roupa”. Portanto, aquela “não é uma empresa que pareça que está a ir à falência porque de dia para dia há mais trabalho”.
À data do fecho desta edição, o que faltava dos salários de Maio já tinha sido pago, ficando a faltar Junho. Gazeta das Caldas contactou a empresária Maria Dulce Marques, mas esta apenas respondeu que neste momento decorrem negociações e não quis prestar declarações.
O QUE FOI DITO NO SHARK THANK
O que se segue sabe-se através do programa televisivo Shark Thank que foi para o ar em Dezembro de 2016 e onde se conta a história desta empresa.
O negócio começou há mais de 20 anos, num exemplo de empreendedorismo: Maria Dulce Marques (à data com cerca de 21 anos) criou uma lavandaria na garagem dos pais. Até 2005 a empresa, sedeada em Leiria cresceu com o mercado local e religioso (com os hotéis de Fátima).
Nesse ano foi feito um grande investimento na melhoria dos serviços, mas um ano depois, foram “surpreendidos com a baixa da taxa de ocupação da zona”, explicou Maria Dulce Marques no programa televisivo. Vários hotéis fecharam no Inverno e a empresa deixou de ter trabalho, obrigando a empresária a devolver os equipamentos comprados no ano anterior e até a própria habitação.
Aí decidiu deslocalizar a empresa para as Caldas, visto que tinha um cliente na zona. Com o passar do tempo, e já com os dois filhos na empresa, notaram que havia uma lacuna na oferta deste serviço em Lisboa e apostaram na capital.
Marcam a diferença porque, por exemplo, a roupa é dobrada à mão. No site anunciam uma redução de custos de 15% através de uma delegação de serviços completos.
Segundo o filho Ângelo, também no Shark Thank, em Lisboa foram “bem-sucedidos”, acrescentando que recentemente foi aprovada uma linha PME Crescimento de 50 mil euros. “Vamos utilizar esse dinheiro para investir em equipamentos para aumentar a nossa capacidade de resposta”, divulgou, no mesmo programa.
Em Dezembro a Staro contava com dez funcionários, duas carrinhas próprias e 120 mil euros em activos. As instalações, num armazém na zona industrial, eram alugadas por 600 euros mensais. Em 2016 o EBITDA da empresa (o resultado antes de juros, amortizações e IRC) foi de 50 mil euros.
Os gastos, além dos funcionários, eram com água, luz, gás, detergentes, renda e transporte (entrega e recolha da roupa).
Em seis meses os proprietários previam duplicar a produção e, consequentemente, a facturação para valores acima dos 420 mil euros.
No programa televisivo pediam 100 mil euros por 40% da empresa, para aumentar a logística e pagar a entrada de um leasing para mais equipamento. Revelaram também que equacionavam transferir a empresa para a periferia de Lisboa.
Acabaram por ver João Rafael Koehler investir 120 mil euros, ficando com metade da empresa.































