Investimento privado vai ter piscina com 110 metros de largura e um aldeamento turístico com cerca de 144 camas
Óbidos vai receber um investimento superior a 30 milhões de euros para a criação do primeiro parque temático em Portugal dedicado ao surf, com uma piscina de ondas artificiais capaz de receber surfistas amadores e profissionais. O parque incluirá, ainda, um aldeamento turístico com um máximo de 144 camas e que assentará num conceito de sustentabilidade.
O empreendimento é da Surfers Cove, uma empresa que tem como acionistas de referência a Menlo Capital, a Despomar, a Alaïa Bay, a Admar.
“O projeto será implementado numa área de 5 hectares e o aldeamento turístico terá 56 unidades de alojamento, um restaurante, uma loja de surf, vários skate parques, courts de padel e de beach ténis, uma escola de surf, um espaço de wellness, zonas verdes ajardinadas, pista de bicicletas, e zona para eventos corporativos”, explica Manuel Vasconcelos, da Surfers Cove e proprietário do terreno.
O projeto de arquitetura já foi aprovado pela Câmara Municipal de Óbidos e pelo Turismo de Portugal, encontrando-se a decorrer as restantes fases do processo, mas o promotor acredita que será possível iniciar as obras no próximo ano e concluí-las em 2026. A previsão é que, em dezembro de 2026, o parque possa abrir em regime de soft opening, para depois da grande abertura ao público português e internacional.
Paulo Martins, presidente da Despomar, empresa detentora das lojas Ericeira Surf & Skate e da 58 Surf, refere que “este vai ser um parque para todos, dos 7 aos 77 anos, onde se pode aprender a atividade para quem tenha interesse e, por outro lado, ser um espaço para os atletas de surf de competição poderem manter o seu desenvolvimento, pois em Portugal o Surf é um dos desportos com maior expansão atingindo crescimentos de 35% ao ano”.
A piscina de ondas será o grande atrativo do parque. Terá uma forma triangular, que na parte mais larga atingirá cerca de 110 metros. As ondas artificiais serão produzidas por tecnologia do líder mundial do setor, a Wavegarden, já testada e instalada em países como o Reino Unido, a Suíça, a Austrália, o Brasil e a Coreia do Sul. O sistema da Wavegarden permite obter a maior variedade de ondas. O layout escolhido para o formato da piscina será a nova versão compacta, mais eficiente em termos energéticos e de consumo de água, adianta a Surfers Cove.
Ricardo Cunha Vaz, administrador da empresa de capital de risco Menlo, acionista da Surfers Cove, afirma que “a piscina de Óbidos terá uma utilização de quase 24 horas, já que está prevista a iluminação que vai garantir uma perfeita visibilidade e segurança aos utilizadores”.
Uma vez que o Surf Parque não é um projeto imobiliário, mas sim turístico e de lazer, poderá ser utilizado durante o horário noturno. Ricardo Cunha Vaz antecipa “uma faturação anual na ordem 10 milhões de euros, em velocidade de cruzeiro, dos quais 60% resultarão do negócio relacionado com o surf e contará com a criação de 50 postos de trabalho”.
Até ao final do ano, a Surfers Cove vai reunir uma segunda ronda de investidores “e concorrer a fundos comunitários que estão disponíveis para projetos inovadores”, acrescenta.
Para Filipe Daniel, presidente da Câmara de Óbidos, este investimento “vem na senda da diferenciação de oferta turística que queremos para o nosso território”, além de encaixar “na estratégia de dinamização do surf na nossa costa”. O autarca realça, que “segundo os investidores, só podem ser construídos dois empreendimentos deste tipo no país, e Óbidos transmitir segurança a investidores é um sinal de que o concelho lhes dá confiança”.
O projeto irá nascer numa zona próxima à que já tem outros empreendimentos turísticos, que têm gerado discussão em relação às questões ambientais. Filipe Daniel ressalva que o município também teve essas preocupações na análise do projeto e salienta que o parque foi pensado para ter o menor impacto possível, em aspetos como a escolha dos materiais. “Utiliza madeira na estrutura dos alojamentos, incluindo a unidade hoteleira central, o aproveitamento das águas pluviais, ou a redução da dependência energética com a instalação de 1800 painéis solares”, explicou à Gazeta das Caldas.
O empreendimento vai também permitir ao concelho prolongar-se a Peniche e Nazaré como oferta de excelência como destino de surf e, assim, atrair um público mais jovem, quer ao nível do turismo, quer da migração. “É um investimento importante para Óbidos”, rematou. ■































