Investimento de 200 mil euros cria linha de embalamento de azeite em Casal do Rei (Vidais)

0
1290
Notícias das Caldas
João Maciel Filipe | D.R.

A marca caldense Azeite Casal da Memória vai passar a ser engarrafada e armazenada no Casal do Rei, onde ficará também situado o centro de distribuição. Trata-se de um regresso às origens de uma marca que tem sede na freguesia dos Vidais, mas é produzida e embalada no Alentejo.

O empresário João Maciel Filipe está optimista. Se tudo correr bem, em Janeiro de 2014 começará a construir num terreno do Casal do Rei uma unidade de produção que vai recepcionar, armazenar, embalar e distribuir mais de 250 toneladas de azeite por ano.
Trata-se de um investimento de 200 mil euros que irá gerar apenas dois postos de trabalho permanentes, mas que recorrerá a mão-de-obra ao longo do ano podendo ter picos de 20 trabalhadores.
Este projecto procura dar resposta a uma “crise de crescimento”, nas palavras de João Maciel Filipe, que a sua empresa, Portugalfarm, Lda. está a sentir, com dificuldades em responder à forte procura de que tem sido alvo.

- publicidade -

“Tomara eu muitas crises como esta”, ironiza o próprio, explicando que, sim senhor, ao contrário do que se passa com a maioria das empresas, ele não se queixa e admite até que os negócios lhe têm corrido bem.
A Portugalfarm tem sede no Arco da Memória  (Vidais), mas trata-se de uma sede virtual que aproveita a baixa derrama existente no concelho das Caldas da Rainha. A verdadeira sede está em Leceia (Oeiras), onde a empresa tem o seu centro de decisão e trata da comercialização e logística dos azeites que produz no Alentejo e que vende para o mercado português e para exportação.
Em Ervedal (no concelho de Avis) João Maciel Filipe integra um agrupamento de produtores que explora 5 mil hectares de olival. À sua conta são comercializados 250 toneladas de azeite, das quais 50 são a marca própria da empresa – Azeite Casal da Memória – que aparece nos supermercados  originária virtualmente dos Vidais.
A empresa facturou nos últimos anos entre 250 a 300 mil euros por ano e tem vindo a crescer a dois dígitos  anualmente. Embora a marca própria só represente 20% das toneladas comercializadas, o seu peso na facturação é de 30% e o objectivo é que cresça até aos 100% por forma a que a Portugalfarm só trabalhe com a sua própria marca.
Cerca de 60% do Azeite Casal da Memória vai para a exportação, com a China à cabeça, seguido do Luxemburgo, Suíça, Bélgica e Reino Unido. João Maciel Filipe reconhece que o “mercado da saudade” (procura gerada pelos emigrantes portugueses) é decisivo no mercado europeu, mas com excepção da Alemanha onde, curiosamente, até o próprio importador é alemão. Os Estados Unidos, o Canadá e a Venezuela, onde há também importantes comunidades de portugueses, são os mercados alvo para expandir as vendas.
Em Portugal, apesar da crise, este azeite tem-se vendido bem, em parte pelo efeito novidade e porque, diz o empresário, os consumidores sabem reconhecer a boa qualidade do produto. O Casal da Memória pode ser encontrado nas prateleiras do El Corte Inglés, Jumbo e Aldi, por exemplo.
No mercado nacional só a Sovena (azeite Oliveira da Serra) e a Unilever (azeite Gallo) detêm 50% das vendas, sendo a outra metade repartida entre inúmeros produtores, entre eles o Azeite Casal da Memória. Como a expectativa é a de um contínuo crescimento, a fábrica de engarrafamento em Casal do Rei vai dar resposta a esta expansão.

A IMPORTÂNCIA DA “AFECTIVIDADE”

João Maciel Filipe explica por que motiva apostou no concelho caldense. “É talvez o concelho mais competitivo do país para um empresário se instalar porque a derrama é baixa e onde se pagam menos impostos”, diz, acrescentando que também contou o facto de já ali possuir um terreno.
Por outro lado, o empresário não quis ficar dependente de um único centro de produção em Avis e poder, assim, gerir desde a sua sede caldense os negócios a nível nacional.
“E há ainda um outro factor que é a afectividade. É difícil de medir, mas tenho a certeza que é importante”.
João Maciel Filipe já nasceu em Lisboa, há 50 anos, mas o seu pai é do Casal da Memória, onde ainda possui terrenos que em tempos foram um olival.
Licenciado em Engenharia, começou por trabalhar em 1991 no Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Indústria e Energia, de onde passou, em 1995, para a Gás de Lisboa, tendo assistido às fusões que levaram à Galp Energia.
“Em 2004 decidi que já era tempo de fazer outras coisas e abri a Portugalfarm. Apeteceu-me revisitar o sector primário e achei por bem trazer a minha experiência de gestão para esta actividade”, contou à Gazeta das Caldas.

- publicidade -