Conhecer a fundo a Lagoa de Óbidos e a partir daí traçar vários cenários para a potencializar e permitir o seu melhor usufruto é o objectivo do projecto “Reconversão do Património e das Gentes do Mar”, levado a cabo por um grupo de investigadores da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM), de Peniche. No próximo dia 12 de Junho irá decorrer uma cerimónia no CCC, presidida pelo Secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, onde serão apresentados os dois livros resultantes deste trabalho de investigação.
Foram identificados 19 cenários para o aproveitamento e utilização, de forma sustentada, da lagoa. Os investigadores Graça Ezequiel e Gilberto Moiteiro sugerem um conjunto de actividades desportivas, de natureza ou culturais, que estão relacionadas com os recursos endógenos da lagoa de Óbidos e direccionados a todo o tipo de consumidores.
Há cenários ligados à educação ambiental, para jovens, e outros, de índole cultural, como a realização de um evento de Land Art, onde os artistas poderão mostrar a sua arte através de recursos naturais. Está também previsto um cenário relacionado com Rafael Bordalo Pinheiro e outro com o Grandela, personalidades ligadas também à Lagoa.
Ao nível da natureza apontam para actividades de observação de aves e da faina na lagoa.
O objectivo final seria a criação de um centro interpretativo, mas, para que tal seja uma realidade, é “necessário encontrar alguém com capacidade de investimento e que possa combinar todas essas actividades de usufruto da Lagoa sem a prejudicar”, sintetizou Graça Izequiel.
Outras propostas podem ser aproveitadas por qualquer visitante, como um passeio de bicicleta pelos trilhos existentes.
Os resultados da investigação estão publicados nos livros “Visões cruzadas, um retrato da Lagoa de Óbidos” e “Lagoa de Óbidos – Guia para a Interpretação do Património”.
Na primeira obra é feito o diagnóstico do que existe actualmente naquele lugar. Inicialmente foi feita uma avaliação da actual situação, com a aplicação de questionários, um dirigido a elementos da comunidade local e outro destinado a captar a opinião dos visitantes. Foram também realizadas entrevistas a vários responsáveis para completar as informações.
No encontro que decorreu no CCC, no passado dia 20 de Maio, as investigadoras Inês Brazão e Cátia Rebelo, falaram da dificuldade de comunicação interinstitucional, assim como do conhecimento que existe nos vários organismos sobre os problemas ambientais e sócio-económicos da lagoa. Consideram, no entanto, que está por fazer uma melhor abordagem entre o poder local, o central e os organismos não governamentais.
O investigador Carlos Alves dedicou-se à parte etnográfica. Foi ao local e, depois de falar com a população, chegou a algumas organizações como os ranchos folclóricos, que trabalham sobretudo a cultura do povo. Também fez um apanhado das festividades de cada uma das freguesias ribeirinhas, actividades que, considera, podem “produzir um efeito muito interessante no turismo”.
O investigador revela que o turista já não vem só à procura de praia, mas também do “charme que a história lhe traz, da natureza, de sossego. E acaba por encontrar estas festividades cíclicas sem se aperceber e fica muito interessado nelas”.
Paulo Lemos na apresentação dos livros
Foi também feita uma brochura com informação relativamente a roteiros turísticos em redor da Lagoa de Óbidos.
Diogo Sousa e Tomás Paula, alunos de mestrado em Turismo e Ambiente, desenvolveram 22 roteiros, uns mais desportivos e outros culturais, que podem ser aproveitados pelos visitantes daquele espaço ou pelas empresas de animação turística. Um deles, por exemplo, começa nas pegadas de dinossauros existentes na Serra do Bouro, passando pelo cemitério dos ingleses e seguindo ao longo da lagoa até ao Gronho.
Na plataforma do GITUR será ainda disponibilizado um recurso digital com largas dezenas de pontos georreferenciados que permitirá identificar, encontrar e aceder a locais de elevado valor patrimonial.
Os dois livros, que resultam do projecto “Reconversão do património e gentes do mar”, coordenado por Mário de Carvalho e realizado no âmbito do GITUR, serão apresentados no próximo dia 12 de Junho, numa cerimónia que irá decorrer no CCC, presidida pelo secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos. É também da autoria do governante o prefácio de “Visões cruzadas – retrato da Lagoa de Óbidos”. Já o segundo livro, intitulado “Guia para a interpretação do património”, tem o prefácio dos presidentes das câmaras das Caldas da Rainha e de Óbidos.






























