Inovar é o caminho para dar o salto

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Perante uma plateia repleta de empresários da região, Camilo Lourenço defendeu que as empresas devem adicionar valor aos seus produtos

O 3º Fórum Empresarial da Benedita foi um sucesso, tendo chamado ao Centro Cultural Gonçalves Sapinho, no passado dia 28 de abril, muitos empresários da Benedita e não só para ouvir falar Camilo Lourenço. O jornalista especializado em economia traçou um retrato macro para a economia internacional que obriga a prudência, mas também a coragem para inovar, aquele que será o passo para que as empresas se possam afirmar e continuar a crescer.
“O grande desafio que temos como país é como damos um salto, como passamos de uma economia de valor muito baixo, para uma economia de valor muito elevado”, começou por dizer Camilo Lourenço. E passou a dar um exemplo que o próprio vivenciou no início dos anos 1990, numa visita à Finlândia.
“Visitei cutelaria e acabei por pagar 30€ por uma faca de cozinha”, um valor elevado, mas que considerou justo porque “conhecia a marca, comprei todo o historial que a marca criou, de qualidade, consistência, experiência”, sustentou.
Adicionar valor ao produto “faz a diferença”, afirmou. E isso faz-se “acrescentando talento”. Este foi um ponto essencial que o orador focou como essencial ao longo das cerca de duas horas de sessão.
O jornalista realçou que a disseminação de polos universitários pelo território foi muito importante para o desenvolvimento do tecido empresarial, não só na formação dos profissionais, como na investigação que permite trazer inovação que permitiu às empresas virarem-se para os mercados internacionais e serem competitivas.
“Nos Descobrimentos crescemos porque nos virámos para fora, também foi assim nos anos 1960, com a entrada na EFTA, e depois com a entrada na CEE, que trouxe crescimento entre 1986 e 1992, apontou.
No entanto, alguns problemas se avizinham, que obrigam a alguma cautela e, sobretudo, vai exigir medidas quer na gestão das empresas, quer na agilização das políticas.
Camilo Lourenço realçou que o tecido empresarial nacional é demasiado dependente das PME, que representam “mais de 90% das empresas e empregam 97% das pessoas”. Isto torna-se um problema em fases de crise porque “as PME não têm capital para investir, nem para fazer formação”, notou, acrescentando que deveriam ser criados incentivos para que PME se juntem para criar escala e ganhar músculo.
“A economia estagnou e até 2027 vamos ser a 4ª economia que menos vai crescer na EU”, apontou, mas, se as medidas certas forem tomadas, pelo Governo e pelas empresas, “É possível dar a volta a isto”, acredita. Mas não com a atual política de baixos salários, que está a levar para o estrangeiro o talento que está a ser formado nas universidades portuguesas, acrescentou.
Camilo Lourenço desmistificou a ideia que se está a passar de que a economia portuguesa está a crescer acima da média europeia, argumentando que Portugal tem que se medir pelas economias “concorrentes”, que neste momento são países como República Checa, Hungria, Polónia, Chipre, Estónia, Polónia e Eslovénia, que apesar de terem entrado mais recentemente na União Europeia, estão a crescer a ritmos muito superiores aos nacionais.
“Temos de perceber por que eles cresceram tanto em tão pouco tempo, o que estão a fazer bem”, disse. Camilo Lourenço acredita que o principal entrave é um Estado sorvedouro, que tem “tributação excessiva”, quer sobre os salários, quer sobre as empresas. E também um Estado demasiado burocrático. “É um sarilho fazer alguma coisa em Portugal”, lamenta.
Outro problema que a economia enfrenta é a inflação e a subida das taxas de juro que se seguirão. Camilo Lourenço disse que a inflação atual ainda não é consequência da guerra, essa ainda estará por vir, pelo que teme que, sem as medidas certas dos bancos centrais, se possam atingir valores problemáticos, quer para a inflação, quer para o custo futuro do dinheiro, pelo deixou o conselho para que os empresários estejam alerta e não se endividem excessivamente. ■

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