Ideias para fazer chegar o microcrédito a mais pessoas foram discutidas na AIRO

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IMG_2908 copyA Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) juntou vários parceiros locais numa reunião na Expoeste no sentido de afinar estratégias para que o microcrédito chegue a cada vez mais pessoas que dele necessitam para reentrar no mercado de trabalho.

Todos os anos chegam à ANDC entre 180 a 200 novos projectos de acesso ao microcrédito, mas Edgar Costa, gestor operacional da associação, disse à Gazeta das Caldas que este sistema de financiamento e de apoio à criação de pequenos negócios pode chegar “a muitos mais, se houver conhecimento do apoio que podemos dar”.
A divulgação mais eficaz do microcrédito junto das pessoas que dele precisam foi um dos temas em cima da mesa de reunião, mas não foi o único. Os parceiros conversaram também sobre a necessidade de conjugação de esforços para uma acção mais eficaz na detecção dessas pessoas. António Mendes Baptista, presidente da ANDC, referiu ainda a importância de haver uma troca de experiências “do que estão a fazer bem e das dificuldades que estão a ter”.
A ANDC foi a primeira instituição a introduzir o microcrédito em Portugal, com uma “experiência de 17 anos bem consolidada” através destas parcerias a nível local, referiu António Baptista.
O dirigente referiu que o microcrédito é uma ferramenta “extremamente útil” num país com o mercado de trabalho “como o nosso”. São empréstimos pequenos, dirigidos a pessoas em situação de vulnerabilidade e de desemprego, para que criem o seu próprio posto de trabalho, acrescenta. “É uma forma de acreditar nas pessoas e de mostrar que quem está em situação de vulnerabilidade têm capacidade e direito à iniciativa económica”, acrescenta.

Muito mais que um crédito

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A ANDC não concede crédito (este é obtido com recurso à banca), mas dá todo o apoio, desde a ideia inicial, passando pela concretização do negócio até ao último pagamento do crédito.
“O que fazemos é apoiar as pessoas, que muitas vezes estão perdidas, em situações de grande dificuldade, ajudando-as a trabalhar a ideia do negócio, apoiando-as na relação com a entidade bancária e acompanhando até à realização do negócio”, descreve António Baptista. O apoio prestado pela ANDC é totalmente gratuito.
Sempre que é possível, a associação coloca os micro-empresários a funcionarem em rede “para aprenderem em conjunto e poderem dinamizar os negócios”, acrescenta Edgar Costa.
A ANDC dispõe de 10 operacionais e sete técnicos. O mesmo técnico acompanha o negócio desde a ideia até ao final do pagamento, o que ajuda a criar “um vínculo de confiança que consideramos fundamental no sucesso da nossa relação de ensinar a pescar e não dar o peixe”, acrescenta o Gestor Operacional da ANDC.

Vários exemplos na região

São diversos os exemplos de sucesso na região de empresas que tiveram no microcrédito o primeiro empurrão. Uma delas é a Go Caldas, uma plataforma digital que visa potenciar Caldas como destino turístico através de uma rede de parcerias. A plataforma já se alargou também aos concelhos de Óbidos e Nazaré.
“Nesta zona vão sempre surgindo novos negócios, pelas parcerias que temos com o centro de emprego”, refere Vera Mota, técnica de microcrédito da ANDC na zona Oeste. Para além da Go Caldas, existem outros exemplos de empresas que têm vingado como o apoio desta associação, em vários sectores de actividade, como oficinas, empresas de jardinagem, de agricultura biológica, um hostel em Peniche, ou um pescador que adquiriu a sua própria embarcação com recurso ao microcrédito. É ainda exemplo a Delícia de Óbidos, uma empresa que produz doces e bolinhos caseiros.
A nível nacional, António Baptista refere que há exemplos de todos os tipos, desde algumas que acabaram por não resultar, a outra empresa que ganhou uma grande dimensão e tem hoje 400 colaboradores. Em 17 anos, a ANDC já apoiou 2.100 empresas.

Joel Ribeiro
jribeiro@gazetadascaldas.pt

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