Os meses tradicionais de época alta, Julho e Agosto, foram positivos para o comércio e hotelaria da região. Os operadores falam em mais turistas, sobretudo estrangeiros, que lotaram várias unidades hoteleiras e de alojamento local no mês tradicionalmente mais quente. As médias de ocupação dos hotéis da região deverão ficar em Agosto acima dos 90%. O aumento das visitas tem também benefícios para o comércio local.
Para o último fim-de-semana de Agosto o portal de reservas online Booking indicava que as camas disponíveis nos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche estavam ocupadas a cerca de 90%. Apenas em Alcobaça o valor era um pouco inferior, a rondar os 80%. E apesar de se esperar uma quebra para o início de Setembro, nas zonas costeiras (Foz do Arelho, Peniche, São Martinho e Nazaré) as reservas continuavam bem acima dos 75% das camas disponíveis para os primeiros dois fins-de-semana, e em valores próximos dos 70% nas Caldas e Óbidos.
No ano passado, Agosto já tinha sido um mês forte para os hotéis da região, com ocupações médias de 90%. Este ano, ainda antes de fechado o mês mais escolhido para as férias, as quatro unidades hoteleiras que responderam à Gazeta das Caldas tinham todas ocupação prevista de 90%, ou mais, para o mês de Agosto.
Nas Caldas, Joaquim Serra, director do Hotel Cristal, adiantou que os dados deste Verão são idênticos aos do ano passado. O hotel mantinha os 90% de ocupação verificados em 2016, preenchidos sobretudo com grupos de turistas estrangeiros (70%), oriundos principalmente de Espanha e França. Já em Julho a ocupação ficou nos 70%, também inalterado em relação ao ano passado.
Já Karim Nadatali, proprietário do Europeia Hotel, também nas Caldas da Rainha, fala em crescimento da actividade no presente Verão. Nos dois meses da tradicional época alta a unidade tem uma ocupação média na ordem dos 80%, mas concentrando-se em Agosto o valor sobe aos 95%. O empresário acredita que a promoção que tem sido feita pelo município e os eventos que têm sido organizados, sobretudo nos últimos dois anos, têm contribuído para aumentar as visitas à cidade. “A Câmara tem um papel fundamental neste aspecto da promoção para trazer pessoas à região e esse trabalho tem tido efeitos positivos”, observa.
Embora a relação entre portugueses e estrangeiros seja equilibrada, Karim Nadatali tem notado que os clientes estrangeiros têm vindo a aumentar. Os principais mercados são o francês e o espanhol, mas o empresário destaca que o primeiro teve um impulso significativo este ano.
A FOZ DO ARELHO ESTÁ NA MODA
Viajando até à costa do concelho caldense, a Foz do Arelho, Henrique Correia, director do Água D’Alma Hotel, destaca o crescimento no mês de Julho de 77% de camas ocupadas para os 87% este ano. Em Agosto era difícil crescer, uma vez que em 2016 a ocupação tinha atingido os 98%, mas o valor manteve-se este ano e o hoteleiro destaca que foi possível aumentar o rendimento em 23%. “Este facto deve-se à nossa maior capacidade de penetração no mercado, comparado com o ano passado, que foi de arranque de operação para a nova unidade”, justifica.
No Água D’Alma, a maioria dos hóspedes (61%) são portugueses. Os mercados estrangeiros mais representativos são Espanha, Bélgica, França e Alemanha.
Voltando aos dados obtidos através do portal Booking, é possível constatar que a Foz do Arelho, após ter sido apontado como um destino emergente pelo portal Trivago, está mesmo na moda. Os dados do Água D’Alma são suportados também num plano mais alargado. As unidades sediadas na localidade estavam com uma ocupação de 91% no último fim-de-semana do mês. Para a primeira quinzena de Setembro as reservas ocupavam 75% das camas disponíveis.
Em Óbidos, o Josefa D’Óbidos Hotel apontava a números idênticos aos do ano passado, com uma ocupação em Agosto superior aos 95%. A maioria dos clientes vem do estrangeiro, numa proporção de 70%. Os principais mercados são Itália, Alemanha e Brasil, mas Carlos Martinho, proprietário da unidade, nota que há mercados emergentes interessantes, como são os casos de Israel e China.
Outro dado que Carlos Martinho observou é que a duração média da estadia tem crescido, o que se poderá dever aos investidores que se pretendem fixar na região. “Podem ser pessoas à procura de casa, que na fase da aquisição, ou numa fase mais adiantada das obras, preferem ficar hospedadas alguns dias”, refere.
No alojamento local, Maura Rôlo, presidente da Associação Alojamento Local do Oeste, refere que Agosto foi, à excepção da última semana, um mês muito positivo para o sector. “Nalgumas fases do mês tivemos as unidades ocupadas a 100% e não conseguimos reencaminhar pessoas para unidades nossas associadas, porque também estavam lotadas”, disse a também proprietária do 33 Hostel, em Ferrel.
Em Julho, contudo, o movimento foi inferior ao de 2016, com uma ocupação média que rondou os 65%. Apenas ao fim-de-semana as unidades estiveram mais perto da lotação.
Já em relação aos mercados, Maura Rôlo fala numa mudança “muito grande”. Se em 2016 os principais mercados foram a Austrália e a Alemanha, este ano houve uma grande procura de franceses, canadianos e suíços. A presidente da AALO nota também um aumento de procura por parte dos escandinavos. No caso do 33 Hostel, os estrangeiros representam 90% dos clientes.
Outra mudança no mercado do alojamento local é que os clientes ficam menos tempo. “Temos um tipo de hóspede que opta por não ficar todo o período de férias no mesmo local porque preferem ficar só alguns dias na zona e percorrem várias regiões, ou todo o país”, refere.
COMÉRCIO TAMBÉM BENEFICIA
Não é só a hotelaria que beneficia do crescimento do turismo na região. O comércio e a restauração também sentem o impacto do crescimento das visitas.
Paulo Agostinho, presidente da ACCCRO, diz que o Oeste tem acompanhado o crescimento da indústria do turismo. “Não há dúvida que há mais turistas na região, quer portugueses quer estrangeiros, vêem-se na cidade e nas praias”, observa o dirigente e empresário.
Paulo Agostinho nota que as estratégias desenvolvidas nos últimos anos no concelho, “que passam pela promoção e pela organização de grandes eventos, como a Frutos e o Natal dos Sonhos, têm resultado”. Estes eventos não têm só um efeito imediato, realça Paulo Agostinho, põem as pessoas a falar das Caldas e dão-lhes motivos para regressarem.
Apesar de não ter dados concretos, Paulo Agostinho diz que os ganhos são palpáveis especialmente nos estabelecimentos de consumo imediato. “Temos certeza desse acréscimo”, sublinha.
Outro indicador de que o mercado tem melhorado é o investimento que tem sido feito nos sectores do comércio e da restauração no concelho. Paulo Agostinho refere que 13 empresas aderiram ao plano Comércio Investe promovido pela ACCCRO, no âmbito do Portugal 2020, com vista à renovação de espaços ou aquisição de competências.































