Foi assinado o contrato de concessão do espaço no Mosteiro de Alcobaça que se vai tornar num hotel de luxo. A cerimónia decorreu na antiga Biblioteca dos Monges, no passado dia 7.

O contrato, assinado entre a Direcção-Geral do Património Cultural e a Visabeira, grupo que irá construir e explorar a unidade hoteleira, prevê um investimento de 15 milhões de euros e o pagamento de uma renda anual de 5.000 euros, o equivalente a cerca de 415 euros por mês. As obras deverão arrancar em 2017, estando a abertura prevista para 2019.

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“Não vão ser demolidas paredes mestras”, garantiu o arquitecto responsável pelo projecto, Eduardo Souto Moura, acrescentando que “só mudámos seis portas”. A ideia é mesmo alterar “o menos possível”.
O hotel de luxo terá três pisos. No rés-do-chão haverá uma área de estar e lazer, restaurante, spa, piscina interior, cozinha e espaços de serviço, bem como uma área comercial. O primeiro piso vai albergar 37 quartos e uma sala multiusos e o segundo piso vai ter uma biblioteca e 44 quartos.
A entrada fár-se-á pela Rua Silvério Raposo, nas traseiras do mosteiro, que implicará a demolição de ruínas e edifícios em terrenos adjacentes, sendo alguns destes privados. A escadaria nas traseiras do mosteiro também deverá ser reduzida, para permitir a passagem de autocarros e prevê-se a construção de uma travessia por cima do rio Alcoa.
No interior as acessibilidades verticais e os espaços colectivos serão os principais trabalhos, bem como o aquecimento. Em termos de arrefecimento, as paredes do Mosteiro, com dois metros de espessura, são uma solução eficaz.
Souto Moura explicou que existem alguns problemas além das acessibilidades. O reduzido número de quartos e, no último piso, a “ligação de algumas águas e do cruzamento de telhados” são questões a resolver. “A biblioteca não tem livros, temos de os encontrar”, acrescentou o arquitecto. O hotel terá “pouca variedade de quartos, mas uma tipologia constante”. Serão dois tipos de quarto: as suítes e os quartos normais.
Esta é uma concessão a 50 anos e inclui a área do Claustro do Rachadouro e alas adjacentes entre o rio Alcoa e a Rua Silvério Raposo. É composta por uma igreja e respectiva sacristia, a antiga portaria, a ala sul – que foi integralmente restaurada e era usada quer pela paróquia quer como sala de exposições – e os claustros da hospedaria, da portaria, de D. Dinis, do Cardeal e do Rachadouro. No contrato é concessionado ainda um terreno que dará lugar a estacionamento.
A Visabeira foi o única concorrente – em concurso internacional – que conseguiu reunir os requisitos financeiros e técnicos do caderno de encargos. O contrato foi assinado por Paula Silva, da DGPC, e José Arimateia, da empresa Empreendimentos Montebelo S.A., que pertence ao Grupo Visabeira, no passado dia 7 de Junho na antiga Biblioteca dos Monges, perante cerca de 50 pessoas.
O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, disse que este acto justifica “enorme regojizo porque estamos a falar de uma grande aposta na recuperação de património histórico”.
O governante elogiou a  parceria entre públicos e privados, considerando-a “estratégica e modelar” e apelou a que mais projectos deste tipo surjam pelo país. Este modelo, disse, “aproxima as pessoas da História e leva-as a assimilar e a orgulharem-se da História”.
Paulo Inácio, presidente da Câmara de Alcobaça, afirmou que este acto era “uma mutação de paradigma que há muito se impunha fazer em Portugal”. Disse que esta é uma forma de “os monumentos estarem ao serviço das actuais e das novas gerações, como oportunidades de emprego, de criação de riqueza e em simultâneo proteger o património para gerações futuras”.
Referiu que a autarquia está empenhada “em resolver todas as questões urbanísticas na envolvente do hotel” e fez notar ainda que este será o hotel cinco estrelas mais próximo de Fátima.
Notando a existência de fundos para investir em Património da Humanidade, o edil defendeu que “o Jardim do Obelisco é uma prioridade”. A reabilitação deste jardim ganha especial importância numa altura em que se vai iniciar a construção do hotel e que a Câmara vai fazer o Parque Verde. “Seria praticamente um crime que o Jardim do Obelisco não fosse recuperado”, afirmou.
José Luís Nogueira, presidente da Visabeira Turismo, afirmou que este “é um momento marcante para a Visabeira”. Salientou outros exemplos do grupo na mesma área, como o Montebelo Vista Alegre Hotel, em Ílhavo, e disse que este é “um desafio e uma responsabilidade acrescida” porque se trata “de algo que vem das raízes da nacionalidade”.

Paula Silva (DGPC), Paulo Inácio (presidente da Câmara de Alcobaça), Luís Filipe Castro Mendes (ministro da Cultura), José Luiz Nogueira (presidente da Visabeira Turismo) e Eduardo Souto Moura (arquitecto responsável pelo projecto) na antiga biblioteca dos monges
Paula Silva (DGPC), Paulo Inácio (presidente da Câmara de Alcobaça), Luís Filipe Castro Mendes (ministro da Cultura), José Luiz Nogueira (presidente da Visabeira Turismo) e Eduardo Souto Moura (arquitecto responsável pelo projecto) na antiga biblioteca dos monges
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