O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, anunciou que a linha do Oeste será electrificada até 2020, mas só até às Caldas da Rainha e sem duplicação da via.
O troço a norte nem sequer tem data marcada. O investimento previsto é de 106,8 milhões de euros e contempla a instalações de sistemas de sinalização e telecomunicações bem como pontos de cruzamento para comboios (de mercadorias) com 750 metros.
Inserido num plano de investimentos ferroviários num valor total de 2,7 mil milhões de euros, o governo afectou 100 milhões de euros para modernizar metade da linha do Oeste.
O plano foi apresentado na passada sexta-feira, 12 de Fevereiro, na antiga sede da Estradas de Portugal, no Pragal, pelo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, que garantiu várias vezes que estas intenções são para cumprir nos prazos previstos.
E para o Oeste o que está indicado é que durante este ano decorra a fase de projecto e que em 2017 seja lançado o concurso público, devendo as obras iniciarem-se no último trimestre desse ano. Estas decorrerão durante dois anos e nove meses e estarão concluídas em meados de 2020. Palavra de ministro, que ao lado de António Ramalho, presidente da Infraestruturas de Portugal (empresa que resultou da absorção da Refer pela Estradas de Portugal), sublinhou o compromisso de respeitar esta calendarização.
E o que vai ser feito na linha do Oeste?
Entre Meleças (Sintra) e Caldas da Rainha são 84 quilómetros que vão ser electrificados e dotados de modernos sistemas de sinalização e telecomunicações que vão permitir que o trânsito ferroviário seja gerido à distância sem necessidade de haver pessoal nas estações.
A modernização inclui ainda a criação de desvios activos para comboios de 750 metros. Tratam-se de locais onde as composições se podem cruzar e que permitirão maior fluidez na exploração ferroviária dado que aquilo que seria o ideal – a duplicação da linha – não será concretizado.
A razão destes pontos de cruzamento albergarem comboios com 750 metros é resultado de uma opção política do governo em vocacionar a ferrovia portuguesa essencialmente para o transporte de mercadorias. A ferrovia de passageiros, com tudo o que implica em termos de mobilidade das pessoas e de coesão social, ficou preterida.
Actualmente os comboios de mercadorias estão limitados a 500 metros, mas no caso do Oeste esta oferta ficará subaproveitada porque, simplesmente, não há praticamente composições de mercadorias das Caldas para Lisboa.
POUCA UTILIDADE SEM SEGUNDA FASE
Este investimento até às Caldas da Rainha de pouco ou nada serve se não tiver continuidade até Louriçal por forma a que todo a linha do Oeste fique electrificada. É uma situação idêntica à das dragagens da lagoa de Óbidos, se a segunda fase não se realizar já a seguir à primeira fase, de pouco terá valido esta.
No caso da ferrovia, o investimento agora previsto só será realmente rentabilizado (financeira e socialmente) se os trabalhos prosseguirem até ao Louriçal e Alfarelos por forma a integrar a linha do Oeste na rede ferroviária nacional.
O que está previsto é que esta linha fique como uma “ilha” na geografia ferroviária portuguesa com um pequeno troço de 87 quilómetros (Caldas – Louriçal) por electrificar.
Do ponto de vista dos passageiros, esta situação impede que a CP tire o máximo partido desta infraestrutura pois o mais certo é passar a haver duas “meias linhas” do Oeste de costas voltadas, com uma ruptura de carga nas Caldas.
E tal como se apresenta o projecto – que carece de maior detalhe – não é líquido que o caminho-de-ferro ganhe competitividade das Caldas para Lisboa face à A8. Os tempos de percurso não irão diminuir e o comboio, apesar de eléctrico, continuará a ser mais lento que o autocarro. O único trunfo da CP poderia ser a utilização de comboios mais modernos e mais atractivos para os passageiros. Mas a CP não os tem.
Segundo o plano apresentado pelo governo, os 106,8 milhões de euros investidos na linha do Oeste vão proporcionar um aumento dos custos de exploração para a Infraestruturas de Portugal (ex Refer) de 620 mil euros, a par de um aumento das receitas de exploração de 440 mil euros. Já para a CP, a redução dos custos de exploração na linha do Oeste devido à electrificação estima-se em 2,64 milhões de euros por ano.
As respostas
do governo
GAZETA DAS CALDAS – A anunciada modernização da Linha do Oeste é realmente de Meleças às Caldas da Rainha, ou de Meleças a Torres Vedras?
RESPOSTA – A modernização programada abrange toda a extensão entre Meleças e Caldas da Rainha.
GC – Haverá uma sub-fase em que o projecto se execute até Torres Vedras e depois até às Caldas?
R – Está actualmente a ser desenvolvido o projecto, no âmbito do qual é definido o processo construtivo. Como é habitual em obras desta natureza, os objectivos do processo construtivo passam por optimizar os meios, minimizar as perturbações na exploração e, se possível, antecipar benefícios do investimento.
GC – Para quando está prevista a segunda fase da modernização entre Caldas da Rainha e Louriçal?
R – A modernização entre Caldas da Rainha e Louriçal não está programada, sendo que o seu desenvolvimento futuro depende da disponibilidade de financiamento.
NR – Perguntas respondidas por escrito pelo gabinete do ministro do Planeamento e das Infraestruturas































