Governo acaba com serviço de passageiros na Linha do Oeste entre Caldas da Rainha e Figueira da Foz 124 anos depois da sua inauguração

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notícias das Caldas“Desactivação, até ao final de 2011, do serviço de transporte de passageiros na Linha do Oeste, entre Caldas da Rainha e Figueira da Foz (mantendo a linha activa para o transporte de mercadorias), sendo assegurada a mobilidade das populações através de concessões rodoviárias”. É nestes termos que o PET (Plano Estratégico de Transportes) apresentado pela governo no passado dia 13 de Outubro, confirma o cenário de encerramento parcial da linha que serve a região litoral centro.
No mesmo documento prevê-se também o fim da linha do Leste para serviço de passageiros entre Abrantes e Elvas, bem como o fecho total (para passageiros e mercadorias) de 224 quilómetros de vias férreas (linha do Vouga e troços Torre das Vargens-Marvão e Beja-Funcheira).
O PET determina ainda a morte mais 144 quilómetros de linhas que tinham sido encerradas “provisoriamente” pelo governo anterior para serem reabilitadas, mas que agora já não reabrirão. Trata-se da linha Figueira da Foz – Pampilhosa e das vias nordestinas do Tua, Corgo e Tâmega.

Estas medidas, apresentadas no mesmo dia em que os portugueses ficaram a saber um conjunto de pesadas medidas de austeridade, são justificadas pela necessidade de “racionalização da rede ferroviária nacional” por forma a “aumentar a sustentabilidade financeira do sector”, tal como estava previsto no memorando de entendimento com a troika negociado no governo de Sócrates.
O governo não define quem irá concessionar o serviço rodoviário em substituição do ferroviário que actualmente ainda é feito nos 105 quilómetros que separam Caldas da Rainha da Figueira da Foz, sendo certo que a CP não está interessada em fazê-lo.
Com esta medida S. Martinho do Porto, cuja estação dista 100 metros da praia, ficará sem comboios de passageiros. O mesmo acontecerá com Valado dos Frades (que está em vias de perder também a estação dos CTT), e com Marinha Grande e Leiria.
A capital de distrito (que tem no seu seio o maior defensor daquela cidade, o secretário de Estado Barreiras Duarte) é a maior perdedora da política de transportes deste governo. Agora nem TGV nem linha convencional pois a linha alta velocidade Lisboa-Porto (que tinha prevista uma estação em Leiria articulada com a linha do Oeste) também foi suspensa.
O PET diz que “o modo ferroviário é muito pouco eficiente nos eixos de baixa procura e que é possível assegurar uma adequada satisfação das necessidades de mobilidade das populações, com custos substancialmente mais baixos para a sociedade, através de modos de transporte público muito mais vocacionados para estas situações”.
O documento mostra ainda um gráfico com os custos por passageiro vezes quilómetros percorridos nos vários serviços da CP, onde se nota que o serviço regional da linha do Oeste é um dos mais caros de toda a rede ferroviária. Cada passageiro transportado custa 54 cêntimos.
Mas omite que isto é o resultado de uma política de emagrecimento do serviço, seguida por sucessivos conselhos de administração da CP, que transformaram o comboio no Oeste num meio de transporte quase residual.
Uma das maiores “machadadas” na linha foi dado durante a administração de Crisóstomo Teixeira, que dividiu a linha ao meio (a sul e a norte das Caldas da Rainha) retirando-lhe o potencial que tinha de ligar todo o litoral Oeste a Lisboa e à linha do Norte através de Coimbra.
Ao mesmo tempo acabaram nessa altura as ligações directas a Lisboa, sendo os passageiros obrigados a mudar de comboio em Cacém ou Meleças.
Com o pretexto de que a A8 era imbatível, a CP foi diminuindo cada vez mais a oferta na linha do Oeste. No troço que agora vai fechar só circulam por dia cinco comboios em cada sentido (quatro para a Figueira da Foz e um para Coimbra).
Paradoxalmente, é no eixo a norte das Caldas que a linha do Oeste tem mais competitividade em relação à rodoviária. Um bilhete para Coimbra custa 11 euros e a viagem demora 1h58. Na Rede de Expressos custa 13 euros e o autocarro demora entre 2h20 a 2h30.
O problema é que a CP só assegura um comboio por dia do Oeste para Coimbra, ignorando este mercado, bem como o potencial daquela estação enquanto rótula do sistema ferroviário com ligações a Aveiro, Porto e Beira Alta.
Depois de tanta gestão de vistas curtas era impossível que a linha do Oeste tivesse conseguido sobreviver. Era mesmo um milagre. Afinal foram estes responsáveis que lhe ditaram a sorte…

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Ausência de visão estratégica

Nos cinco comboios diários (quatro para a Figueira da Foz e um para Coimbra) que circulam em cada sentido no troço que vai encerrar,  viajaram no ano passado, 186.580 passageiros, o que perfaz uma média de 53 pessoas por composição.
A informação é da CP que apresenta ainda os prejuízos estimados para este troço em 2011 que foram 1,8 milhões de euros. Ou seja, menos de 1% do prejuízo que a CP registou no ano passado e que foi de 195 milhões de euros.
Prejuízos que resultam da ausência de uma gestão estratégica com o objectivo de servir as necessidades das populações e captar novos clientes. Unidades de negócios voltadas de costas umas para as outras, com horários desarticulados e sem aproveitar o efeito de rede do caminho-de-ferro, só podem criar resultados destes, que depois justificarão futuros encerramentos.
Gazeta das Caldas perguntou ao Ministério da Economia como se vai processar a concessão do serviço rodoviário, mas fonte oficial respondeu que “esta e outras questões terão resposta mais detalhada na altura própria”.
Também à Refer Gazeta das Caldas perguntou como iria ser gerido o património desafectado, tendo em conta que as estações que ainda estavam abertas irão encerrar, mas a empresa respondeu que “na actual fase dos trabalhos ainda não é possível divulgar informação sobre este tipo de matérias”.

DEGRADAÇÃO À VISTA

O nosso jornal apurou que pelo menos a estação de S. Martinho do Porto irá encerrar. Martingança, Pataias, Leiria e Louriçal poderão vir a ter, algumas horas por dia, um ou dois funcionários da Refer para assegurar as manobras dos comboios de mercadorias. Mas as outras estações e apeadeiros assistirão a um processo acelerado de vandalização e degradação por ficarem abruptamente sem uso.
Se as intenções de fecho se confirmarem, só circularão na linha do Oeste, a norte das Caldas, quatro comboios por dias de mercadorias, dois da CP Carga e dois da empresa privada Takargo.
Com a linha afecta apenas aos comboios de mercadorias, a Refer vai diminuir as intervenções de conservação e manutenção pois o nível de exigência da infra-estrutura será outro. O resultado será a sua degradação progressiva, a tal ponto que, se algum dia se decidir reabrir a linha, terá de ser feito investimento.

As promessas de Ana Paula Vitorino

Estava o governo de Sócrates em plena pujança e Mário Lino negociava as compensações da perda do aeroporto da Ota com os autarcas do Oeste, quando a então secretária de Estado do Transportes, Ana Paula Vitorino, anunciava, com o aplauso geral, o admirável mundo novo da ferrovia oestina:
– uma linha de alta velocidade que teria uma paragem perto de Rio Maior e outra em Leiria, cuja estação seria comum à da linha do Oeste para potenciar o tráfego de ambas
– modernização da linha do Oeste desde Meleças à Figueira da Foz com electrificação do seu percurso e instalação de modernos sistemas de comunicação e de sinalização
– uma linha férrea transversal a construir entre Santarém, Rio Maior e Caldas da Rainha, que permitiria ligar a linha do Norte ao Oeste, podendo mesmo ser utilizada para, via linha de Vendas Novas, se chegar ao aeroporto de Alcochete
Sobre os financiamentos pouco ou nada se adiantou. Pressupunha-se que o modelo seria o recurso ao endividamento e aos fundos comunitários.
Poucos anos depois constata-se que não só nada disto avançou como, ainda por cima, se amputa metade da linha do Oeste.

Autarcas e comissão de defesa não aceitam medida

Alcobaça, Nazaré, Marinha Grande e Leiria são os concelhos que a partir do início de 2012 deixarão de contar com o serviço de passageiros na Linha do Oeste. Uma notícia que os autarcas, contactados pela Gazeta das Caldas, não recebem com agrado e contra a qual prometem lutar, acreditando que terão do seu lado todos os deputados eleitos à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Leiria, alguns dos quais com cargos no Governo.
É que muitos dos deputados subscreveram, em Janeiro de 2010, a petição onde se reclamava a necessidade de modernizar a Linha do Oeste. Uma reivindicação que os autarcas esperam que não esteja esquecida.
Quem também já manifestou o seu desacordo contra esta medida foi a Comissão para a Defesa da Linha do Oeste, que apela à união de forças políticas e populares para que se trave, enquanto é tempo, uma medida que abre caminho ao encerramento total desta ferrovia.

Alcobaça promete união na luta contra decisão do governo

“Inaceitável!”. É assim que o presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, Paulo Inácio, reage à notícia do encerramento do transporte de passageiros na Linha do Oeste entre Caldas da Rainha e Figueira da Foz.
“Empenhámo-nos sempre no melhoramento e na modernização da Linha do Oeste, nunca se pôs esta hipótese”, diz Paulo Inácio, considerando que qualquer melhoria na Linha do Oeste “é investimento e não despesa”.
No concelho de Alcobaça é em São Martinho, com a estação a uma centena de metros da praia, que mais se deverá sentir o impacto desta medida. Um impacto que a autarquia considera ainda pior tendo em conta a “grande aposta no turismo” que está a fazer e a necessidade de manter boas acessibilidades, sobretudo em relação a Lisboa.
Considerando tratar-se de “uma notícia horrível para o Oeste”, Paulo Inácio diz que “era muito bom que esta não se confirmasse”. E acredita que os deputados eleitos pelo distrito vão fazer pressão para que não se perca um serviço que diz ser fundamental.
José Acácio Barbosa, um dos vereadores do PS que compõem o executivo camarário de Alcobaça, acredita na união de todos os alcobacenses contra esta medida, cujas notícias recebe “com estupefacção”, sobretudo tendo em conta todas as promessas que foram feitas ao longo dos últimos anos.
“É muito importante o desenvolvimento da Linha do Oeste”, defende o socialista, dizendo que isto mesmo deve ser defendido numa luta “com todo o executivo e com a população unidos”. Uma posição que espera ver tomada também pelos deputados eleitos pelo círculo de Leiria à Assembleia da República. “A linha do Oeste é muito importante para a região e mais importante será se fosse desenvolvida”, aponta.
Uma opinião partilhada também pelo vereador eleito pela CDU, Rogério Raimundo, para quem “a questão ferroviária deve ser estratégica”. Para o vereador, “a Linha do Oeste tem que ser electrificada, corrigida, melhorada, de modo a ser alternativa de transporte, até da Linha do Norte, em caso de acidente”.
Rogério Raimundo espera “que os eleitos do PSD não façam desta vez o que têm feito noutras, que é esquecer depois de eleitos as promessas que fizeram em campanha”. E se “noutras matérias Passos Coelho prometeu e não cumpriu, vamos ver como é com a Linha do Oeste”.
O vereador comunista salienta ainda a união de todas as forças locais na luta contra esta medida. “É um aspecto muito positivo a nível local”, refere.

Nazaré aprova moção contra a medida

É com “apreensão e discordância” que a Câmara da Nazaré reage ao anunciado encerramento do transporte de passageiros. Numa moção aprovada por unanimidade na reunião do executivo camarário da passada segunda-feira, dia 17 de Outubro, os autarcas nazarenos dizem que “não se percebe que esta Linha do Oeste venha a ser desactivada, tanto mais que sempre foi reivindicada a sua modernização por todos os actores sociais e económicos”.
A missiva defende ainda que a redução dos serviços ao transporte de mercadorias é “manifestamente insuficiente” e que vem “contradizer a estratégia de mobilidade territorial e do distrito”. Por isso, o executivo continua a defender que “esta linha a norte das Caldas é viável, desde que feito investimento de modernização, acompanhado de novos horários compatíveis com as necessidades das populações e das empresas de hoje”.
É a uma só voz que os eleitos pelas gentes da Nazaré vêm reivindicar “mais uma vez a modernização das carruagens e da Linha do Oeste e a criação de condições apelativas à utilização deste sistema pelas populações”. E apontam a necessidade de “reactivar a estação de Valado dos Frades, até tendo em conta a localização de uma Área Empresarial que reforçará, certamente, a necessidade deste transporte de mercadorias e passageiros, em condições mais económicas e ambientalmente sustentáveis, que este sistema de transporte permite, face aos demais”.
O presidente da autarquia nazarena, Jorge Barroso, remete a sua reacção para o documento de que será dado do conhecimento ao Ministério da Economia e do Emprego, aos diversos grupos parlamentares, à Comunidade Intermunicipal do Oeste e à Assembleia Municipal da Nazaré.
Já o vereador do PS, Vítor Esgaio, refere que “o desinvestimento na Linha do Oeste tem prejudicado muito todos os concelhos” da região, fazendo com que esta “estivesse ao abandono”. Acreditando que esta foi uma medida que tem vindo a ser tomada aos poucos, o socialista acusa os governos recentes de terem “criado condições para que agora as estatísticas justifiquem esta medida”.
“Com os aumentos do petróleo, uma Linha do Oeste devidamente electrificada podia ser uma alternativa de transporte muito mais viável e económica”, salienta Vítor Esgaio, acrescentando que “se tivesse havido investimento, a linha seria uma grande mais-valia e traria muito mais gente” à região e ao seu concelho.

Autarca da Marinha Grande lembra serviço público prestado pela linha

É também com “desagrado” que o presidente da Marinha Grande vê o fim do transporte de passageiros da Linha do Oeste entre Caldas da Rainha e Figueira da Foz.
“Esta linha era um valor acrescentado à economia local e regional, nomeadamente às empresas”, defende Álvaro Manuel Marques Pereira. Admitindo que o tráfego que se verifica nos dias que correm é inferior ao de outros tempos, o autarca salienta que “a Linha do Oeste serve localidades de grande massa populacional e de grande actividade industrial e agrícola”. E referindo que a esta ferrovia “foi sempre uma acessibilidade de grande potencial”, lamenta que esta não tenha sido devidamente explorada “pela falta de investimento na sua modernização e interligação com outras vias ferroviárias e pela inexistência de horários efectivamente adequados às reais necessidades das pessoas”.
Álvaro Pereira reconhece a necessidade de ter em conta a rentabilidade económica, “ainda mais no actual cenário de severa austeridade para todos”. Mas põe a tónica no “serviço público” prestado por esta ferrovia.
“Entendo que as medidas de restrição orçamental não podem ser cegas e a gestão rigorosa e equilibrada das finanças públicas, quer seja da Administração Central, Local ou das empresas públicas, tem de acautelar a continuidade de serviços essenciais às populações o que, neste caso, não aconteceu”, defende.

Medida vai ter “impacto social”, alerta Raul Castro

Raul Castro, presidente Câmara Municipal de Leiria, lamenta uma decisão do governo “que vem penalizar não só a região como o concelho de Leiria”. E diz que esta não pode ser encarada “meramente numa óptica economicista, apesar de os custos serem mais elevados do que as receitas”, pois esta medida terá um significativo impacto a nível social, prejudicando as populações “que já vão ser penalizadas por outro tipo de aumentos, nomeadamente o previsível agravamento do preço dos combustíveis”.
Entendendo que a Linha do Oeste “podia ser um bom meio para transportar pessoas”, o autarca vê-se ainda a braços com a suspensão do projecto do TGV, considerado uma mais-valia para o seu concelho. Por isso, diz que “a partir do momento em que o processo de criação da linha de alta velocidade foi posto em causa, o eixo ferroviário do litoral entre Lisboa e Figueira da Foz devia ter sido repensado”, e que se deveria aprofundar o estudo das potencialidades desta linha.
“Temo que esta supressão possa conduzir ao fim da Linha do Oeste”, diz Raul Castro. “Duvido que tenha sido devidamente ponderado que a utilização da rodovia, como meio de transporte alternativo, irá incentivar não só a utilização do automóvel como aumentar o número de acidentes de viação, o que é de lamentar”, acrescenta ainda.
O autarca leiriense afirma que este é um assunto que vai ser analisado na Comunidade Intermunicipal do pinhal Litoral, na qual o concelho de Leiria se insere, “para que possa ser tomada uma posição conjunta”.

Comissão para a Defesa da Linha do Oeste diz que medida condena ao encerramento

Para a Comissão para a Defesa da Linha do Oeste, o fim do serviço de passageiros no troço norte da linha ferroviária “representa um duríssimo revés no processo de requalificação deste eixo ferroviário, põe em causa o desenvolvimento económico e social da região e é a porta aberta para um futuro abandono da mesma, em toda a sua extensão”.
Em comunicado, a comissão diz que esta medida contribuiu “para uma ainda maior retracção económica” da região e que vai agravar o isolamento das populações, ao mesmo tempo que fomenta o tráfego rodoviário, o que se traduz em impactos negativos quer ao nível da economia, quer do ambiente. E acusa o governo de “subvalorizar a obrigação de serviço público que tem de cumprir” e de não ter em conta as potencialidades deste eixo ferroviário.
Apelando a autarcas e população para que lutem contra esta decisão inscrita no Plano Estratégico dos Transportes, a comissão promete também não baixar os braços e encetar algumas iniciativas de contestação, ainda por definir. Para já defende que “o processo de encerramento deste eixo ferroviário, agora só levado a cabo pela metade, só será travado com a sua requalificação”. Nesse sentido, “é preciso exigir do governo uma política diferente para o transporte ferroviário, passando este a ser considerado como um meio de transporte estratégico no nosso país”.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Em tão pouco tempo seria dificil dstruirem mais. Destruiram a esperança dos novos, dos de meia idade e dos velhos. Destruiram as suas próprias promessas e agora vão continuar o trabalho cavaquista a destuir o caminho de ferro para dar força aos transportes rodoviários ao contrário do que se faz em qualquer país que queira ser competitivo. E este caso da Linha do Oeste que deveria estar sempre preparada, como antigamente para servir de alternativa à linha do norte, para não deixar cortado o trafego Lisboa/Porto quando as barreiras de Santarém cairem, ou quando vier uma cheia maior ao Tejo, e isso é só uma questão de tempo, mas também deveria ser competitiva com uma renovação que não se faz há mais de 40 anos, de modo a que a ligação Lisboa Figueira fosse apetecivel e funcional.
    Mas estes senhores entraram porque prometeram tudo e mais alguma coisa, só para destruirem e entregarem isto de mão beijada, de borla e com juros ainda por cima, aos senhores do grande capital que nem impostos pagam.
    Só espero que desta vez, tanto no Oeste como no Leste, e também nas outras linhas que querem enecerrar, as populações e as autarquias se saibam unir e defender o que deve estar ao serviço de todos. Pode ser que seja este o primeiro NÃO a sério que estes senhores precisam de ouvir, mas ouvir bem alto para perceberem que não podem fazer tudo o que lhes apetece.

  2. Estão fazendo a mesma insanidade que aconteceu no Brasil. Foram atrás de uma história de estado mínimo, desativaram as linhas para passageiros, deixaram nas mãos de concessionárias para o transporte de cargas, e atualmente, dos 28.000 km concessionados, somente cerca de 10.000 km estão em funcionamento, e assim mesmo precariamente. O nível de acidentes aumento, a malha está sucateada e o povo ficou a pé e na saudade.

  3. Nas circunstâncias actuais, pode ser muito politicamente correcto e simbolicamente gratificante defender a Linha do Oeste e o transporte ferroviário – como, em certa medida, fez a “Gazeta das Caldas” num “dossier” bem feito – mas conviria que se percebesse que dificilmente o Governo e essas estruturas dirigidas por gestores milionários perdulários vão salvar o transporte ferroviário onde ele já passou a cadáver.
    É mais proveitoso e mais vantajoso defender outras coisas – a limpeza público do concelho, na cidade e no interior, o bom funcionamento dos serviços públicos ou o investimento racional no que pode desenvolver turisticamente a região – do que perder tempo com quimeras. E, já agora, defender a responsabilização dos gestores que deitaram tudo a perder e que andaram estes anos todos a esbanjar o dinheiro que não era deles e que agora temos de pagar. E com juros.